Capítulo Três

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Eu definitivamente não gostava muito de voar, primeiro porque se eu não conseguisse me controlar muito bem fora de escudos de proteção acabava derrubando a "barreira" entre mim e o mundo dos mortos e além de me render uma dor de cabeça quase insuportável, sempre me deixava realmente de mal humor. Porém Adrian estava sendo um anjo ao me ajudar com isso e até que meu controle sobre mim e todos os poderes que eu tinha e as coisas quase sempre tem ficado muito bem – tirando as noites de pesadelos desde que Dimitri havia sido tirado de mim.

Angela continuava tendo pesadelos, segundo Rebekah e Adrian que a meu pedido disseram que eu estava viajando a trabalho e que logo estaria em casa, inacreditável foi saber que de alguma forma inexplicável Angela era a única das três que havia descoberto exatamente o que eu estava fazendo – ou pelo menos tentando fazer e havia me prometido cuidar das irmãs enquanto eu estivesse fora e elas estivessem na Rússia. Acho que na verdade foi exatamente isso que acabou me entregando no final das contas, tê-las mandado para a mãe Dimitri era como admitir que eu estava com esperanças de tentar salva-lo ou algo do tipo.

Então aqui estava eu, descendo de um avião com uma mala pequena, dinheiro o bastante para ficar estável e a pior missão da minha vida – trazer Dimitri para casa vivo ou morto.

Paris era linda com certeza, isso eu não podia negar e provavelmente teria sido um bom lugar para tirar férias com as meninas por pelo menos duas semanas, mas eu claramente não estava ali pra isso naquele momento, o motivo era algo muito mais sério e perigoso que qualquer coisa que eu já tenha feito. Eu estava caçando a pessoa que nunca imaginei poder estar sendo um alvo um dia – o meu alvo e não havia palavras ou sentimentos existentes o suficiente para poder explicar como eu me sentia extremamente desconfortável e quebrada com aquela missão, mas eu devia isso a ele – ou uma cura ou uma estaca – porque estava óbvio que deixa-lo viver como Strigoi jamais seria uma opção quando eu sabia que era algo que ele jamais me perdoaria por não ter feito alguma coisa, qualquer que fosse para dar um fim no que ele havia se tornado.

O inverno naquele lugar estava realmente insuportável mesmo que a paisagem estivesse impecavelmente linda com toda aquela neve branca que havia se formado por toda parte mesmo que numa camada ainda tão relativamente fina e mesmo assim permaneci parada numa ponte pensando sobre todos os motivos e acontecimentos que me levou naquele lugar incrível e ainda assim tão estranhamente incomodo para mim, o lago estava começando a congelar também formando cristais na água deixando uma paisagem incrível ali.

Pelas últimas coordenadas que Sidney havia mandado há dois dias os ataques mais graves estavam acontecendo exatamente onde eu me encontrava naquele exato momento, mas o engraçado era o silêncio extremo em que a rua se encontrava - ainda mais para um local apontado como alvo dos ataques de Strigoi na intensidade que haviam sido reportados o que significa que num horário como aquele pela logica o lugar deveria estar um verdadeiro inferno.

Algo me dizia – alias, estava praticamente gritando em minha cabeça que o inferno também podia ser incrivelmente silencioso e outra coisa me dizia que logo eu descobriria a razão para isso e que odiaria estar certa.

- Moça, por acaso você tem um isqueiro para me emprestar, por favor? – Perguntou alguém em minhas costas, tocando meu ombro levemente. – Desculpe incomoda-la, mas eu perdi o meu. Pode me ajudar?

Virei o corpo para responder que eu não tinha como ajudá-lo já que não fumava quando senti alguém me agarrar por trás na direção contrária com força me puxando para o chão e com isso me fazendo bater a cabeça com força o suficiente para me deixar bastante tonta e com a visão levemente turva me dando a certeza de que havia sido ferida seriamente em algum lugar, olhei para o homem a minha frente que parecia realmente apavorado com o que via então eu deduzi que o ataque não vinha de um humano e sim de um Strigoi e após conseguir me livrar do meu atacante por alguns segundos o empurrei com força o suficiente para tira-lo do campo de ataque e assim poder provavelmente poupa-lo de morrer.

- Corre e não olhe para trás de jeito nenhum não importa o que ouvir. Agora! – Gritei caindo de costas contra o chão frio sentindo o gelo grudar em minha pele me fazendo tremer, peguei minha estaca da cintura e antes que pudesse me colocar em pé novamente meu oponente me puxou pelas pernas me colocando em seus ombros, caminhando tranquilamente para uma parte mais escura da rua como se nada estivesse acontecendo.

Uma coisa era fato; demorou menos do que imaginei... Maravilha!

Eu sabia que iria odiar estar certa.

Que droga!

Foi então que prestando mais atenção ao Strigoi que me carregava finalmente reconheci os cabelos castanhos na altura dos ombros com aquela franja que sempre parecia determinada a tapar seus olhos e as feições do meu "inimigo" e isso me causou uma sensação de desconforto e algo parecido com felicidade ao mesmo tempo, porém por motivos totalmente errados visto o que estava acontecido.

- Dimitri! – Falei num sussurro quase inaudível, mas a julgar pela baixa risada fria, ele havia conseguido me ouvir. – Ah meu Deus!

Toquei minha cintura rapidamente com esperança e suspirei de irritação ao não encontrar o que precisava – onde estava a minha estaca? Que droga, provavelmente ela deve ter caído quando ele me colocou sobre seus ombros. Inferno!

- Procurando alguma coisa Rose? – Perguntou ele entrando numa casa velha, indo para os fundos do lugar, entrou num quarto sem janelas e me colocou no chão erguendo algo brilhante em suas mãos; minha estaca. Merda. – Não se preocupe com as suas armas afinal você com certeza não vai mais precisar disso querida, você está em casa. Honestamente pensei que seria um pouco mais rápida para me encontrar, além disso, tenho certeza de que eu te ensinei melhor do que isso com certeza. Sentiu minha falta?

E então percebi que eu estava prestes e prometer algo que sempre tive duvidas se realmente conseguiria fazer pra valer.

- Eu vou matar você... Camarada. – Falei com a voz tão dura e fria quanto o gelo que estava se acumulando do lado de fora.

E naquele momento declarei guerra contra o amor da minha vida e me tornei a maior mentirosa que já existiu no mundo inteiro. Mas estava ai duas coisas que o meu Dimitri jamais saberia e no estado em que se encontrava naquele momento duvido de verdade que se importaria se soubesse.

- Ou talvez eu mate você. – Disse ele vindo para cima de mim, as mãos apertando meu pescoço, em seguida seus dentes estavam roçando em minha pele exposta para logo depois perfura-la.

Desejei ser atingida pela morfina da mordida porque a dor era realmente incomoda, porém apaguei antes de chegar a algo perto disso.

Quando acordei ainda me sentia bastante dolorida, tentei me levantar e fui ao chão pela falta de equilíbrio – provavelmente ainda sob os efeitos da mordida. Com muito esforço consegui sentar e me encostar-se a um dos cantos do quarto com paredes cinza claro, com uma única janela que tinha os vidros tão escuros que quase não passava a luz que havia lá fora. Toquei meu pescoço sentindo que o sangue estava seco, quando pensei em tentar ficar em pé novamente a porta foi aberta e Dimitri entrou.

Ele ainda era o Dimitri que eu conheci na Academia, sua pele era tão branca como o giz, seus olhos tinham um vermelho tão intenso quando o sangue, seus cabelos estavam um pouco maiores, suas roupas eram pretas e ele vestia um sobretudo cinza por cima de tudo para se proteger do frio ou no caso dele provavelmente porque gostava já que Strigois tinham a pele tão fria quanto o gelo e provavelmente eu teria amado seu novo estilo se ele não fosse um Strigoi que por pouco não tentou me matar.

- Porque eu estou viva? – Perguntei olhando para o chão entre minhas pernas. – Você conseguiu me capturar, que orgulho de você. Porque não me matou ontem quando me mordeu?

- O que é? – Perguntou ele colocando algumas sacolas sobre a cama que havia do outro lado do cômodo.

- Fala sério! Surdo eu sei que você não é nenhum pouco, então só me responde! –Falei com a voz áspera, levantando a cabeça para poder encará-lo.

- Primeiro que faz três dias que mordi você e você só acordou agora. Eu me empolguei. – Explicou ele aproximando-se em passos lentos, agachando a poucos centímetros de mim e mesmo que não estivesse com medo meu corpo simplesmente se encolheu ainda mais. – E segundo que eu não vou matar você, seria fácil demais e um desperdício enorme. Eu vou transformar você. 

Academia de Vampiros - Ligação de Sangue (LIVRO 3)Where stories live. Discover now