Encontro duplo

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"Posso ser a pessoa que você fala em todas as suas histórias? Posso ser ele?"

    James Arthur, Can I be Him.

Max                                                    


Nuttha está tirando algumas selfies quando Tul chega. Abro um sorriso mas, logo meu sorriso se apaga.
Ele não está sozinho.
— Desculpem a demora, P'Sun demorou um pouco para se arrumar.
P'Sun é alto, um pouco mais alto que Tul. Sua pele é quase oliva e seu cabelo castanho caí em ondinhas até os ombros. Eu odeio admitir mas, ele é bonito.
— Sawasdee ka *, P'Sun. É um prazer conhecê-lo. Você é amigo de P'Tul?
Nuttha parece muito interessada em saber sobre P''Sun enquanto eu, quero que o chão do pequeno café em que estamos se abra e me engula.
P'Sun olha para Tul como se quisesse devorá-lo, e talvez ele queira mesmo.
— É, amigos. — P'Sun afirma, dando uma risadinha.
Tul se vira para mim e P'Sun me encara. Não sei se é impressão minha ou P'Sun realmente me lança um olhar debochado.
— P'Sun, esse é o Max. Nós... — Tul dá uma pausa. — Trabalhamos juntos.
— Claro. Sawasdee ka *, P'Max. É um prazer conhecê-lo. Me desculpem ter vindo sem ser convidado mas, P'Tul fez questão que eu viesse.
Tul e P'Sun se sentam um ao lado do outro.
— Que ótimo! Não se sinta envergonhado, P'Sun. — Diz Nuttha. — Amigos de P'Tul são sempre bem-vindos.
Eu encaro Tul mas os olhos dele estão perdidos nos olhos de P'Sun.
Sinto meu coração se partir.

                                                     Tul

Peço um chá gelado e P'Sun pede um expresso com leite e canela.
Sinto os olhos do Max o tempo inteiro em minha direção. Max sabe que P'Sun não é um amigo, e no fundo nem eu sei o que ele e eu somos. Também não sei por que eu insisti que ele viesse. Talvez pelo fato de não ficar sozinho entre Max e Nuttha, sua fiel namorada.
Max está calado e me pergunto o que está se passando na cabeça dele.
— E então P'Sun, como você e o P'Tul se conheceram?
P'Sun me encara com um sorriso safado, e eu aperto a coxa dele por debaixo da mesa. Ninguém precisa saber que fomos para a cama no primeiro dia em que nos conhecemos.
— Foi em uma festa. — Ele diz simplesmente.
Max ergue a sobrancelha e parece não acreditar. Ele se vira para Nuttha e ajeita distraidamente o cabelo dela enquanto ela toma sua bebida verde. E ali naquele momento, eu sei. Todas as vezes em que Max me disse para esperar, para esperar só mais um pouco por ele, na verdade ele estava dizendo para eu ir, ele estava dizendo que ele nunca iria abandonar Nuttha por mim.
— Você está bem? — Pergunta P'Sun enquanto apoia sua mão na minha.
Sinto um nó na garganta e respiro fundo.
— Sim, está tudo bem.
Max está olhando para nós dois, ele se afastou de Nuttha.
— Ah, eu vou no banheiro por um momento.
Me levanto e vou até o banheiro masculino. Fico alguns segundos me encarando no espelho e escuto a porta do banheiro se abrir de novo.
Ainda estou me olhando no espelho quando o reflexo atrás de mim faz eu me virar.
— Você nunca saí com os caras que você transa, por que está saindo com esse?
— Por que você se importa, Max?
A porta do banheiro se abre novamente e Max rapidamente me puxa para um box vazio, fechando a porta e me encostando nela. Suas duas mãos dos lados da minha cabeça.
— Desde quando você gosta de me provocar ciúmes?
— Desde quando você é tão carinhoso com a Nuttha?
— Estou fazendo o meu papel, Tul. Enquanto você continua saindo com qualquer um por aí.
— P'Sun não é qualquer um.  — Eu rebato.
— Você gosta dele?
— Max, isso não importa.
— Importa pra mim, porra! Como eu posso confiar em você?
— Como eu posso confiar em você?
Max me encara por alguns segundos, até o espaço entre nossas bocas diminuirem e sua boca finalmente tomar a minha.

                                              Max

A boca do Tul é tão macia. Forço minha língua para dentro da sua boca e ele geme quando nossas línguas se tocam. Minhas mãos se fincam em sua cintura e a porta balança um pouco quando meu corpo gruda no dele.
É assim toda vez que nos tocamos, eu não me importo com o mundo lá fora, tudo o que eu quero na verdade é que todo mundo nos escute e nos inveje por estar fazendo amor.

                                                 Tul

Max abaixa minha calça e minha cueca e enfia de uma vez meu pau em sua boca. Eu puxo seu cabelo, fazendo com que meu pau entre mais fundo em sua boca. Minhas pernas estremecem um pouco e sinto vontade de gritar.
Escuto as pessoas entrarem e saírem do banheiro masculino e torço para que ninguém perceba o banheiro do meio sempre ocupado.
— Max, nós deviamos... parar.
Max continua fazendo movimentos circulares com a língua, não consigo segurar por muito mais tempo. Eu explodo.
Ele fica de pé e me beija, meu gosto ainda em sua boca. Ele beija meu pescoço, meu queixo, mordiscando minha orelha ele sussurra:
— Espere por mim, por nós.
E lá está aquela palavra de novo. É o "espere" que me faz parar, voltar para realidade. Cair em si que Nuttha, a namorada do Max, está do lado de fora enquanto Max, o namorado que ela tanto ama e confia, acabou de fazer um boquete em mim.
E P'Sun, seja lá o que ele e eu formos, estamos juntos.
Beijo Max e dessa vez o beijo não é um sinal de que sim, eu vou esperar por ele. Dessa vez o beijo significa "decida que porra você quer"
— Eu não posso mais fazer isso. Eu não posso escolher por você, e nem continuar vivendo por você.
— Do que está falando? — Max parece confuso.
— Você tem a Nuttha, e agora eu tenho P'Sun. Vamos só esquecer que isso aconteceu. Que nos apaixonamos um dia.
Eu ajeito minha roupa, fechando o zíper da calça e me afastando de Max, antes que suas mãos me agarrem de novo e me impeçam de fazer o que eu estou prestes a fazer.
— Mas eu quero você. Tul, por favor.
— Vamos deixar nas mãos do tempo, do destino. Se pertencermos um ao outro, vamos encontrar nosso caminho de volta. Eu serei seu. Enquanto isso, será apenas trabalho. Mesmo eu te amando tanto, Max, eu não posso fazer isso comigo.
Eu abro a porta do banheiro, que está vazio. Eu saio pela porta e não olho para trás para não voltar e me jogar de novo nos braços do homem que eu amo.

                                                 Max

Eu volto para a mesa e Nuttha me recebe com um sorriso. Eu temo por ela, eu temo machucá-la mas eu estou me machucando mais ainda, e machucando Tul também. Como sair disso sem ferir tantas pessoas?
Tul e P'Sun estão distraídos um com o outro e parecem não se dar conta que voltei para a mesa. Tul nem olha em minha direção, como se eu não significasse nada. Como se eu não fosse nada.
Machuca.
— Nós precisamos ir, P'Tul prometeu me levar na academia que ele frequenta.
Tul e P'Sun se levantam e se despedem de nós.
— Volte mais vezes, P'Sun.
  — Claro, foi um prazer conhecê-lá. P'Max, você é um cara de sorte.
Forço um sorriso e posso ver o tom maldoso no que ele diz.
— Nos vemos no trabalho.  — Diz Tul.
Sinto que ele muda a entonação na palavra trabalho, deixando bem claro que sim, será só no trabalho que nos veremos. Isso me quebra.
Observo P'Sun e Tul saírem. Os braços de P'Sun envolta dos ombros de Tul. Fico olhando até o momento em que P'Sun some de vista ao lado do homem que eu amo.
Eu e Tul começamos do fim e terminamos no fim. Nunca vai ter ou teve um começo e um meio.
Tempo.
É tudo que posso desejar, e que esse tempo passe logo e traga de volta o homem que eu acabei de perder.

* Oi em Tailândes (N/T)

Contos que devem ser contados • MaxTulWhere stories live. Discover now