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            E tem também a placenta, lembra? O tal  "supermercado do bebê"? Ela também "nasce", logo depois do bebê, pendurada na outra ponta do cordão umbilical. A dona Márcia disse que a placenta é valiosa, serve até pra fazer remédios.
            Tá vendo só, não era pra querer aprender tudo mesmo? Afinal aquilo tava acontecendo comigo e com o bebê! Fiquei encantada... E a dona Márcia disse que no segundo grau eu vou estudar todo o corpo humano, nas aulas de Biologia... E que a palavra "biologia" é formada de duas palavras. É uma palavra "gêmea": vem de bio (vida) e logia (estudo) e significa "estudo da vida" Lindo, não é, meu diário?

                           * * *

            Fiquei um tempão lendo o tal livro... Quanto mais lia, mais queria ler... Tava estudando o meu corpo, a minha vida...
           Fiquei tão entusiasmada que até mandei recado pela dona Márcia pras "três mosqueteiras" virem me visitar. Queria compartilhar tudo aquilo com elas.
            Você nem imagina minha alegria quando elas apareceram aqui em casa. Meio sem jeito, ressabiadas. Acho que elas pensavam que eu tinha virado  monstro, um ET!
           Daí eu mostrei o livro, e a gente ficou falando sobre isso ... Nossa, elas não sabiam nada mesmo! Então fui explicando, tintim por tintim, pra não esquecer nada. Elas gostaram tanto! Ficaram alegres:
        
- Puxa, Taís, legal você contar pra gente...
        
- Gosto muito de vocês, fiquei muito triste quando me viraram a cara...
        
- Ah, desculpe, Taís! - disse a Cejana. - Foi a mãe. Ela falou que você era um mau exemplo, uma perdida...
        
- Ué, justo eu que nem saio de casa? Como ia me perder?
        
- A minha mãe também me proibiu de falar com você - disse a Miracê. - E nem deu explicação.
        
- E a minha irmã disse que você era uma tonta, que não servia pra minha amiga - a Deolinda até chorou.
        
- Pare de chorar, Deolinda! - gritei. - Não morreu ninguém, pô! Vocês continuam minhas amigas ou não?
        
- Claro que sim! - disse a Cejana. - Nem que finja que não sou, tá bom? Você tá gozada com essa barrigona...
        
-  Parece até aqueles sacos de batatas da feira - falou a Miracê.
        
- Até me sinto uma miss perto de você -  disse a Deolinda que tinha parado de chorar e agora se olhava no espelho partido do guarda-roupa.
        
- Suas malcriadas! Foi pra isso que vieram, foi? Pra me sacanear? Dar risada de mim?
        
- Ah, a gente veio porque a dona Márcia falou que você tinha uma coisa muito interessante pra mostrar - disse a Cejana.

- E porque a gente gosta de você,
mesmo com essa barriga que parece saco de batatas...
        
- Gosta sim - garantiu a Miracê.
        
- Pois se até virei miss perto de você, como é que não ia gostar? - cantarolou a Deolinda.
        
- Suas tontas! - eu ri. - Também gosto de vocês. Me abracem, vá...

            As três se amontoaram na cama pra me abraçar, e a Deolinda ainda gritou:
        
-   Cuidado, senão esse nenê sai pela boca!

            As três se amontoaram na cama pra me abraçar, e a Deolinda ainda gritou:         -   Cuidado, senão esse nenê sai pela boca!

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            Então... certa manhã... a mãe tava saindo pro trabalho... eu chamei:

- ACODE, MÃE, QUE O NENÊ VAI NASCER!

O portão do paraíso- Giselda LaportaOnde histórias criam vida. Descubra agora