Capítulo 4

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Duas semanas haviam se passado desde que Sophia tinha aparecido na minha porta com mais um dos seus mistérios. Eu tentei encontrá-la para esclarecer as coisas, mas não a encontrei em lugar nenhum e ninguém pareceu sentir falta dela na escola. Meus nervos estavam em seu limite, para dizer o mínimo.

- Você parece que vai explodir. - disse Nathan antes de dar uma grande mordida em seu ataque cardíaco em forma de hambúrguer. 

- E você que vai cair duro no chão quando der mais uma mordida nisso. - provoquei, o que o fez abaixar o lanche e dar um soco em meu braço. Ri enquanto passava a mão em meu cabelo.

- Essa sua mania de passar a mão no cabelo me irrita. - resmungou meu amigo, voltando a comer seu hambúrguer. Ri novamente e comecei a olhar em volta. - Ainda procurando a Sophia? Sabe, ela era bonita, mas tem outras garotas por ai mais acessíveis.

Balancei a cabeça. Eu não a queria dessa forma. Queria as respostas que ela poderia me dar e, pelo jeito, apenas ela.

- Não estou interessado nela, Nathan. - explico, mordendo minha maçã. - Não adianta eu te explicar, você não vai entender.

Nathan limpa os dedos engordurados no guardanapo e vira para mim, levantando uma sobrancelha.

- Cara, eu sei que você é o rei da estranheza, nada que disser vai me deixar acreditando em algo pior ou melhor. - e é nesse momento que eu gargalho. Rei da estranheza. Eu já fora chamado de diversas coisas bem piores que isso, podia lidar com o título.

- Acredito que eu sou o rei da estranheza, mas duvido que não me acharia - hesito antes de continuar. - não sei, algo pior que estranho.

- Se diz, mas quando quiser conversar, sabe que pode contar comigo. - Nathan deu de ombros, como se isso não fosse nada demais. Uma das coisas que aprendi com ele é nunca dar atenção demais as suas demonstrações de carinho e afeição, porque isso o deixava extremamente tímido. Apenas sorri para ele, mostrando que estava agradecido e me levantei, levando os papéis, restos do meu lanche, para o lixo.

- E ai, babaca? - "cumprimenta" Brad, batendo o ombro no meu, fazendo com que as coisas em minha mão caíssem. - Opa, foi mal.

Seu sorriso maldoso me mostrava que não estava nada "mal", mas o ignorei, abaixando para pegar os papéis. Mãos delicadas começaram a me ajudar e levanto meu rosto, dando de cara com Sophia.

- Ele sempre foi um babaca. - ela me diz, com a maior naturalidade do mundo e eu tenho vontade de me explodir. Ou explodir ela. Ainda não decidi.

- Faz duas semanas que eu estou atrás de você. - digo, levantando com um monte de papéis na mão, sem desviar os olhos dela. A loira suspira.

- Eu sei. - sua voz não demonstra qualquer emoção enquanto pega os papéis da minha mão e joga no lixo.

- E então? Nenhuma explicação? - pergunto, irritado. - Quem sabe que eu estou aqui, Sophia?

- Harry, eu quero te contar. - sua voz soava como se eu a torturasse ao exigir informações, mas eu não me importava, afinal ela que começara isso.

- Então conte! - pedi, praticamente implorando. - Eu não paro de pensar nisso, essa vai ser a explicação para todos os meus sonhos e vozes e...

- Sonhos? Vozes? - ela soa assustada e eu sei que falei demais. Fico quieto olhando-a. - Harry, que vozes?

- Não preciso de mais gente me achando maluco. - praticamente cuspo as palavras e vejo todo o medo em seus olhos transformando-se em preocupação.

- Venha comigo. - ela pega minha mão e me arrasta para o estacionamento antes mesmo que eu proteste. E, cara, ela é forte. Seu aperto em minha mão é tão firme que parece que meus dedos estão sendo amassados e posso vê-los ficando roxos.

Cursed // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora