04 - Enfim... Paraíso

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- Bem vindo a Marte, Thomas.

-Marte? Tipo... Marte, Marte mesmo?

- Sim, mas você não vai conseguir ficar aqui por muito tempo. Está muito além do seu limite.

- Como é? Porquê eu não...

- Vamos. - Grace saiu andando e eu a segui.

Aquele lugar era incrível! Passamos pelo espaço do portão, onde uma senhora já de idade, nos olhou e acenou com a cabeça, depois que entramos no paraíso, que não era necessariamente o paraíso, eu pude perceber que aquele lugar era como uma cidade futurista e ao mesmo tempo bem simples, por vermos tanto "verde".

Haviam pessoas em situações do cotidiano e alguns passeavam pelas ruas, bem alegres. Era incrível como as ruas eram bem feitas, o chão e a calçada não eram feitos com cimento e sim de um outro material parecido.

Algumas pessoas andavam pelos jardins e percebi que toda a cidade estava mesclada a um jardim gigante, que nem preciso dizer ser hiper bem cuidado. As árvores tinham folhas e flores gigantes, mas em espaços próprios, como que para enfeite, já em outros locais era possível ver árvores frutíferas de diversos tipos, além de arbustos, gramados, bancos de madeira entalhada e outras coisas.

Era a verdadeira união perfeita entre a natureza e a modernidade, porque haviam praças, trilhos de trem e bondes. Ver aquele chão limpo, que parecia o chão do banheiro quando a minha mãe terminava de lavar, me fazia pensar se eu tinha o "direito" de pisar nele.

- Apesar da "TV" de 200 polegadas ali naquela praça, estamos numa cidade extrafisica, certo? Uma daquelas belas cidades no plano astral, que você me falava. Eu tenho uma pergunta... O quê as pessoas fazem por aqui no paraíso? Eu sempre quis saber isso, não acho que fiquem apenas observando a vista e deitados com as pernas para cima.

- Thomas, por incrível que pareça... Estamos em uma cidade. Por aqui existem escolas, hospitais, bibliotecas, áreas de lazer, teatros e até mesmo igrejas. - Enquanto Grace falava, eu pude ver várias construções futuristas que lembravam uma mistura de perfeição com perfeição. Uma delas parecia ser uma igreja da Terra, só que feita de um material metálico.

- Uma igreja? Eu achava que um lugar assim estava além das religiões.

- É um erro comum. As religiões foram... A maioria das religiões foram criadas com um bom propósito. O problema não está na religião, mas sim nas pessoas que as seguem. Se você parar para pensar, existem inúmeras religiões pelo mundo, mas você acha que todos aqueles que não são cristãos, incluindo até budistas, irão "sofrer nas profundezas do inferno" por simplesmente não acreditarem na palavra da bíblia? Por mais boas que sejam essas pessoas de outras religiões, elas estão fadadas a este destino cruel?

- Eu não lembro de você na igreja, mas eu acho que obviamente não. - Eu já tinha ouvido aquela ideia na igreja que eu frequentava e devo dizer que não me agradou em nada.

- Esse é meu garoto! Essa ideia veio do "poder". A religião tem muito poder e alguns se aproveitam de pessoas leigas e ingênuas para conseguir usar esse "poder" em benefício próprio. Mas por aqui, vemos de católicos a budistas, de cristãos em geral a pagãos e até ateus. O que é uma coisa meio estranha, por motivos óbvios, mas não devemos julgar. Eu acho... É uma situação complicada.

- Entendo, o problema está nas pessoas e não nas religiões. Então esse é um lugar feito para o quê exatamente?

- Refletir sobre a sua última vida e aprender um pouco, se acalmar, tirar férias... E depois seguir em frente. Ou repetir a experiência nesse mundo, se achar necessário. Pense nesse lugar como uma espécie de "retiro pós vida".

Saindo do CorpoWhere stories live. Discover now