OPERAR NOS MERCADOS COMO MEIO DE VIDA

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As operações de mercado nos atraem com sua promessa de liberdade. Como operador, você pode morar e trabalhar em qualquer lugar do mundo, ser independente da rotina e não prestar contas a ninguém. Você tem condições de trabalhar na praia, numa casa de campo ou num chalé no alto de uma montanha, desde que tenha uma boa conexão pela Internet. Você não tem chefe, não tem clientes, não tem despertador. Você é você próprio.

As pessoas falam muito em seus sonhos de liberdade, mas muita gente fica assustada com a liberdade. Se eu parar de ganhar dinheiro por qualquer razão, não importa qual seja, nenhuma empresa cuidará de mim. Esse é um pensamento assustador para quase todo o mundo. Não admira que tanta gente tenha ficado acostumada com a segurança de nossas gaiolas organizacionais.

Mas os animais em cativeiro desenvolvem todos os tipos de comportamentos neuróticos. Neurose comum é dependência em relação ao ciclo ganha-e-gasta. Aprendemos desde a infância que nosso lugar na sociedade é definido pelo que consumimos. Quem dirige um automóvel de US$50 mil é melhor e mais bem-sucedido que quem dirige um carro popular


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de US$15 mil, embora o vizinho que dirija um utilitário esportivo de US$120 mil também seja um ganhador ainda mais especial. O homem que se veste numa butique Armani é mais refinado do que alguém que compra suas calças e camisas na loja da esquina. A sociedade acena com inúmeras cenouras à nossa frente. Os anúncios não vendem comida, abrigo ou transporte, mas doses de autoestima. Os viciados se sentem reanimados pela droga só durante pouco tempo. Passamos a vida toda fazendo força para acompanhar os Silvas, e aqueles desgraçados nunca sossegam o facho. Estão sempre melhorando de vida e a gente tem que correr atrás.

A liberdade começa em nossas mentes, não em nossas contas bancárias. Para libertar-se, o ponto de partida é conscientizar-se de seus gastos. Você talvez conclua de que precisa de muito menos do que supõe, trazendo a liberdade para muito mais perto de você.

Um analista de Wall Street, chamado Joe Dominguez, poupou dinheiro suficiente para aposentar-se aos 31 anos. Passou o resto da vida divertindo-se, trabalhando como voluntário e escrevendo um livro intitulado Your Money or Your Life.

Não estamos ganhando a vida, estamos ganhando a morte. Pense no trabalhador americano típico. O despertador toca às 6h45 e nosso homem ou mulher se levanta e começa a correr. Toma banho, veste o uniforme profissional – ternos ou tailleurs para alguns, aventais para outros, brancos para os profissionais de saúde, jeans ou camisas de flanela para trabalhadores da construção civil. Café da manhã, se tiver tempo. Maleta executiva ou marmita, conforme o caso, e carro próprio ou transporte coletivo, naquele suplício diário chamado hora do rush. Jornada de trabalho das nove às cinco. Lidar com o chefe. Relacionar-se com os colegas de trabalho que vieram do inferno para atazanar a sua vida. Tratar com fornecedores. Enfrentar fregueses, clientes e pacientes. Fingir que está ocupado. Ocultar os erros. Sorrir ao receber missões impossíveis. Suspirar de alívio quando a guilhotina conhecida como "reestruturação" ou "enxugamento" – ou simplesmente programa de demissão voluntária – atinge outras cabeças e poupa a sua. Desvencilhar-se da carga de trabalho adicional. Olhar para o relógio. Discutir com sua consciência, mas concordar com o chefe. Sorrir de novo. Cinco horas. De volta ao carro ou ao transporte coletivo e de volta à estrada para enfrentar novamente o engarrafamento. Casa. Bancar o humano com cara-metade, filhos ou simplesmente co-locatários. Comer. Ver televisão. Finalmente dormir. Oito horas de fuga abençoada.

E chamam isso de ganhar a vida? Pense um pouco? Quantas pessoas você conhece que estão mais vivas no fim do que no início do dia de trabalho?... Será que não estamos nos matando – nossa saúde, nossos relacionamentos, nosso senso de alegria e de admiração – por nosso emprego? Estamos sacrificando a vida por dinheiro – mas acontece tão aos poucos que mal nos damos conta da realidade.

APRENDA A OPERAR NO MERCADO DE AÇÕESWhere stories live. Discover now