INVESTIR? OPERAR? JOGAR?

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Os recém-chegados ao mercado se defrontam com três caminhos que levam a uma floresta cheia de tesouros e armadilhas. O primeiro caminho, para investidores, percorre áreas ensolaradas. Quase todos que escolhem essa trajetória saem vivos e, às vezes, bem mais ricos. O segundo caminho, para operadores, leva ao coração da floresta. Muitos exploradores desaparecem no percurso, mas os que se desvencilharam dos perigos parecem prósperos. O terceiro é um atalho que leva os jogadores para um pântano.

Como identificar cada um desses caminhos? É preciso escolher com cuidado o melhor roteiro, pois, em caso de erro, o grande risco é que você acabe caindo na trilha dos jogadores, inclusive porque ela cruza os caminhos dos investidores e dos operadores. Voltaremos a essa questão nos capítulos sobre psicologia das operações de mercado.

INVESTIDOR INTELIGENTE

Os investidores lucram com a identificação de novas tendências na economia e com a entrada no mercado para a exploração desses filões, antes que a maioria desperte para tais oportunidades. O investidor sábio pode ganhar enormes lucros percentuais, simplesmente mantendo suas posições, sem ser demasiado ativo.

Na década de 1970, comprei ações de uma empresa chamada KinderCare, que dirigia uma cadeia de clínicas pediátricas. Seu propósito era tornar as clínicas tão uniformes e confiáveis quanto os hambúrgueres do McDonald's. A KinderCare prestava serviços aos baby boomers, que tinham filhos a torto e a direito. Naquela época, metade de minhas amigas estava grávida. Uma grande mudança social sacudia os Estados Unidos, com as mulheres passando a trabalhar fora em quantidades sem precedentes. Alguém tinha de cuidar dos bebês de todas aquelas famílias em que o homem e a mulher trabalhavam fora. Assim, as ações da KinderCare subiram na crista da nova tendência social.

A AT&T detinha o monopólio da telefonia a longa distância. Até que, em fins da década de 1970, uma minúscula empresa emergente muito promissora, chamada MCI, ganhou uma briga de cachorro grande, o que criou condições para que competisse com a AT&T. A era da desregulamentação estava chegando e as ações da MCI – a primeira empresa no novo nicho – estavam cotadas a US$3, outra grande oportunidade para estar na nova onda.

Poucos anos atrás, cheguei a Nova York, proveniente do Caribe, com meu amigo George. Ele ficou milionário, comprando US$30 mil em ações da Dell, antes que a maioria das pessoas tivesse ouvido falar na empresa, e vendendo-as no topo da alta, três anos depois, com base em análises técnicas. Refestelado em sua poltrona na primeira classe, George analisava várias recomendações de investimento, na tentativa de acertar na próxima grande dica, que na época era tecnologia de Internet. Como ele estava certo! Em um ano, as ações das empresas de Internet pairavam nas alturas, desafiando a própria gravidade.

Esse é o grande fascínio dos investimentos. Se você conseguir comprar um naco da Dell a US$4 por ação e lucrar US$80 poucos anos depois, é fácil passar uma semana num resort, em vez de ficar sentado defronte de um computador, observando cada movimento (tick) de alta ou baixa das ações.

Quais são as desvantagens? Investir requer muita paciência e grande dose de autoconfiança. Para comprar ações da Chrysler, pouco depois de ela ter sido resgatada da


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beira da falência, ou de sites de busca na Internet, como a Google, quando ninguém sabia o que significavam essas palavras, era preciso ter muita segurança na própria capacidade de interpretar as tendências sociais e econômicas. Todos somos inteligentes depois do jogo; muito poucos são inteligentes no começo do jogo, e apenas uma porcentagem minúscula tem força emocional para apostar pesado em suas previsões e sustentar a posição. Quem consegue fazê-lo como estilo de jogo, a exemplo de Warren Buffett ou Peter Lynch, é exaltado como superstar.

APRENDA A OPERAR NO MERCADO DE AÇÕESWhere stories live. Discover now