. 13 . Allyson

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Ally sem maquiagem continua tão linda.

*    *    *    *

— Hey! — (S/N) grita esperando que a garota ouça.

A garota não se vira, é como se ela estivesse paralisada. E o carro está cada vez mais perto.

Por que ela não se mexe?

A adrenalina voltou a correr pelas veias de (S/N), fazendo ela se mover tão rápido, na direção da garota, que em sua cabeça tudo parecia estar lento.

(S/N) chegou por trás da garota, abraçando sua cintura, e a puxando de encontro ao seu corpo.

E no momento seguinte, o carro passa, em alta velocidade, exatamente onde a garota estava alguns segundos atrás.

As duas caem na grama, a garota por cima de (S/N) que amorteceu a queda dela.

(S/N) tira a garota de cima de si e à coloca do seu lado.

(S/N) senta e à olha.

— Oi — sorri suavemente —, você está bem? — a garota olha para (S/N) e desmaia.

Algumas pessoas se juntam ao redor delas.

— Eu já chamei uma ambulância, querida — uma senhora, de cabelos grisalhos, diz para (S/N).

— Obrigada — (S/N) agradece, dando um sorriso sincero e terno.

(S/N) levanta de sua posição sentada ao lado da garota. Sente um leve desconforto nas costelas do lado esquerdo, mas não dá muita importância para isso – afinal, não era ela que quase foi atropelada e agora estava inconsciente.

A cabeça e o coração dela, estão à mil.

O que acabou de fazer foi loucura, mas não deixaria alguém ser atropelado se poderia impedir que acontecesse.

(S/N) olha para a garota deitada na grama, seu cabelo loiro esparramado em torno de sua cabeça, lembra (S/N) de um halo – aquelas auréolas de luz em pinturas de santos ou anjos.

A bolsa da garota caiu não muito longe. (S/N) pega a bolsa e vê um script caido ao lado. Coloca os papeis dentro da bolsa, sem mexer em nada – não invadiria a privacidade dela, talvez só quando fosse necessário.

Volta para o lado da garota e se ajoelha perto de sua cabeça, tomando cuidado com os fios loiros.

Coloca dois dedos no pescoço da garota, em seu ponto de pulso, e conta mentalmente. A pulsação não está alterada.

(S/N) sente alguém cutucar seu ombro. Se vira e encontra uma menina à olhando. Os olhos da criança cheios de um brilho desconhecido para (S/N). A criança aparenta ter uns 6 ou 7 anos de idade.

— Como você fez isso? — a criança pergunta baixo olhando para as costas de (S/N).

— Fiz o quê? — (S/N) falou confusa.

— Você estava lá — apontou para onde (S/N) estava sentada antes disso acontecer —, e depois você estava aqui.

— Eu não sei do que você está falando, pequena.

— Eu vejo as suas asas — sussurrou.

— O quê?

Nesse momento a ambulância chega e a menina sai correndo.

— O que aconteceu com ela? Sofreu algum acidente? — perguntou um dos paramédicos, o homem.

— Não — diz outra senhora. — Aquela moça ali salvou ela — aponta para (S/N).

Os paramédicos começam a colocar a garota em uma maca.

— Qual é o nome dela? — pergunta, agora, a paramédica.

(S/N) – vendo que esse é o momento onde precisaria invadir a privacidade da garota – abre a bolsa, que segura firme nas mãos, e encontra uma carteira de motorista onde vê um nome – fez isso tão discretamente, que ninguém percebeu.

— O nome dela é Ally — disse com total confiança, para mostrar talvez alguma intimidade com a garota, com Allyson.

Nome bonito, que combina com ela, pensou (S/N).

— Tudo bem — prossegue a paramédica. — Vamos levá-la para o hospital mais próximo — (S/N) concorda com isso, porque ninguém desmaia assim do nada. — Alguém aqui é parente ou amigo?

Todos ali negaram, menos (S/N).

(S/N) não queria deixar Ally sozinha, mas também não queria mentir – porém só seria omitir, não é?

— Eu conheço ela — uma meia mentira não mata ninguém.

(S/N) sabe que encarar Ally não é como conhecê-la de verdade, mas por uma boa causa vale tudo.

— Pode vir conosco então.

Os paramédicos colocam Ally na ambulância.

(S/N) senta ao lado da paramédica – segurando a bolsa de Ally com toda a força contra seu peito –, que à olha de um jeito estranho, só para variar.

— Vamos para o Hospital Geral de Toronto — avisa a paramédica para o motorista, que é o outro paramédico.

— Poderia ser para o Sillas Hospital? — (S/N) fala nervosa. — Fica bem mais perto.

O Sillas Hospital é um dos inúmeros hospitais que pertencem à família de (S/N), e é o hospital que realmente fica mais perto.

— É um hospital particular — fala a paramédica checando a pressão de Ally, enquanto isso a ambulância "costura" entre o trânsito. — Não podemos levar ela pra lá.

(S/N) respira fundo.

Essa coisa do hospital ser somente particular, não agrada muito ela. Hospitais deveriam ser de graça e para todos.

— Eu sei, mas eles vão aceitá-la, acredite.

— Por que você disse isso? — a paramédica pergunta com curiosidade na voz, mas sem tirar a atenção de Ally. — Apesar de eu saber o por quê — falou mais para baixo, talvez para que (S/N) não ouvisse, mas ela ouviu.

É, você vai ter que se identificar (S/N), pelo bem da Ally. (S/N) pensa e olha para Ally que mexe, bem pouco, as pálpebras.

— Porque eu sou... — respira fundo novamente. Odeia essa parte de se identificar. — (S/N) Cotella Sillas Kassttro.

A paramédica olha espantada para (S/N). Sem dúvida ela conhece esse nome.

Tem vezes que (S/N) acha ótimo ser quem é, por exemplo agora seu nome ajudou e muito.

A paramédica se vira para o motorista, o outro paramédico, e diz:

— Vamos para o Sillas Hospital.

(S/N) sorri internamente. Neste exato momento está amando ser uma Sillas.

Trilhos de Aço: Entre a Luz e as SombrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora