Limite

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Semanas se passaram. Dias se prolongam. Meus sentimentos se aprofundaram e nada  mais mudou.

Como qualquer outro dia sem mais esperanças, acordei cedo e tomei um banho completo e relaxante. No dia anterior eu tinha cortado o cabelo, pois algo em mim tinha que mudar.

Já tinha acostumado a todo sábado ouvir o ronco do motor do Opala, no mesmo horário antes do meio-dia.

Como de praxe, inventava qualquer coisa para ir a garagem, até tirar uma folha do chão.

- Bom dia - Não tinha recepção melhor que olhar naquele rosto e receber aquele sorriso.

Ele me olha profundo. Antes apenas era um olhar qualquer, mas algo que não sei compreendo mudou conforme o tempo.

- Bom dia - A resposta saia automaticamente quando era pra responde-lo.

- Cortou o cabelo, ficou ótimo -  Ele diz casualmente. Nós já havíamos aprendido a sermos menos informal conforme o tempo passou.

Por alguns segundos busquei a certeza do que ouvi, analisei o começo, meio e fim. E achei apenas um sentido. Ele poderia estar elogiando-me?

- Obrigado - Eu não tinha como ficar ali mais um segundo, meu coração bate tão forte que sinto que vou cair a qualquer momento, pois ele vai parar de tanto doer. Por que ele tinha que falar, me abalar com tantas poucas palavras. Sinto meus olhos  arderam.

- Porque faz isso comigo ? - Falo sem mesmo ter pensado. Sinto uma lágrima escorrer dos meus olhos. Estou no meu limite.

Deixo-o me encarando e entro pra dentro de casa cheia de dor e ódio.

Finalmente uma nova chance para arranca-lo de minha vida.

Um novo começo.

Sei que irei sofrer, mas estou determinada a erradicar-te. Depois da tempestade, há o brilho do sol, um novo céu.

Minha família eu iremos nos mudar para uma nova casa, queria que fosse em outro país, bem longe de tudo isso, mas é apenas em outro bairo. Onde sobrará espaço o suficiente para ocupar minha mente e não ter motivos para lembrar de você, é isso que eu espero.

Tudo correu tão rápido que eu apenas o vi quanto retirou o carro da nossa garagem uma última vez. Eu o observei através da pequena fresta da janela. O tempo parou enquanto apenas gravava os detalhes do seu rosto. Meu coração se apertava a cada memória gravada.

Eu nunca mais ia vê-lo e essa é à verdade.
Não tive coragem de encarar seu olhar depois do que falei da última vez, fiquei vulnerável diante dele.

Ver ele partir era mais que doloroso, queria gritar seu nome e dizer que o amava. Mas meus pés estavam enterrados ao chão.

Meu peito estava pesado.
Lágrimas começaram a escorrer sem nem mesmo perceber, a cada passo que ele dava para longe de mim, um pedaço o meu coração caia ao chão frio.

Eu me perguntava porque ele tinha que partir. Não gostava de admitir mas alguém que não era eu, o esperava.

E então ele se foi levando tudo de mim.
Me pergunto se desistir de algo, sem nem mesmo ter conquistado, é coragem ou covardia?

Antes viver aqui, passava a semana ansiando pelo dia que poderia vê-lo. Olhar nos olhos  dele era como uma válvula de escape para a dor acumulada.

Mas agora que tenho a certeza que não o verei mais, é como se meu peito inundasse de águas acumuladas das tempestades que se formaram aqui dentro. Nao há mais sol, não tem dia.

Ao deita minha cabeça no travesseiro, fico pensando em como podíamos ser felizes juntos.

Tentei ler entre as linhas para descobrir a verdade. Vivi um dia de cada vez, tentei capturar o momento para me levar em algum ponto. Mas não deu em nada.
Pensei que apenas trocar sorrisos, olhares e palavras não era o suficiente, mas agora sei que daria tudo para apenas te ver de novo, ao menos alguns segundos.

06/09
00:57 A.M.

Querido Diário.

Como pode destruir tão rápido qualquer felicidade.

Leva embora feito um ciclone e não devolve tão cedo, o aconchegante lado do Amor.
Destro quaisquer planos dos próximos momentos, cegando-me por completo.
Pensamentos e mais pensamentos brotam feito malditas ervas daninhas, pensamentos que apenas alimenta o ódio fazendo-o crescer ainda mais.

Lágrimas traiçoeiras transbordam levando consigo á única gota de alegria que fazia-me dar um sorriso sincero e resplandecente.
Mais uma vez estou jogada a beira do penhasco, esperando o momento que irei cair.

não acredito no amor, tudo em mim está quebrado. não tenho esperanças quando tento enxergar o futuro, pois ele não existe.

O silêncio pode carregar consigo profundos segredos, assim como o escuro cobre os defeitos do mundo.

Carrego grandes pesos que estão acorrentados ao meu coração, que sofre a cada segundo uma bela tortura.
Ando tentando achar o caminho de volta, procurando as migalhas do meu amor.

Escolho manter me ao ermo sofrendo falsamente, ao ter que enfrentar à verdade. É melhor abraça-la e molda-la aos meus braços e se acostumar com a dor.

Lembrarei de você depois de olhar o céu depois da chuva.

Diário De Uma Mulher Apaixonada (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now