Vibrant youth

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O Hallowen havia sido divertido, mesmo com todos os imprevistos do dia.
Pois havia acordado naquela manhã com o peso de Jaebum sobre mim. Ele, completamente adormecido, havia resolvido que chegar tarde em casa não era afronta suficiente, por isso havia me perturbado durante a madrugada com seus intermináveis assuntos e me deixado com dores pelos músculos por ter sido usado de colchão e travesseiro.

Ele havia falado durante o sono, e falado muito.

Não me lembrava do horário no momento em que o mesmo surgiu no apartamento. Havia me concentrado em outros detalhes, como o cheiro da erva que realmente usava com pouca frequência, o boné de baseball que amassava seus cabelos, juntamente com seu rosto e lábios gélidos e seu sorriso inabalável.

Me perguntava aonde andava, com quem, o quê fazia e por quê fazia. Tinha curiosidades, mas também receios, pois se eu descobrisse os motivos tinha a impressão que não gostaria dos mesmos e se fosse esse o caso, pensava como conseguiria seguir normalmente depois.

Jamais o privaria de fazer o que gostava, mesmo que isso significasse passar pelos surtos de paranóias discretamente.
Não tinha como ele estar envolvido com algo de errado e Jaebum havia desenvolvido muito bem a habilidade de desconfiança. Então não haviam motivos sérios para me preocupar, definitivamente não existia necessidade alguma de eu me encontrar virando uma taça de vinho ao invés do cadê da manhã.

— Já começou bem. — Bambam disse surgindo na cozinha e abrindo a geladeira.

Não sabia quando ele chegara de viagem e tinha quase certeza que o resíduo de tinta verde em seus braços eram a causa de uma noite agitada.

— Como foi seu feriado?

— Horripilante. — disse com um leve sorriso no rosto.

Assenti pensativo antes de virar um pouco mais de bebida na taça.
Meu celular se fazia presente em algum canto, mas estava cansado demais para procurá-lo. Então deixei que tocasse.

— Não vai atender? — o tailandês perguntou enquanto procurava algo comestível na geladeira.

— Deve ser da editora.

— Tá legal... — se virou para mim. — Que tom é esse? Você não estava louco para publicar seu livro?

— É complicado. — respondi, o assistindo dar de ombros.

Deitei a cabeça na bancada e fechei os olhos. Algo me dizia que aquele dia seria longo demais, aqueles com mais do que vinte e quatro horas.

O fato era que, embora a ideia de conseguir publicar meu livro fosse animadora, ter que entrar no E-mail e ver as mudanças que fizeram durante a revisão e a pressão que colocavam para que eu não deixasse o final em aberto e escrevesse uma espécie de "felizes para sempre", era decepcionante, desanimadora, deprimente.

Havia superado o maldito bloqueio e escrito feito um louco logo em seguida, conclui com um final ao qual achei favorável, e se mudar mais que a metade do roteiro fosse a única forma de conseguir ver minha obra nas prateleiras, então eu optaria em pensar melhor.
Não queria dizer "não" ao meu sonho, mas também não queria ganhar créditos por algo que fiz contra minha vontade.
Era fácil, mas também tão difícil.

Quando Jaebum surgiu na cozinha, notei que o celular havia se calado.

— O que é isso? Ligando para o celular do meu marido uma hora dessas? — ele tagarelava, arrancando risadas de Bambam. — Te falta respeito, Mark.

Então me passou o aparelho.

O que Tuan queria era uma ajuda em seu novo caso. Eu só precisava acompanhá-lo até a biblioteca mais tarde.
Assim como o meu livro e a minha vida, deixei em aberto. Não disse que não, mas também não aceitei. Era mais como um "Quem sabe?".

Panic (jjp) Onde histórias criam vida. Descubra agora