10/02
Danielle colocou seu par de tênis surrado e acompanhou o pai até o quintal, que era grande e bem florido, pois sua mãe contratava alguém para cuidar da paisagem. As flores que mais gostava de lá eram os lírios e as rosas, apesar de serem muito distintas, cada flor parecia trazer em si uma força que ela não conseguia explicar: não eram flores apenas bonitas, eram majestosas. Além de algumas árvores frutíferas, havia também uma mesa de madeira fosca, onde almoçavam quando os Parker, família por parte da mãe, vinha visitá-las, e aproveitavam os dias de sol para desfrutarem da grama muito verde e fofa, que era trazida de algum país distante e bonito. Mas isso tudo no verão, pois, no final de inverno, a grama ficava queimada por causa da neve e as árvores ficavam secas, parecendo se tratar de um quintal completamente diferente.
Porém Danielle adorava aquela parte da casa.
Robert tirou o blazer do terno e a gravata para colocá-los depois sobre a mesa de madeira. Deu uma leve arregaçada nas mangas e virou-se para a filha ansiosa:
— Tente ficar invisível.
Danny ficou parada esperando que seu pai dissesse mais alguma coisa, pois não poderia ser simples assim.
— Achei que tivesse ficado claro que eu não sei fazer nada — ressaltou quando viu que ele não diria mais nada — Inclusive ficar invisível, sabe, por livre e espontânea vontade.
Robert pareceu ter que respirar fundo para repor a paciência.
— Tudo bem, eu mostro como se faz primeiro — e do nada ele sumiu. Sem nenhum vestígio ou fumacinha como nos filmes. Sem emitir som algum.
Alguns segundos depois, se materializou ao lado da de Danielle, que, tendo um bom reflexo, deu um soco no estômago do pai pelo susto que levara; não estava preparada para realmente vê-lo sumir e aparecer em outro lugar, logo depois. E, para piorar a cena, percebeu que ela não tinha o atingido de fato: estranhamente seu punho fechado atravessou o abdômen de Robert e saíra pelo outro lado, atravessando completamente seu tronco.
Então Danielle gritou de medo, nojo e susto, tudo ao mesmo tempo. Ela nem saberia dizer bem o motivo por estar gritando, só achou aquilo muito perturbador. A sensação era tão estranha e tamanho era seu espanto, que ficou paralisada.
— Você poderia, por favor, tirar seu punho do meu estômago? — pediu o pai, mas estava sorrindo.
Ela moveu seu braço devagar e tirou o punho de dentro dele. Mesmo que agora tudo finalmente parecesse real, ainda era muito difícil de acreditar no que acabara de acontecer.
— Acredita agora? — perguntou Robert.
—Eu... Acredito — admitiu, ainda que receosa — Mas como você consegue fazer parecer tão simples?
— Mas é muito simples — Danielle o olhou sério e ele completou — É só você querer ficar invisível, desejar que ninguém te veja. Tudo que precisa é se concentrar muito nisso, nessa sua vontade e só — ele fez uma pequena pausa para a expressão descrente dela — Pode parecer muito difícil agora, mas logo tudo ficará mais fácil e você verá que é realmente simples.
— Desculpa, mas não parece muito fácil, não.
— Eu sei — concordou, compreensivo — E, para ficar mais fácil para você agora no início, vamos tentar fazer com que você consiga deixar apenas uma pequena parte do corpo invisível — ele segurou a mão da filha — Concentre-se em deixar somente sua mão invisível. Queira com vontade.
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Perdida em Mentiras e Lembranças l Trilogia Haunt
ParanormalLivro 01 - Perdida em Mentiras e Lembranças Trilogia Haunt Uma ação. Muitas reações. Um acontecimento pode gerar um futuro diferente para todos. Danielle Haunt tinha uma vida comum, até chegar os seus 15 anos e descobrir quem era e o que podia fazer...