Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo. Minho gritava alguma coisa comigo, mas eu não conseguia prestar atenção, só olhava para as paredes ao meu redor e as portas do muro fechadas. Não dava para escalar, as paredes tinham uma espécie de musgo por cima delas e eu só conseguia ouvir meu coração batendo forte.
Acordei do meu transe quando senti Thomas me balançando. Seu rosto desesperado me encarava confuso.
-Você não devia ter entrado – ele falava para mim. Ele estava mais preocupado comigo do que com ele mesmo. Mais um ponto que prova que devíamos ser irmãos.
Ignorei o que ele disse e fui logo para Alby. Ele estava desmaiado e suando muito.
-Ele foi picado – Minho disse desesperado.
Observei a picada. Não era profunda e devia ter sido recente. Ele poderia passar pela transformação, mas ali dentro não tinha nada o que eu podia fazer.-Precisamos levar ele para dentro da clareira – eu disse, mas logo fui seguida de uma risada de Minho.
-Nós vamos morrer – ele disse e se levantou.
-Precisamos sobreviver a essa noite – Thomas disse se levantando e olhando para cada um de nós. Seu espirito de liderança me enchia de orgulho e confiança.
-Precisamos esconde-lo. – Minho disse por fim – Rápido.
Nos juntamos e tentamos levantar Alby. Olhava para todos os lados na esperança de achar algum lugar onde poderíamos esconde-lo, mas era mais difícil do que eu imaginava.
-Podemos pendura-lo lá em cima com essas plantas - Minho disse já pegando varias delas e testando.
Demorou um pouco para conseguirmos, mas um tempo depois ele ja estava bem enrolado nas planas, só faltava puxa-lo para cima. Mas antes que de começar, ouvi um barulho metálico se aproximando, me arrepiando inteira.
-O que foi isso? - Thomas perguntou e eu temi pela resposta.
-Verdugo - Minho disse com seus olhos assustados. Começamos a acelerar o processo, mas não estava adiantando muito. - Não podemos ficar aqui!
Senti meu coração bater muito rápido e minhas mãos começarem a tremer. Não ouvi direito o que os meninos falavam, só conseguia ouvir o barulho do bicho que estava muito próximo.
-Me desculpa - Minho disse soltando a planta e correndo da direção oposta. Com isso, eu e Thomas precisamos fazer mais força para manter Alby onde ele estava. Faltava só mais um pouco, porém o barulho estava muito próximo.
-Ali em baixo - Thomas gritou e se aproximou de um vão que tinha em baixo da parede do labirinto, como se fosse um esconderijo.
Com muita dificuldade e ainda segurando as plantas, nós dois nos escondemos debaixo desse vão. Thomas fez um sinal para ficarmos em silencio e, quando percebi, o bicho já estava na nossa frente, mas sem perceber que estávamos ali. Prendi a respiração e rezei para o bicho não ouvir meu coração bater daquele jeito.
Até que ele passou direto por nós. Soltei a respiração e comecei a amarrar a planta em uma coluna que tinha ao meu lado. Thomas fez o mesmo e juntos saímos daquele vão.
Ainda em silencio andamos devagar para a direção que Minho tinha corrido. Não sabia o que fazer, apenas seguia Thomas e sua intuição. Porém, assim que viramos mais uma esquina daquele labirinto, ouvimos mais uma vez aquele som metálico assustador. Thomas me olhava pedindo por silencio. Praticamente virei uma estatua. Até que um Verdugo pulou na nossa frente, vindo de cima, não me pergunte como.
-CORRE! - Thomas gritou correndo na direção contraria.
Senti a adrenalina e o medo me consumirem e fui em sua direção, correndo junto. Viramos varias esquinas e parecia que não adiantava em nada. Vi Thomas, na minha frente, olhar para trás e olhar assustado.
Ferrou.
-Não olha para trás - ele gritou e, se não fosse por aquele momento assustador, eu teria rido. Não se deve falar isso para alguém, já que um segundo depois eu olhei para trás e vi que dois verdugos nos perseguiam, bem perto.
Viramos mais uma esquina e nos deparamos com mais um verdugo.
Um é melhor que dois.
Com isso corremos em direção a esse verdugo.
-Deixa ele passar no meio! - Thomas gritou e então eu percebi seu plano. Corremos cada vez mais e, quando estávamos bem próximos do verdugo, cada um foi para um lado, fazendo ele passar direito por nós e bater com o outro verdugo que nos perseguia.
Parei para olhar o estrago, mas um deles ainda nos perseguia. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, trombei com algo, o que me fez gritar com o susto. Porem era Minho.
-Por aqui! - ele gritou e nos puxou para uma outra direção. Voltamos a correr com ele e eu já estava sentindo minhas coxas doerem e minha respiração machucar meu pulmão, de tanto que eu puxava o ar. Porem continuei a correr.
-Eu tive um plano - Minho gritou - Assim que eu vi o que vocês fizeram.
Não tinha condições de perguntar o plano, só o segui acreditando que ia dar certo.
Corremos mais um pouco, Minho sabia exatamente o que estava fazendo. Aquele verdugo ainda nos seguia. Quando vi estávamos em uma área diferente, mais aberta e sem muros. Parecia até mesmo uma saída, mas Minho parecia saber exatamente que lugar era aquele. Me distrai um pouco com o local e acabei tropeçando em algo, caindo com tudo no chão. Engatinhei até uma parede e vi o verdugo se aproximar. Não dava para levantar, muito menos lutar com aquela coisa.
Ele se aproximou e apontou aquela agulha dele para mim. Eu fechei os olhos e gritei, mas vi que ele era meio cego e errou a pontaria, acertando a agulha a alguns centímetros da minha cabeça. Foi o suficiente para Minho se aproximar, enfiando uma espada dentro dele, dando tempo para que eu saísse dali e corresse mais uma vez.
-Você está bem? - Thomas perguntou me segurando. Eu apenas concordei e voltamos a correr, desta vez com mais um verdugo se aproximando.
-Ali na frente tem um penhasco - Minho gritou - Vamos fazer a mesma coisa que vocês fizeram.
Não entendi no começo, mas continuei a correr. Quando estávamos bem perto do tal penhasco, eu e Minho corremos para um lado e Thomas para o outro. Os verdugos passaram direto por nós caindo no tal penhasco e sumindo, do nada.
Minho me segurou para não cairmos também e eu respirei fundo. Senti minhas pernas tremerem e deitei no chão, tentando entender o que tinha acontecido e recuperando as forças.
Nenhum dos três falou nada por bastante tempo. Vi Thomas chorando em um canto. Eu também queria chorar, mas estava bem traumatizada para isso. Vi Minho jogar umas pedras no penhasco, que sumiam rapidinho.
E ficamos assim, sabendo que aquela seria a pior noite das nossas vidas.
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A garota da clareira (Maze Runner)
FanfictionEmily chega na clareira e se depara com um monte de garotos. Com medo, sem memória e sendo a unica garota daquele lugar ela irá precisar ser corajosa o bastante para sobreviver e enfrentar os desafios para sair daquele lugar. Aventura, ação e romanc...