Diário Da Juventude

Thamara

Sexta feira, 09/06/2017, 23h00min horas.

Na noite da festa, depois que me afastei com o Peter das meninas, ele me puxou para um canto mais "vazio", e resolveu me sondar.

- Eu não havia percebido que você tinha emagrecido. – disse ele, como quem não quer nada.

- Foi só um pouquinho amor. Nem deu muita diferença. – disse.

- Mas a Lívia percebeu.

- Ela é boa para essas coisas, é só isso.

- Thamara.

- Sim?

- Me conta a verdade, não minta pra mim.

- Eu não sei do que você está falando. – menti. Eu sabia sim, eu só não queria que ele soubesse.

Eu odeio ter que mentir para o Peter, ele me ama e eu o amo, mas eu sabia que se ele soubesse que eu continuo provocando meus vômitos de propósito, ele se magoaria e iríamos acabar brigando.

Eu também não gosto nada do que faço, mas eu não consigo parar, quando paro, sinto que engordei e uma culpa enorme toma conta de mim e para que eu não acabe me tornando uma orca, apelo para os vômitos forçados por mim, sei que é errado, mas isso é mais forte do que eu.

- Você continua provocando vômitos? – ele insistiu. Não iria parar até que eu resolvesse abrir tudo o que estava acontecendo de uma vez.

Eu podia ter mentido novamente, como sempre faço quando é esse o assunto. Mas não foi o que eu fiz, eu só estava farta de ter que esconder isso dele.

- Sim. Eu continuo com isso. Desculpa. – disse, sentindo seus olhos azuis me penetrarem até a alma, refletindo a enorme decepção por mim naquele momento. Ele deveria estar pensando que tinha uma namorada fraca, e acho que isso não deixa de ser mentira.

- Por quê?

- É mais forte do que eu. Não consigo parar. Eu não quero ficar gorda de mais.

- Thamara, você não é gorda, e engordar alguns quilinhos não vai te fazer virar uma baleia, se é disso que tem tanto medo. E ser gorda não é feio meu amor, desde que você se ame, o corpo perfeito não existe e nem deve existir. Imagina o quanto seria chato se todas as garotas do mundo fossem magras, feito uma super modelo... O interessante é conhecer pessoas diferentes e não todas iguais. – ele disse, passando sua mão direita em meu rosto, em uma espécie de "carinho".

- Mas eu não me amo, eu acho que não. – disse, sentindo meus olhos se inundarem de lágrimas, que a qualquer instante poderiam cair.

- Você não tem confiança em si mesma, não acredita no seu potencial e na sua beleza. Ainda tem raiva por ter a sua cicatriz?

- Eu só queria ser normal.

- Ninguém é normal, mesmo que não pareça, todos nós somos diferentes em algum aspecto. Olha, você é linda por dentro e por fora, e não importa se um dia você chegar a ser gorda, eu vou continuar te amando, eu amo quem você é, e não vai ser um corpo que vai mudar o que eu sinto por você. Entende?

- Mas ainda assim, mesmo que você me ame, eu não consigo ter a mesma confiança em mim, eu não consigo enxergar em mim, o que você enxerga. Mas eu quero a sua ajuda, eu preciso e quero parar com isso, eu não quero desenvolver uma bulimia forte, não como a Emma desenvolveu no passado, me ajuda Peter, por favor, me ajuda. – eu pedi, enquanto o agarrava contra meu corpo, o abraçando forte.