Limiar

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Eu me lembro que tudo começou num perfeito dia de domingo. Maravilhoso para visitar a família.

Se o brilho do sol não estivesse tão aconchegante, eu não teria ido tão longe.
Se o céu estivesse cinza, com pesadas gotas de chuva caindo dele, eu não teria saído de casa.

A vontade de sentir o sol esquentar minha pele fria, adentrar meu ser e iluminar minha essência, me fez caminhar até a casa da minha tia, pouco longe.

Mas o que realmente me aqueceu o peito, foi aqueles olhos que me fitaram pela primeira vez, quando parei em frente ao portão.

Desde então desejei saber mais sobre esse homem que estranhamente mexia num carro na garagem da casa dela.

Em muito tempo, eu quis ser egoísta e ter aqueles olhos para mim, para que olhassem apenas para mim junto com que aquele perfeito sorriso.

Mesmo estando em minha cama naquela noite, foi algo impossível de se fazer, expulsa-lo dos meus sonhos. Tudo de um modo tão intenso que nem mesmo eu compreendi.

Comecei a visitá-la mais vezes. Não com intenção de matar a saudade dela como família, mas sim sentir o calor daqueles par de Onix em mim. Aquele sorriso que me prendeu numa cela.

Nao sei se era sorte ou o futuro entrelaçado, e maioria delas ele estava lá, mexendo em seu carro, um Opala marrom em que guarda na vaga de minha tia, já que ela não possuía nenhum veículo.

Parece que meu destino se tornou um  mistério que não posso subestima-lo, ao tentar descobrir o que reservou pra mim.

Eu não soube distinguir se foi obra do nosso querido destino, ou apenas sorte. Mas aquela mesma casa onde guardará seu carro, ficou reservada e minha família alugou-a, preservando a vaga do Opala.

Aqueles olhos negros passou a me fitar mais e mais vezes. Aquele belo sorriso se abria para mim. Tudo nele era, ou melhor é dolorosamente perfeito.

- Olá - Finalmente ele me cumprimentou.

E foi a primeira vez que ouvi aquela voz se mostrou pra mim, no fundo eu sabia que seria uma ruína.

Feito menina o comprometei, toda tímida. Retornei ao meus afazeres, que tinha interrompido quando ouvi ele abrindo o portão. Meu peito trouxe junto um trem desgovernado dentro do meu coração.

Conforme as semanas se passaram, descobri então que ele morava a duas casas depois dá minha. A felicidade me tomava de um jeito bobo, ao deitar a cabeça no travesseiro e imaginar que ele está há algumas paredes da minha.

Comecei a gostar de olhar para seu rosto, anciando o dia que eu poderia tocar seus lábios.

A semente no meu peito se tornou uma árvore sem frutos. Foi exatamente no dia em que percebi que no seu dedo havia uma aliança. Minha dor começou. Porque eu sabia dá verdade que pareceu diante dos meus olhos, uma que não queria ter descoberto.

Tudo se tornou preto no branco e ele era a única coisa que me fazia sorrir de verdade. Ele continuou sendo o mesmo por meses. Mas certo dia percebi um olhar com mais afeto. Ele me encarava de outro jeito diferente, um que não conhecia vindo dele.

De qualquer maneira ali eu sabia que tinha dado início à uma guerra interna dos meus sentimentos. Isso fez meu peito doer mil vezes mais. Foi quando adotei um diário para aliviar-me com palavras. Tirar minha agonia com um lápis numa folha.

5/07.
23:20 A.M.

Querido Diário.

Porque mesmo sendo proibido, mesmo sendo impossível, você faz isso comigo.
Será que não vê em meus olhos? O brilho quando encontram os seus.
Será que não entende o meu tom carregado de emoções quando respondo suas perguntas?

Não sente que quero falar direito em seu ouvido, bem perto para poder sentir seu cheiro e me deleitar.

O que pensa que sou? Uma boneca sem sentimentos?

Está errado. Venho lutando todas as noites na tentativa falha de pensar em como queria tê-lo ao meu lado.
Quando meu coração entende que não posso ter você, seu sorriso se ilumina pra mim, aquele que faz minha pulsação ir as alturas. Enquanto você me olha e mesmo querendo apenas ser gentil, me fala palavras bonitas, está dando-me apenas mais motivos para ter mais afeição a você.

No fundo, sou eu quem sofre, afinal não é um sentimento recíproco.

Essas foram as primeiras palavras que ocuparam a primeira folha do meu diário.

Diário De Uma Mulher Apaixonada (CONCLUÍDO)Место, где живут истории. Откройте их для себя