Trinta

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Preciso te falar sobre como é ficar

Musica tema: Stay (Zeed feat. Alessia Cara)

Eu estava certa ao dizer que seria um dia difícil. 

Meu coração, sendo apenas um órgão que trabalha para me manter viva, não deveria estar doendo como estava naquele momento. Era quase como se alguém o estivesse apertando e retorcendo como um pano molhado. Minha voz havia sumido assim como todo o ar de meus pulmões e depois de mais anos do que consigo contar, uma lágrima quente e pesada percorreu minha bochecha.

Mais uma vez Dylan havia destruído meu coração, mas dessa vez era pior. Quando ele sumiu sem dar notícias, minha mente dizia que ele estava bem, mas agora com os fatos sendo cruelmente jogados na minha cara, eu não podia fingir que ele estava longe, porém bem.

Eu nem mesmo podia dizer que ele estava longe.

Uma não tremula secou a lágrima que escorria, e foi aquele toque, —por mais suave e consolador — que me despedaçou. Em um momento eu era um copo preso entre dedos firmes, e em outro eu era os cacos espalhados no chão. A verdade é que sempre pensamos estar seguros, nas nunca estamos realmente.

Em um momento você está inteira e no outro é só pedaços. Como agora. Era como se houvesse cacos meus espalhados por todo aquele quarto em pedaços tão pequenos que eu jamais conseguiria juntar novamente.

—Aly... —Ian sussurrou com dor na voz.

—Odiei ele, Ian. —falei. —Gritei sozinha o quão idiota ele era por ter ido sem mim.
Odiei-o mais ainda quando vi que no fim ele nunca havia prometido ficar, simplesmente porque eu odiava promessas, de forma que entendi que ele não me devia nada.—disse, engolindo o nó em minha garganta. —Eu nem sequer tinha esse direito.

Ergui meus olhos para Ian e então para sua mão que fazia círculos em meu joelho.

Puxei sua mão para a minha e me aproximei:

—Vou ajudar a provar sua inocência.
—disse séria.

—Eu não tenho nada, Alice. Sarah provavelmente ficou com o celular de Dylan naquele dia, e o meu eu... eu não faço ideia de onde ficou. —disse frustrado.

Sarah era uma vadia e eu arrancaria dela todos os dentes, então todos os dedos e por fim, cada fio daquele cabelo falso dela, mas antes precisaria achar as provas para inocentar Ian.

E eu sabia exatamente onde procurar!

—Eu vou conseguir. —disse.

Ele deu um meio sorriso e apertou meus dedos entre os seus. 

Naquele momento, tendo aqueles olhos âmbar sobre mim, meu estômago gelou e eu quis sentir e fazer coisas às quais eu não deveria, então, escolhi a única coisa, que uma pessoa como eu, poderia fazer:

—Preciso... Preciso ir. —disse me levantando.

Eu fugi.

                                    ***

Soquei  a porta de Noah pela terceira vez, esperando que ele resolvesse abrir e quando nada aconteceu, bufei, prestes a bater novamente.

—Uma pessoa não pode tirar seu sono de beleza hoje em dia? —Noah resmungou, surgindo na porta.

—Não. —disse seria e agarrei sua mão. —Você vem comigo, mas antes... —soltei sua mão e me abaixei, erguendo a barra de sua calça.

—Ótimo, você tem fetiche por pernas.— ele revirou os olhos. —Você é estranha.

Vermelho é a cor da confusão! Where stories live. Discover now