CAP. 1 - O que um tombo não faz

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- Ah! - Levantei da cama, bocejando, sem a mínima vontade de levantar.

- Vamos Jennifer, ou eu vou pra escola e te deixo aí. - John bateu na minha porta e logo depois ouvi a porta do banheiro fechando.

- Não, John, volta aqui! - Corri até a porta do banheiro, tropeçando em todas as roupas no chão do meu quarto. - Hoje eu vou dirigir o carro.

- Não mesmo - John colocou a cabeça pra fora, apoiado na porta. - Ontem você saiu a tarde inteira com a Lizzie, e eu fiquei sem o carro.

- Hey, o que está acontecendo aqui? - Minha mãe gritou.

- Ela não quer me emprestar o carro! - O imprestável, vulgo meu irmão, reclamou.

- Ninguém vai  usar o carro hoje. Eu vou usar porque vou deixar meu carro no mecânico. - Minha mãe ia saindo, mas parou nos encarando. - E sem briga!

- Droga! - Reclamamos.

Voltei para o quarto, tropeçando nas roupas. Nota mental: arrumar o quarto quando voltar. Fui até o guarda-roupa e escolhi uma roupa básica. Jeans, camiseta de banda e o meu inseparável all-star. Esperei John sair e fui para o banheiro fazer  toda minha higiene matinal e depois fui na cozinha pegar o meu lanche.

- E aí? - John chegou no meu lado e desarrumando meu cabelo.

- Não faz isso menino! - Arrumei o meu cabelo e bati no braço dele. - Enfim, vai como pra escola?

- De carro com o Math e o Chris, duh. - Logo vi o carro de Math entrando na rua com pressa, quase nos atropelando quando parou.

- Vai tirar a mãe da forca, garoto? - Gritei para Math que escutava música alta e balançava a cabeça envolvido na mesma.

- Bom dia pra você também, gatinha. - disse Math piscando o olho com um sorriso de canto. Logo de manhã começando com as provocações. Ele queria levar um tapa na cara, isso sim.

- Tchau! - disse John, já entrando no carro me deixando plantada em frente a nossa casa.

- Como assim? Vocês vão me deixar plantada aqui?! - Eu gritei enquanto observava o carro se afastando. Como dá pra perceber meu irmão me ama muito, me deixando aqui plantada. Eu podia ser estuprada, assaltada, até mesmo sequestrada. Pera, que que eu tô falando? Quem iria me sequestrar? Eu dou muito trabalho.


- O jeito é ir andando mesmo! - Fui caminhando, afinal ainda era cedo e eu não me atrasaria.

Nesse tempo dá pra pensar em mil maneiras de matar meu irmão. Acho que vou escrever um livro com esse nome. Com certeza venderia bastante. Continuei caminhando, reclamando de ter que andar, quando de repente um carro alto, todo filmado, com as janelas fechadas para do meu lado. Gelei. Tudo o que eu pensava era "Fodeu, eu vou ser estuprada, depois sequestrada, vão me cortar em pedacinhos e dar de comida pra algum cachorro!". A janela do carro começou a abaixar e eu me perguntava o que eu ainda estava fazendo parada ali. Resolvi sair correndo, como uma louca, e acabei tropeçando em uma vala no meio da calçada, consequentemente indo de cara no chão. Uma pessoa saiu correndo de dentro daquele mesmo carro e começou a se aproximar. Ai. Meu. Deus. Que mico! O meu vizinho lindo me viu tomando aquele tombo. Era ele dentro daquele carro, como eu não percebi antes?! Ai que mico! Jennifer, se controla ele ta vindo aí. Se finja de normal pelo menos, por favor!

- Meu Deus, Jenny você tá bem? Por que saiu correndo daquele jeito? Eu parei pra te dar uma carona e do nada você ficou pálida e saiu correndo... - Disse Justin. Nós sempre fomos vizinhos, ele sempre foi um grande amigo meu apesar de ele ser o capitão do time de futebol e eu ser apenas a garota quieta que prefere um bom livro do que uma festa. A gente raramente se fala na escola mas mesmo assim ele não deixa de ser uma boa pessoa.

Foi um pouco difícil me concentrar em uma resposta coerente, que não soasse como se eu estivesse com medo ou parecesse louca por ter saído correndo sem motivo. Aqueles olhos cor de mel me encarando tão intensamente com um tom de preocupação neles! Quando saí do pequeno transe, tudo que eu conseguir falar foi:

- Nossa seus olhos são muito bonitos! - Parabéns Jenny, você realmente é muito esperta! Passou uns vinte minutos pensando pra não falar besteira e fala "Nossa, seus olhos são muito bonitos!". Pode se matar já!

- Que bom que depois de você quase ter se esborrachado no chão ainda consegue ter senso de humor. - Ele soltou uma risada fraca e abriu um sorriso perfeito. Ah meu Deus, por que tão lindo? Por que, senhor? Então, ele me ajudou a levantar.

- Você não se machucou? - Ele perguntou ainda com aquele sorriso.

- Não. Por incrível que possa parecer. - Eu respondi dando uma risadinha tímida.

- Você não vai sempre de carro com o seu irmão? - Ele perguntou me lembrando que eu ainda precisava de uma vingança pro meu querido irmão.

Pera. Ah meu Deus, ele repara que eu vou de carro com meu irmão! Ok, se controla. Nada de dar uma dessas garotinhas da escola que fica correndo atrás dele. Você tem dignidade, não precisa correr atrás de ninguém. Responda normalmente, se isso é possível.

- Pois é, mas minha mãe ficou com o carro e ele foi com o Math e o Chris. - Eu respondi da forma mais calma e normal possível.

- Ele te deixou sozinha? É bem coisa do seu irmão mesmo! Enfim, eu vi você andando e resolvi ver se você queria carona, antes de você sair correndo e todas essas coisas acontecerem. E aí, aceita? - Ele me perguntou. Ah tá, como se eu fosse responder não. Eu não queria andar e muito menos ia negar a companhia de um Deus desses.

- Claro! - Respondi. Seguimos até o carro, e ele abriu a porta pra mim. Depois, seguiu até o lado do motorista e entrou, logo começando a dirigir.

Como ele fica lindo dirigindo! E até que dirigi muito bem. Gente, como nunca reparei nesses braços? Meu senhor! Tá ficando quente aqui dentro ou é só impressão? Continuei imersa nos meus pensamentos enquanto a gente não chegava na escola.

- Obrigado! - Eu olhei pra ele, confusa.

- Er, pelo o que, exatamente?

- Pelo elogio. Não tive tempo de agradecer. A propósito, seus olhos são muito bonitos também! - Ele disse sorrindo e olhando para mim, desviando a atenção da rua por alguns segundos. Esse sorriso é o que cada vez mais me tirava um suspiro. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas e olhei para frente, vendo a fachada da escola. High School Hawk. Era até bonito o nome, dava um impacto legal.

A gente chegou no estacionamento da escola. Já tinha muitas pessoas entrando ou no estacionamento, conversando. Ele estacionou o carro e eu já fui saindo. Ainda estava constrangida, na verdade, tendo um ataque, por ter saído correndo. Ai que vergonha, vou me lembrar disso pro resto da vida! Quando eu já estava fora do carro, e ele também, me virei em sua direção.

- Obrigada pela carona! - Eu disse com um sorriso tímido no rosto, segurando firme minha bolsa em meu ombro. Por que toda hora que eu o olhava ele estava sorrindo? Assim fica difícil de respirar, amigo. Deixei meus pensamento de lado.

- Não tem de quê. Gosto da sua companhia! - Ele disse, todo fofinho. Ah senhor, assim não dá. Eu dei um sorrisinho.

- Bom, acho melhor eu ir indo. - Acenei pra ele enquanto eu andava em direção à porta da escola. Ele ia em direção aos seus amigos que estavam no estacionamento.

You Belong With MeWhere stories live. Discover now