Vinte e Um

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A Garota de cabelos azuis

Junto com a nova semana veio a tristeza e por meio segundo considerei ser por finalmente ter entendido que meu pai havia me condenado a uma prisão, mas não. A verdade era que eu apenas estava triste, sem um motivo certo, triste e nada mais.

Naquela manhã eu me recusei a sair do quarto ou sequer da cama, então quando os alarmes soaram nos corredores indicando que devíamos levantar para ir para a aula eu apenas me encolhi um pouco mais na cama, enquanto fingia que eu não existia.

Ignorar minha própria existência era um jogo interessante. O lado ruim? Era um jogo.

Na noite anterior Bryan havia me ligado e implorado por uma nova história, prometi que teria uma pronta até hoje a noite, mas que dessa vez não seria minha.

Conforme comecei a contar histórias para meu irmão, percebi que ele era fascinado por heróis tristes. Não necessariamente "heróis", mas sim pessoas, que se salvavam ou no fim, salvavam alguém.

Então repassei a história perfeita mentalmente.

Era uma história que eu havia ouvido milhões de vezes e poderia ouvir outras milhões.

A história de uma garota que enxergava estrelas até mesmo nos dias tempestuosos.

Ouvi duas batidas na porta e logo me preparei para ouvir os gritos de Rose.

O jogo de se auto ignorar acabou galera, vamos, se espalhando! Minha mente gritou.

Encolhi-me um pouco mais e cobri minha cabeça, esperando desaparecer.

Quando novamente bateram na porta sem nenhum grito, eu abaixei a coberta e olhei desconfiada para a maçaneta que agora se mexia. Poucos segundos depois uma cabeleira loira surgiu por entre o vão da porta, sem entrar completamente.

Sentei-me rapidamente e como se fosse um convite, Ian adentrou o quarto, fechando a porta atrás de si.

—Eu... Você... Hum... Você não apareceu com Noah na hora do jantar e... Também não foi a aula, achei melhor sabe? — ele disse meio envergonhado.

—Achou melhor checar se ninguém havia me matado enquanto eu dormia? —perguntei arqueando uma sobrancelha.

Ele assentiu e me olhou.

—O que houve? Noah me disse que você nem mesmo abriu a porta para ele. —disse e eu dei de ombros.

—Acho que estava dormindo e também, ele mereceu. — dei um meio sorriso.

Ele se sentou na ponta da cama e me olhou.

—Vai ficar aqui?— perguntei e ele me olhou.

Seus lábios se ergueram em um sorriso divertido:

—Está me expulsando? — perguntou arqueando uma sobrancelha.

Eu sorri e dei de ombros, jogando a coberta para o lado, me levantando.

—Respondendo sua pergunta: Sim, eu vou ficar e por um longo tempo. —disse se jogando onde antes eu estava deitada.

—E por quê? —perguntei.

—Acho que você vai aprontar. —disse virando sua cabeça de forma que pudesse me olhar.

—Quando foi que virou minha babá? — perguntei e ele pareceu pensar.

—Acho que foi quando te fiz roubar um maço de cigarros. — deu de ombros.

—Você não me desafiou, nem me obrigou a aceitar o desafio e eu não preciso de uma babá. —disse me sentando no chão, próxima a janela, de forma que eu poderia ver o céu escuro sem problema algum.

Vermelho é a cor da confusão! Where stories live. Discover now