CAPÍTULO 19-FELIPE DESCOBRE QUE ESTÁ APAIXONADO POR LUÍS

256 43 6
                                    


Felipe chegou à academia e vestiu as roupas apropriadas que Luís já conseguira pra ele.

Acreditava nas palavras que o primo lhe falara naquela manhã:

_Vai ser bom, primo, porque eles também começaram agora e aí você não estará tão atrasado. Você vai aprender rapidinho, eu lhe garanto. 

Luís o apresentou à turma e a aula começou.

Levou pouco tempo, até que os garotos perceberam como Felipe estava desajeitado e amedrontado com os golpes que eles lhe dirigiam. 

A cada reclamação do cabeleireiro, seguiam-se risinhos disfarçados para não irritar o professor.

Enquanto os alunos se divertiam, Felipe ia ficando cada vez mais incomodado com as caras malvadas que já não tinham dúvidas de que aqueles gritinhos constantes pertenciam a um gay afeminado.

De repente, um dos garotos conseguiu derrubar Felipe pela décima vez e ele explodiu:

_Pronto! Parei! Não vou continuar com esta turma, Luís! Eles estão acabando comigo!_disse se dirigindo até o primo.

_Se você não ficasse com esses seus gritinhos...deixa de ser tão pintosa, Felipe! Eles mal te tocam e você já faz escândalo! Sente-se ali até a aula acabar que depois a gente conversa._disse Luís nervoso.

Felipe ainda percebeu outros risinhos dos alunos que o olhavam e cochichavam.

Quando foram para casa e Felipe reiterou o desejo de não voltar mais às aulas, Luís tentou convencê-lo, mas sem muito sucesso.

_Eles estão umas três ou quatro aulas na sua frente, Felipe._imitou o primo com desdém._Seu mentiroso! Aquele ruivinho disse que estão a nove aulas na minha frente, Luís! Você quer o quê? Que eles acabem comigo?_Felipe entrou em casa  visivelmente traído.

_Ok, ok...façamos o seguinte, então. Eu te dou umas aulas em casa até você chegar ao nível deles, pronto. Daqui uma semana, você retorna à turma, tudo bem assim?

Felipe se soltou no sofá:

_Ah, Luís, acho que isso não vai dar certo, cara! Odeio violência, você sabe disso! Não levo jeito pra coisa e meus ossos todos estão fora do lugar._ele começou a esfregar as costas fazendo cara de dor.

_É que são movimentos novos, diferentes e você não está acostumado, só isso. Depois do que eu vi na aula hoje, estou mais apavorado ainda: qualquer um te derruba, Felipe! Aliás, você nunca brigou na vida?

_Ok...nunca briguei na vida, realmente. Primeiro, você me defendia na escola, quando foi embora, me submetia a qualquer brincadeira dos meus colegas sem enfrentá-los. Eu não brigo, eu fujo, Luís! Tirando a vez em que a Toni me defendeu e arrebentou a cara de um engraçadinho que me ameaçava lá no salão.

_A Toni? Aliás, ela tem faltado às aulas.

_É, ela está acompanhando a Sara,  aquela garota fofa de quem eu lhe falei. Elas se tornaram amigas e agora  que Sara perdeu a avó, Toni está cuidando dela.

_Não sabia que a Toni levava jeito para mãezona.

"Aquilo ali está longe de ser mãezona, bobinho", pensou Felipe.

_Bom, já que você se ofereceu para fazer o jantar, eu vou tomar banho, porque estou realmente todo dolorido, Luís._gemeu Felipe se dirigindo para o banheiro.

Luís o alcançou e puxou para trás.

_Não. Venha cá que eu faço uma massagem que vai te deixar novinho, vem.

MEU PORTO SEGURO É VOCÊ-Um romance para gays e lésbicas-Armando Scoth LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora