VI

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De longe avistou um homem alto, suas nádegas estavam bem marcadas na calça jeans branca, ele pagava o táxi quando alguém lhe surpreendeu por trás.

— Olá, Peter.

— Ah, oh... Emma, prazer!

Após os cumprimentos iniciais, subiram alvoroçados para o quarto que já tinha sido reservado e pago por ele, não trocaram muitas palavras com a recepcionista, era uma bonita mulher, usava um batom roxo, chamativo. Ao entrarem no quarto, Peter disse que precisava ir ao banheiro, não demoraria. Ela respondeu consentindo a cabeça ao mesmo tempo que bebia mais um gole do Tennesse.

Quando ele voltou do banheiro, ela já estava deitada, havia tirado suas roupas e sapatos, agora somente de calcinha, preta. Ele deitou sobre seu corpo, em chamas, por conta da bebida, batimentos rápidos e fortes podiam ser sentidos ao encostar sobre seu ventre. Nenhuma palavra foi dita, apenas imaginada, os olhos se encarregavam de transmitir a mensagem, olhos famintos pertencentes aos dois corpos vorazes. Atracaram-se. Poupo a pouco tomavam velocidades nos seus movimentos, quase como uma luta, mãos se entrelaçavam. A respiração não podia ser contida em silêncio, logo, alguns gemidos escaparam da boca dela, seu peito não suportava tanto desejo, euforia, adrenalina. Como dois lobos, embriagados, verdadeiros loucos.

Emma não distinguia nada do que estava acontecendo, em alguns momentos fechava seus olhos e deixava que seus braços e pernas tomassem seus próprios rumos, apontando para todos os lados, uma bússola descontrolada. "She's lost control". Nos surtos de sua mente confusa e alcoolizada, a imagem do bar lhe assombrava, lembrava do momento que havia entrado no bar, Pedro, Peter. Com o susto de ter visto o ex, a lucidez voltava ágil e a fazia cair em terra, situando-a naquele quarto de motel. Virou-se rapidamente, pondo Peter sob seu corpo, de frente para ele dançava, rebolava, sua cabeça girava louca, cabelos assanhados, certamente estava sendo a foda mais inesperada da sua calma vida.

Abriu os olhos e viu traços familiares, mais uma vez estava vendo o Pedro, ele de olhos fechados com as mãos em seus seios, apertando-os brutamente, se deleitando dos primeiros calafrios de um gozo iminente. Emma mudou sua expressão, agora olhava fixamente para aquele rosto, enojada, nauseada, aumentou a velocidade gradativamente, ao ponto que sua visão se tornava mais real, carnal, viva, assustadora. Mais forte, mais forte, mais forte, pulou, pulou com toda força naquele corpo, ela queria matá-lo. Mas como? Estava presa, sendo sugada por aquele desejo imenso vindo do seu interior e pulando para como grito, berro, choro, mãos batiam na cara dele, e ele gritava, adorava o toque, arranhões. Ela pegou agarrou o pescoço, desesperada, metia com força e apertava mais um pouco, quero mata-lo, pensava. Lembrou-se da garrafa de Whisky dentro de sua bolsa pendurada na cabeceira da cama, esticou a mão e conseguiu alcançá-la, abriu a garrafa, tomou um grande gole, capaz de derrubá-la com tamanha quantidade alcoólica, ao voltar sua cabeça não se segurava, sua mão não pode suportar o peso e deixou caí o líquido sobre Peter, que agora era o Pedro, um surto de loucura veio em mente, sua repulsa fez quebrar a garrafa na cabeceira da cama, rápido demais para ele impedi-la, olhou uma ultima vez para o rosto, gritou e com toda a dor dentro de si, enterrou o resto da garrafa pontuda que sobrava em suas mãos, esfaqueou o homem. Varias vezes, com força, a primeira lhe imobilizou, desmaiou, talvez em gozo ou pela forte pancada em sua cabeça. Emma apenas fechou os olhos, esfaqueou, novamente, inúmeras.

De supetão se deu conta da poça de sangue que tinha se formado ao seu redor, manchou grande parte da cama. Levantou-se rápido, foi ao banheiro, tomou uma ducha, lavou as manchas de sangue em suas mãos e rosto. O choque tivera sido tão grande que a fez voltar pouco a pouco a sobriedade. Vestiu suas roupas, pegou a bolsa e saiu do quarto, estava no segundo andar, ao descer viu um homem na recepção, sua visão estava embaraçosa, o mesmo sorriu para ela, Emma não retribuiu o cortejo, apenas foi embora, andando sozinha pela estrada, carregando em seu peito uma demasiada escuridão, estava vazia. Viu um matagal ao lado, era o único lugar mais seguro para correr. Seu lobo interior uivava, corria, seguia a lua, adentrou na mata, pulando cercas e pequenas plantas, quando sentiu que estava longe de onde estivera anteriormente, seus passos encurtaram, gradualmente, confundiram-se e o corpo foi ao chão. Desmaiou em demasiada confusão.

Viúva negraحيث تعيش القصص. اكتشف الآن