seven

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Transportava agora aquele pedaço de papel impresso todos os dias para a escola, e tentava sempre compará-lo quando encontrava a sua face visível. Poucas vezes, ele encontrava-me escondida atrás de pilares do pátio interior, mas sempre que os nossos olhares se encontravam, fingia que nada se tinha passado. Eu ainda me encontrava incrédula, mesmo após uma semana do meu descobrimento, sem estar, assim, confirmado.

Tentava confirmar mais uma vez as parecenças entre o rapaz da fotografia e o jovem que se encontrava à vinte metros de distância de mim.

Os nossos campos de visão encontraram-se, novamente, e decidi, rapidamente, sentar-me num banco que se pudesse encontrar perto do meu local onde o estava a espiar. Ele riu-se da minha ação, sorrindo de lado. Continuei a olhar para ele ao mesmo tempo que escondia a impressão dentro da minha mochila. Os seus lábios mexiam-se, mas eu não era capaz de ouvir nada; as suas mãos movimentavam-se, mas a línguagem corporal não era o meu forte. Ele deu a sua última palavra e arranjou a única alça que se encontrava no seu ombro, caminhando um pouco depois, na minha direção.

"Sou assim tão bonito, para não parares de olhar para mim?" começou, convencido, assim que parou à minha frente.

"Bom dia, para ti também." saudei irónica.

Os seu dedo indicador que segurava a alça esticou-se, apontando para o banco que se encontrava com um lugar vago ao meu lado, questionando-me se ele se podia sentar, sacudi a cabeça em afirmação.

"Como te chamas?" decidi perguntar, tentando esclarecer as minhas dúvidas.

"Harry." respondeu-me, olhando para o seus próprios pés.

"Eu sou a E-" fui interrompida mais uma vez.

"Erica." ele sorriu, agora encarando-me "Eu sei quem és. Se não comesses tanto queijo acho que te lembrarias de mim."

"O Harry da primeira feira popular." falei, arrastando as palavras, e assim aliviando-me.

"Afinal ainda sabes quem sou." comentou, levando a sua mão à parte traseira da cabeça, coçando-a.

"Tu foste abandonado." tentei ser o maior direta possível, acabando com as minhas questões "Não foste?"

"Fui." ele arranjou o cabelo "Mas fui adotado pelo Sr. e pela Srº, Flintson."

"Eles são os meus vizinhos de frente."

"Eu sei." ele gargalhou sozinho "É por isso que te reconheci."

"Mas eu não te conheci porquê?" perguntei-lhe, duvidosa.

"Porque eu fiquei ainda três anos na rua." pousou as mãos nos seus joelhos "Não tenho culpa que ninguém me queira."

"Não é bem iss-" a campainha tocou, interrompendo-me.

O facto de estar habituada que me interrompam, era uma realidade que eu detestava, mas com o tempo, ajudou-me, porque dá-me a chance de pensar duas vezes no rumo da minha conversa com alguém.

"Tenho de ir para a aula." despachei-o.

"Mas-" interrompi-o agora.

"Desculpa, falamos depois." e afastei-me dele o mais depressa possível.

"Isto é demasiado para mim." pensei enquanto corria a sete pés.

Thantophobia | h.s {reeditar}Where stories live. Discover now