Meu amigo Dark

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Palavras do autor:  Pensei muito em somente escrever outro livro após terminar "O Psicólogo", mas Dark tinha pressa.

D.r Dark


MEU AMIGO DARK

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MEU AMIGO DARK

Hoje o dia está nublado, especialmente lindo. Inspirador. Um ótimo dia para se matar.

Olho para arma na minha gaveta. Fico feliz. Ela está especialmente brilhante hoje. Convidativa. Tiro-a da gaveta. Engatilho. Olho para minha paciente que está a meia hora falando, entre um choro e outro,  sobre não entender como alguém que diz que a amava tanto, agora estar tendo um caso com outra pessoa. Ela não acha isso normal e se dói. Fidelidade, isso sim que não é normal. Pode ser normal para pinguins, não para o bicho-homem. Mas não digo isso. Apenas escuto. Permito que meus pacientes continuem vivendo suas vidas na matrix perfeita, eu já tomei a pílula vermelha, já estou fudido, mas não tive a opção de Neo. Se pudesse escolher, voltaria a ignorância em um piscar de olhos. Permito que ela extravase as suas emoções. Sei que isso funciona para acalma-la.

Reclino-me em minha cadeira, olhando para a paciente. Acredite, estou atencioso.  Já estou com a arma na cabeça, ela continua falando suas lamúrias, olho para o lado, para janela de vidro fumê, às vezes, perco-me no tempo, antigamente tentava me guiar pela fome. Se estava com muita fome, então deveria ser horário do almoço, meio-dia, ou no máximo 13 horas. Mas a fome é um pedido do corpo por prazer, e meu corpo joga contra mim. Perdi o prazer de comer tem já um tempo. Nem me lembro da última vez que fui para um jantar com vontade. Bom, pelo menos economizo mais grana, problema é: economizar pra que? Não, Chega! Não gosto de ficar pensando muito nessas perguntas existencialistas, eu já sei para onde isso vai me levar. Minha mente joga contra minha vida.

Lá fora chove, gosto de dias nublados. Gosto das trevas, faz com que me sinta mais em casa. Combina comigo. Me inspira. Penso logo em uma praia, caminhando com um bom rock no ouvido e na alma.  Sem gente. Apenas eu. Sim, detesto gente. Contraditório? Talvez, mas esse é o menor dos meus problemas.  Então nem questiono, apenas curto em minha imaginação o prazer que seria estar só em uma praia em trevas.

Sim, eu sei, ainda sinto prazer por algumas coisas. Esse é o problema, eu sei o que pode me fazer feliz; ler um bom livro, ir para um cinema sozinho, caminhar em uma praia nublada, beber...  Eu sei o que me faz feliz, eu faço essas coisas, fico feliz por alguns segundos e, logo em seguida, meu amigo dark se aproxima de mim e me toma de conta. Eu também pensei que era depressivo, mas eliminei essa possibilidade, depressivos perdem o prazer pelas coisas que antigamente os davam prazer. Eu nunca perdi isso. Sei exatamente o que me dá prazer. E me obrigo a experimentar isso rotineiramente, mas, no final, o cinza e o escuro voltam a reinar em minha vida. Por que saber o que me faz feliz é problema? Porque eu queria dar nome ao que tenho. Eu sou a porra de um gênio para detectar o submundos fedidos na obscuridade da mente de todos, menos da minha. Eu queria ter uma doença específica,  seria mais fácil tratar, mas sou um aglomerado de merda.

Meu amigo DarkWhere stories live. Discover now