eight

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Caminhava cansada até à aula de Filosofia por obrigação do meu pai, já que o Travis enfiou-lhe dentro da cabeça ideias para me manter o maior tempo possível fora de casa, então esta seria a última aula do dia. Sentei-me num lugar aleatório, no centro da sala, e retirei um pequeno caderno juntamente com a minha esferográfica, esperando impacientemente que a campainha tocasse, e pensando que após segundos o professor que nos iria dar a aula, finalmente, comparecesse.

Olhava para o relógio sucessivamente, esperando que o minuto que faltava passasse rapidamente. Meia dúzia de alunos já começara a entrar na grande sala de aula, sentando-se, como eu, em lugares completamente aleatórios. Um sétimo aluno entrou juntamente com aquela meia dúzia, mas aparentava ser muito mais solitário em comparação aos outros. Ele parou de encarar o chão para olhar para mim. Harry. Um sorriso sem dentes formou-se na sua cara e caminhou até à mesa que se situava atrás de mim, sentando-se na mesma. A campainha tocou. Virei-me na sua direção, fazendo meia roda com o meu tronco, indiscreta e direta decidi falar com ele.

"Andas a seguir-me?"

"Foste tu que estiveste a espiar-me durante uma semana inteira." ele respondeu, levantando um canto dos seus lábios enquanto abria o seu caderno preto.

Voltei-me novamente para a frente, pousando as mãos em cima das minhas pernas e suspirando, dando-lhe razão. O professor entrou na sala juntamente com o resto dos alunos, primeiramente, deixando-os entrar. Sentou-se e começou por retirar uma caneta para escrever no quadro branco.

"Boa tarde. Hoje vamos falar sobre a..." virou-se de costas para todas as pessoas presentes na sala e começou a escrever, consequente as sílabas que pronunciava "Morte." fechou a tampa e pousou-a na secretária, puxando a sua cadeira para o centro da sala, tendo uma visão para todos em geral, e por fim, sentando-se na mesma "A morte é a saída de algo ou de alguém do planeta terra, certo?" apoiou os seus cotovelos nas pernas “Quando é a altura de uma pessoa de se despedir de vez. É como se a vida de uma…” bateu as palmas bruscamente “Puf, desapareceu.” entrelaçou os dedos "Digam-me formas de morte."

"Perigo nas ruas." falou um rapaz ruivo, que se situava na primeira fila "Por exemplo os assaltantes, raptores; até os acidentes que necessitavam de mais cautela, como os acidentes na estrada, atropelamentos." terminou ele.

"Depressões." deu como opção outra rapariga que se encontrava ao meu lado "Muitas dessas depressões dão a pensamentos suicidas, que os fazem tomarem drogas, como uma morte mais lenta, e ou acabarem mesmo por se suicidarem."

"Bons exemplos." levou a mão à cara, coçando-se assim, notando-se a falta de originalidade da turma ou do facto de não estarmos a chegar onde o professor queria "Mais?"

"Falta de alimento e hidratação." falou uma outra aluna.

"Quedas." outra opção dita agora por um aluno.

"Partir o pescoço." comentou um rapaz, que me provocou um suspiro e um revirar de olhos.

"Vocês são melhores que isto." reclamava o homem "Não sabem mais nada?"

Um silêncio constrangedor permaneceu na sala, mas foi interrompido pela voz do rapaz que se situava atrás de mim.

"Doenças." a sua voz ecoou pela sala espaçosa, mas quase vazia.

"Como por exemplo?" o professor deu a sua atenção ao Harry, permitindo-lhe a continuação do seu exemplo.

"Cancro." concluiu ele, a minha cabeça estava ligeiramente inclinada e meti o cabelo atrás da orelha, para ter uma melhor audição da sua voz.

Thantophobia | h.s {reeditar}Où les histoires vivent. Découvrez maintenant