CAPÍTULO EXTRA 3: O HOMEM BARBUDO

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*genteee, esse capítulo é antes do primeiro livro. Conta como Claire encontrou o condomínio. O próximo capítulo extra vai ser bem empolgante (eu espero), pois vai mostrar depois do epílogo de Libertada, alguma aventura protagonizada pelos filhos de Claire.*


— Vai dar tudo certo — cochicho no ouvido de minha irmã, que treme em meus braços. — Eu não vou deixar nada acontecer com você.

Minha respiração é ofegante. A adrenalina percorre meu sangue. Eles estão lá fora. Quantos? Dois? Três? Estava tão desesperada que não me preocupei em contar.

Por enquanto estamos seguros dentro desse ônibus. Mas eles sabem que estamos aqui. Eles nos viram entrar. Eles vão entrar.

Olho para Niall. Estou fortemente abraçada em Bia. Estamos agachados no ônibus. Eu seguro a cabeça dela contra meu peito. Ela deve estar ouvindo as batidas aceleradas do meu coração. Até mesmo Niall, que está longe, deve estar ouvindo.

Somos duas irmãs abraçadas em um ônibus com o melhor amigo. Esperando que os monstros saiam de perto, para que possamos fugir para algum lugar melhor.

Ouço uma batida forte contra uma das paredes do ônibus. Eu forço mais a cabeça de Bia para meu peito. Ela treme, me apertando cada vez mais. Nossas armas: duas facas de cozinha e uma pistola com três balas, sendo que ninguém aqui sabe utilizá-la. Niall está segurando a pistola, mas todos os tiros que ele deu até agora foram desperdícios.

Seguro a faca firmemente e engulo em seco. O ar frio da noite não ajuda nada. Minhas pernas tremem. Somos adolescentes. Apenas adolescentes...

Uma janela do ônibus estilhaça em um barulho ensurdecedor. Cacos caem bem em cima de mim. Ao olhar para cima, vejo metade do corpo de um zumbi atravessando a janela. Ele geme e grita ao mesmo tempo. Sua mão agarra meu pescoço e eu grito.

Meu coração dispara e eu empurro Bia, tentando a deixar longe do monstro. O zumbi tenta me puxar para mais perto, mas eu me debato e consigo escapar de sua mão gélida e morta.

Com lágrimas nos olhos, pego a mão de minha irmã que não para de gritar. Eu a puxo para longe. Niall vai para perto do zumbi e dispara três vezes contra o seu corpo. Sua arma para de funcionar. O monstro cai para fora do ônibus, mas continua vivo. Niall não acertou sua cabeça.

Outra janela estilhaça e outro zumbi começa a entrar.

— Vamos! — falo, puxando minha irmã para a porta do ônibus.

Nós saímos do veículo e corremos na rua, indo o mais longe possível dos zumbis. Olho para trás e vejo dois deles vindo correndo de trás do ônibus e mais um vindo mancando em nossa direção.

A lua é a única coisa que ilumina a rua. O ar é gélido, mas eu sinto calor por causa da adrenalina e da ação. Nós três corremos o mais rápido que podemos. Não adianta muito, já que os zumbis correndo são mais rápidos que nós.

— Ali! — grita Bia, apontando para uma loja.

Ela solta minha mão e corre para o local apontado. Nós vamos atrás. Bia tem apenas 14 anos. Ela não deveria estar enfrentando isso. Nenhum de nós deveria.

Beth abre a porta com tudo. A vitrine da loja já está destruída com manequins caídos para fora. Cacos são encontrados em todo lugar e pisamos em cima ao entrar na loja.

Ao entrarmos, Niall fecha a porta, o que não é muito útil. Um zumbi pula pela vitrine quebrada e corre para cima da minha irmã. Rapidamente, interfiro em sua corrida, indo na sua direção e o empurrando com o ombro, utilizando o máximo de força possível. O zumbi perde o equilíbrio e cai para o lado com tudo, em cima dos cacos.

Outro aparece pulando pela vitrine. Ele salta para cima de mim. Eu caio, com o monstro me prendendo no chão. Bato minhas costas com tudo e sinto uma dor horrível. Perco a força, mas tento deixar o rosto do monstro o mais longe o possível de mim. Por sorte, onde caí não há muitos cacos e eu mal sinto os cortes que foram produzidos pelos que estão sob mim.

Bia dá um chute na barriga do zumbi e ele cai para o lado. Niall rapidamente me ajuda a levantar. Ignoro a dor nas costas e nós corremos para a porta dos fundos, antes que outro zumbi apareça ou esses dois resolvam levantar.

Meus pulmões ardem a cada passo que dou. Minhas coxas já estão implorando por descanso, junto com meus pés doloridos.

Lágrimas nos olhos, roupas rasgadas, dores em todas as partes, com uma faca na mão, com o cabelo preso em um rabo de cavalo, completamente suja, com cortes por várias áreas do corpo e olheiras de quem não dorme há três dias. É assim que alguém me descreveria se me visse agora.

Nós saímos em um beco mais escuro que as ruas que passamos. Tem dois caminhos, um com três zumbis e outro livre, que dá para outra rua.

Obviamente, nós corremos pra o lado sem zumbis. Nossos passos alertam os três do outro lado e eles começam uma corrida atrás de nós. Olho para trás e os vejo se aproximando rapidamente.

Nós utilizamos o máximo de velocidade possível. O final do beco já está chegando. Estamos perto.

Bia, que estava na minha frente, acaba pisando em seu próprio pé e cai com tudo no chão. Eu rapidamente paro e Niall para na minha frente. Jogo a minha faca na direção dos zumbis. A faca acerta o ombro de um deles, mas não crava nele, apenas bate e cai no chão.

Abaixo-me e tento ajudar Bia. Ela se vira de barriga para cima. Niall volta para nós e quando estamos levantando ela, os zumbis já estão perto demais. É quando eu descubro que não iremos conseguir.

Eles vão chegar em nós. Eles estão a dois passos de nós. Lágrimas escapam de meus olhos. Os gemidos toscos dos zumbis nunca ficaram tão altos como agora.

Eu puxo Bia para cima e a abraço, protegendo-a.

— Eu estou com você... — falo com a voz trêmula. — Estou com você.

Fecho meus olhos. Meu medo se vai. Respiro fundo. Deixo-me ir. Nós perdemos.

De repente, ouço um estampido alto. Algo cai bem perto de mim. Em movimentos rápidos, levanto minha cabeça e olho para os zumbis. Vejo o corpo de um deles caído sobre o chão. De repente outro estampido ocorre junto a uma luz forte e amarelada. E mais um. Então, os três corpos estão no chão.

Eu olho para o outro lado do beco e vejo dois pequenos círculos de luz branca se aproximando. Semicerro os olhos por causa da claridade. Vejo silhuetas de corpos se aproximando de nós.

Por um segundo, eu penso que já estou morta.

Mas então, quando as luzes e as sombras já estão bem perto, eu vejo o rosto de uma das sombras. Seu cabelo é escuro. Seu rosto é barbudo e quadrado. Ele segura um fuzil com uma lanterna.

Ajudo Bia a se levantar e me levanto. Vejo o outro homem que está com ele. Cabelo longo e loiro. Seus músculos são gigantes, iguais aos do seu companheiro. Meu coração bate forte.

Eles usam roupas pretas à prova de balas.

— Não precisam se preocupar — o soldado barbudo fala. — Estão seguros agora.

Eu olho para Niall e para Bia— que está com o rosto sangrando por causa da queda. Os dois parecem tão confusos quanto eu. Seguro firme no ombro dela e aperto a mão dele.

Seguros. Não precisam se preocupar.

Essas palavras não me soam boas. Mas não temos outra opção. Temos que ficar com eles. Pelo menos por enquanto.

Então, olho para os homens novamente. Balanço a cabeça para cima e para baixo, engolindo o seco.

Eles vão nos levar para um lugar seguro. Pelo menos eu espero ser seguro.

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⏰ Last updated: Jun 06, 2020 ⏰

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Libertada || Último Livro da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now