How dare you

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Eu não tive tempo.

Não tive tempo de pensar com calma, de criar um plano, de me preocupar com as consequências.
Eu não tive tempo para me trancar no banheiro e chorar.
Porque eu estava atrás de Jaebum.

Jackson me contou, absolutamente tudo o que vinha acontecendo na faculdade.

E eu saí daquela pizzaria com a mente fervendo.

Às 04hs da madrugada, eu e Taylor encontramos Im.
Ele estava na casa de um 'amigo'.
Não exitou em entrar no carro e também não me olhou um momento sequer.

Chegamos em meu apartamento ao amanhecer.

— Você acha que eu tô brincando lá?! — perguntei perdendo o controle. —  Acha que meu trabalho é uma brincadeira?! Quantos anos você tem?! Nós somos adultos, você não é mais a porra de uma criança e eu não sou seu pai! Quer fazer merda?! Vai lá! Faz o que você quiser! Mas tenha juízo, saiba a hora de parar e saiba que você tem responsabilidades! Como quer ser alguém desse jeito?! — cuspi as palavras enquanto o via pegar suas roupas pelo meu quarto. — Você é um moleque que não sabe nada sobre a vida! É tudo tédio?! Procure em emprego de meio período, leia um livro, vá fazer algo que preste, mas não faça essas porras! Porque isso machuca as malditas pessoas que se importam com você!

Ele me olhou.

— Acabou?

— Em que merda você tá pensando?! Matar aula, se drogar, mentir pra mim, discutir por besteiras! No que você se tornou?! Quando isso aconteceu?!

— Eu só tô tentando fugir desse inferno. — sussurrou.

— Acha sua vida difícil?! Acha que o mundo é seu inimigo?! Eu sei o que é sofrer Jaebum, eu sei o que é passar por sérias dificuldades, mas você... Você só reclama por tédio.

— Tédio? — franziu as sobrancelhas. — Quando foi que você foi culpado pela morte da sua mãe? Quando foi que seu pai fingiu não saber quem você era durante seis anos? Quando foi que a última coisa que você ouviu do primeiro amor da sua vida foi um "eu te odeio", quando foi a porra da vez que tentaram te dar para a adoção?! — se aproximou. — Quantas vezes você já tentou se matar quando tinha apenas nove anos de idade? Quantas vezes seu tio chegou em casa bêbado e tentou abusar de você? Quantas vezes sua família fingiu que você não existia, Junior. Quantas vezes você já não desejou ser esquecido pelo resto do mundo?

Era sempre raro ver aquela expressão.
Aquelas bochechas rosadas, os olhos molhados e o maxilar travado.

— Eu sei. — ele continuou. — Sei que nada disso é motivo para ser o merda que eu tô sendo, mas chega uma hora que cansa e seu corpo não aguenta mais toda a pressão. Minha consciência tá pesada demais, eu fiz muita coisa errada e fingir que nada aconteceu, fazer o papel do cara bonzinho, o riquinho popular, a porra do moleque mimado, é tudo muito pesado... — sua voz se tornou trêmula. — Eu não sou forte como você, queria nunca ter dito o que eu acabei de dizer, queria não estar chorando na sua frente, queria que você... Que você pudesse se orgulhar de mim, mas eu sou simplesmente estúpido demais pra isso, me desculpa.

Era em momentos como aquele que eu me lembrava, que apesar de demonstrar ser mais velho e independente, Jaebum era apenas um garoto. Um rapaz com vinte e dois que já havia passado por problemas sérios.

O abracei o mais apertado que pude.

Eu errei em não me importar devidamente. Não foi uma atitude certa deixar tudo na mão da Dra Crawford. Deveria ter forçado ele a se abrir, tentado até que não me restassem mais forças.
Jaebum não era a rocha que demostrava ser. Ele era frágil e estava machucado e eu sacrificaria tudo para curá-lo.

Panic (jjp) Where stories live. Discover now