Capítulo 3

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Eu não estava encarando. Talvez só um pouquinho. O.k., eu estava encarando.

Mas, caralho, quem não ia encarar alguém que nunca tinha visto pessoalmente e você sonhou com ela - literalmente sonhou - e estava a poucos metros de você. Eu queria ir lá e perguntar quem era ela. Eu queria ir lá e perguntar que porra era aquela de aparecer nos meus sonhos. Queria dizer pra ela que ela era linda, e que aquele sorriso era o que muitas vezes me fizera sair da cama, apenas para tentar achar a dona dele. E ela estava ali e tudo o que eu conseguia fazer era encarar abobalhado.

- Oi? Terra chamando Harry. - Nathan balançou as mãos algumas vezes na frente do meu rosto e eu sai daquele transe. - Cara, tá tudo bem?

- Sim, sim, claro. - falei, apressado, desviando o olhar para minhas mãos. Eu estava tremendo muito e fechei-as em punho para disfarçar. Senti o suor escorrendo pela lateral do meu rosto, meu coração parecia querer rasgar o meu peito, então me levantei, sobressaltado, fazendo minha cadeira cair no chão e todos os olhares se voltarem para mim. Senti meu rosto queimar e estava humilhado demais para levantar o rosto e ver se ela me olhava. Peguei minha mochila e, olhando para baixo, fui o mais rápido possível para o banheiro masculino. Chique, de novo. Bufei, me enfiei em uma cabine, abaixei a tampa do vaso e sentei, respirando bem fundo.

- Eu não sei, Gabriel, a gente está procurando ele. - ouço a voz do Nathan. - Harry? Harry, você está ai?

- Deixa ele, gente. - ouvi outra voz que não reconheci. - Se ele saiu, ele precisava de espaço.

Ouço uns murmúrios e passos se afastando. Pego meu celular, abrindo o bloco de notas e acrescento mais um tópico.

"27/05: Eu a encontrei."

  ➳➳➳ 

O sinal tocou e fui obrigado a ir para a sala. Sentei bem na frente e, para minha surpresa, Sophia estava lá, novamente.

- Você está me seguindo? - pergunto, e a loira franze a testa.

- Eu estou na minha aula. - ela diz, como se fosse óbvio. Seguro minha vontade de perguntar quem é a garota que estava com ela e simplesmente sento, ignorando-a.

Durante toda a aula, sinto os olhos claros dela sob mim, observando cada um dos meus movimentos e isso começa a me incomodar. Viro-me lentamente para a loira.

- Algum problema? - pergunto, em um sussurro agressivo. Sophia ri.

- Sim, mas não é a hora de discutir ele ainda. - seu tom misterioso novamente me surpreende. Tenho vontade de gritar para que ela pare de falar em enigmas. Eu lá tenho cara de esfinge para gostar de enigmas?

- Que seja. - resmungo, voltando a resolver a questão passada pelo professor. Sophia me passa um papel depois de um tempo e eu viro para olhá-la, mas ela não estava mais lá. Franzo a testa, confuso e abro o papel.

"Fique longe dela se quiser viver."

Olho em volta, procurando a garota loira que, além de me falar coisas misteriosas, me mandava bilhetes misteriosos.

- Vou comprar um sino para chamar sua atenção. - Nathan me assusta e eu quase caio da cadeira. - Opa, foi mal cara, é que você estava completamente no mundo da lua.

- Você conhece uma garota loira de olhos claros chamada Sophia? - olho para Nathan, que parece pensativo. - Ela tem mais ou menos essa altura.

- Oh sim, Sophia Adams. Aconselho não se interessar por ela, ela é da elite também. - Nathan me aconselhou, mas o ignorei, não era isso que eu queria.

Cursed // H.SWhere stories live. Discover now