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— Do que você está falando, sua doida? O que quer com a minha amiga?

Rebeca tentava parecer inocente e surpresa, ansiando ganhar tempo para pensar em um meio de fugir. Contudo, sabia que suas chances eram remotas. Aquelas pessoas não estavam brincando e, se o que Adriana disse fosse verdade, estava mais encrencada do que imaginava.

Silvia aproximou-se dela com passos duros, como a expressão em sua face alva e bela. Seu olhar safira, era tão gélido que Rebeca sentiu um calafrio percorrer sua coluna, desde a base até a nuca. Nunca viu alguém tão linda e, ao mesmo tempo, tão assustadora. Tudo naquela mulher lhe dava medo, desde a beleza e voz macia até os gestos brutos e violentos.

Ela amassou a foto que segurava, jogando-a sobre a mesinha de centro. Ergueu Rebeca do sofá e a encarou por um longo momento. Analisou cada detalhe do rosto bronzeado, desde os lábios rosados até o castanho brilhante dos olhos e a pintinha charmosa no nariz.

Aquela foto do crachá, não fazia jus a beleza dela, mas um rosto bonito não impediria Silvia de fazer o que era necessário para encontrar a amiga. A devolveu para o sofá com um tapa violento. Repetiu o golpe mais uma vez, até que a vítima revidou. Rebeca devolveu os tapas com um soco forte no queixo e Silvia deu um passo atrás, momentaneamente desorientada e surpresa. O gesto só aumentou a raiva da ex-policial que a encarou faiscante e desviou do soco seguinte, atirando a assaltante no chão.

No sofá ao lado, Cobra esticou as pernas, tranquilamente. A simpatia que tinha sentido pela moça, já não existia. Coçou o queixo, a barba por fazer arranhando a ponta de seus dedos e fazendo ruído. Se pôs de pé, foi até a porta e por lá ficou, com a arma na mão e olhar inexpressivo, enquanto Silvia, com um dos joelhos sobre as costas de Rebeca, torcia o braço desta.

A moça mordeu o lábio para não gritar, cada vez mais ciente de que não tinha como escapar. Se por algum milagre, conseguisse fugir daqueles dois, não teria a mesma sorte com os outros três parados na frente da casa.

— Onde ela está? Onde Bianca está?! – Aumentou a pressão no braço que torcia.

— Não sei do que você está falando!

Silvia não estava com paciência para joguinhos. A pôs de pé, então a chutou e jogou no chão, novamente, quando ela a insultou. Rebeca caiu de cara no piso, sentindo o sabor de seu próprio sangue, maculando a cerâmica branca com algumas gotas que lhe escaparam entre os lábios. Encolheu-se ao receber um chute no ventre e outro na face.

— Onde ela está?

Cobra estranhou aquele momento de descontrole. Nunca a vira perder a calma daquela maneira. O jeito como o confrontou na noite anterior, foi o mais próximo da raiva que já a vira chegar.

Rebeca se encolheu ainda mais, cuspindo sangue e buscando o ar que os chutes lhe tiraram. Silvia tinha consciência de que estava passando dos limites, mas ver Bianca escolher fugir com uma criminosa, optar por salvar a vida dela em vez da sua própria, estava entalado em sua garganta, causando uma mistura de sentimentos tão intensa que jamais imaginou ser capaz de sentir.

Deu uma volta pelo cômodo, para aplacar um pouco da raiva e, com um golpe, atirou todos os porta-retratos que estavam sobre o aparador no chão. Ficou olhando para os cacos por um minuto longo demais, enquanto recuperava o sangue frio e, quando se voltou para Rebeca, era ela mesma novamente.

A colocou de joelhos, pressionando a arma em sua têmpora.

— Me diga onde ela está e poupo sua vida — a voz soou tão fria quanto o metal da arma que segurava.

Reféns do DesejoWhere stories live. Discover now