Capítulo 21

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-Você em Nova York depois de quase um ano... - Disse a tia com um meio sorriso. - Seria burrice minha achar que tudo está voltando ao normal?

-May, você sabe que eu não posso voltar. - Peter disse com peso na voz.

-Eu sei, Peter. - May respondeu como se já tivesse ouvido aquilo várias vezes. - Eu não estou falando sobre voltar a morar comigo. Mas bem que você poderia aparecer de vez em quando, ou ao menos me ligar pra dar satisfações. Garanto que não iria comprometer a sua missão tão importante.

-Ligar pra te contar o que? Que eu estou em outro estado colocando minha vida em risco do jeito que você tem tanto medo? - Ele respondeu, aborrecido.

-Ao menos eu saberia que você está vivo, Peter. - Ela bufou. - Pois, mesmo que você não perceba, é só com isso que eu me importo.

Aquela era uma velha discussão que já tinha sido orquestrada várias vezes naquela mesma mesa de jantar. Ambos já estavam cansados dos mesmos argumentos e da briga que parecia sem fim, e que desgastava cada vez mais a relação familiar entre os dois.

-Escuta. - Disse May após suspirar pesado. - Eu entendo o que está fazendo. E acho nobre, de verdade. Principalmente porque sei que toda essa coragem e vontade de ajudar os outros está no seu sangue.

Peter ergueu a cabeça em sinal de surpresa.

-Eu sei sobre os seus pais. - Atestou a mulher. - Stark me contou depois que você foi embora. Disse que eles foram sua principal motivação pra entrar pros Vingadores quando descobriu a verdade. E, sendo sincera, eu e seu tio nunca acreditamos muito na versão da polícia sobre o acidente de avião.

-May, eu... - Disse o garoto, estupefato.

-Eu entendi a sua escolha. Não consigo imaginar o quanto foi difícil pra você crescer sem eles. - Ela continuou. - Mas seus pais são o maior exemplo que posso te dar do porquê tenho tanta preocupação. Essa vida que você escolheu tem consequências, Peter. E eu não quero ficar sozinha no mundo.

-Eu jamais te deixaria sozinha...

-Eu sei – A tia o interrompeu novamente, com a voz embargada. - Não estou falando da nossa briga, estou falando de perder você. - Ela fez uma pausa para se recompor. - Mas, como eu disse, está no seu sangue querer fazer o bem sem medir esforços. Você é crescido o suficiente pra tomar suas próprias decisões, e eu não posso te impedir de fazer isso se é o que você quer. Por isso eu não vou tentar mais.

-Não vai? - Peter perguntou confuso.

-Não vou. - Ela confirmou. - Jamais serei a favor de você se colocar em perigo, mas eu prefiro que faça isso estando próximo de mim do que onde eu não terei a oportunidade de te dizer adeus se algo acontecer.

O rapaz abraçou-a por instinto imediatamente, fazendo com que May soltasse as lágrimas. Ele próprio precisou se segurar, pois aquela separação estava o sufocando como se fosse a falta de uma mãe. A mulher separou os dois alguns instantes depois.

-Estar disposto a arriscar a sua própria vida para salvar os outros é muito nobre, Peter. E eu sempre vi essa qualidade em você. - Ela explicou. - Sempre soube que o seu coração era capaz disso. Meu único problema é que o meu sobrinho, meu Peter, é quem está lá lutando contra aqueles extraterrestres esquisitos e robôs gigantes, entende? - Ela riu, e o rapaz a acompanhou. - Eu tenho muito orgulho de você, querido. Seu tio também tinha, e seus pais também teriam ao ver o homem que você se tornou.

Os dois se abraçaram novamente, e desta vez Peter não conseguiu conter-se. Sempre que ouvia falar do tio ou dos pais, principalmente pensando na possibilidade de estarem vivos, ele ficava emocionado. E ouvir a tia falar daquele jeito depois de tanto tempo era muito libertador.

Guerreiros de Aço | P. PARKERWhere stories live. Discover now