Capítulo 15

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- Luna, você não pode me pedir isso, não posso abandoná-la sabendo que vai morrer! - minha voz soa algumas oitavas mais aguda devido ao desespero de imaginá-la se sacrificando por mim. - Não existe vida sem você.

- Você viveu 18 anos sem mim, Harry. - ela suspira e eu levanto da cadeira, exasperado, pegando em seus braços finos.

- Mas eu vivi décadas, séculos, com você! Isso não é algo de se jogue fora. - apelo para ela, que apenas sorri.

- Eu já te perdi muitas vezes, meu amor. - suas mãos delicadas tocam meu rosto e sinto as lágrimas escorrendo de meus olhos. - Eu te prometo que não vai ser tão ruim, você vai viver, se apaixonar de novo, ter filhos!

- Não quero nada disso se não for com você. - puxo-a para um beijo rápido e cheio de agitação, transmitindo toda minha necessidade por ela. Luna hesita primeiramente, mas depois me puxa para mais perto, se deixando levar.

Suspiro entre o beijo e sinto a língua fria dela entrar em contato com a minha. O choque térmico me faz estremecer, mas isso não a para. Puxo Luna para ainda mais perto, colando nossos corpos. Estamos entretidos com o beijo e suspiro em seus lábios, fazendo ela se afastar e todo aquele vazio retornar.

- Você tem que ir. - ela diz em um sussurro. Lágrimas escorrem em seu rosto e eu as sinto no meu também. Isso não pode estar acontecendo.

- Isso não é justo. - murmuro e Luna abre um meio sorriso melancólico.

- Eu sei. - sua mão pega a minha e ela entrelaça nossos dedos. Encaixe perfeito. - Mas é o melhor pra você.

- Pare de pensar só em mim. - me irrito e ela ri.

- Harry, eu só sei fazer isso. - ela balança a cabeça. - Acha mesmo que em algum momento em todos esses séculos eu pensei em mim?

Fico em silêncio, observando-a. Apesar de ser linda como uma noite estrelada, Luna parecia carregar uma tristeza infinita, como se tivesse visto tudo de ruim que alguém pode ver na vida, e eu sabia que isso era verdade. Meu peito se aperta muito e fecho meus olhos, as lágrimas insistentes ainda descendo.

- Hora de começar a pensar. - suspiro e abro meus olhos. - Quando... quando eu for embora vou estar seguro, então será sua hora de começar a pensar em si mesma, Luna, me prometa isso.

- Harry. - ela me olha como se tivesse me repreendendo, mas solta um longo suspiro quando eu sustento seu olhar, não querendo perder essa briga.

- Não vou perder essa. - falo com meu maxilar travado pelo esforço de encarar seus olhos intensos. Quando termino de falar, a intensidade neles aumenta, passando por um breve momento de malícia, como se dissesse: "Ah é? Vamos ver".

Começamos o que parecia ser um jogo. Ela me encarava profundamente e eu respondia com a mesma intensidade. Parecia que estávamos fazendo isso a uma eternidade.

- Novidade pra você, meu amor. - Luna disse em minha cabeça. - Eu não preciso dormir ou descansar, então é inútil que tente competir comigo.

- Continue tentando. - respondo a ela da mesma forma e Luna segura o riso.

- Vamos ver, Styles. - ela abre um sorriso que me informa que ela não vai jogar nada justo. Sinto uma gota de suor escorrendo só de pensar o que ela pode fazer.

- Jogo justo, Luna. - o desespero em minha voz, mesmo mental, era claro. Luna segura o riso e abre um sorriso malicioso.

- O amor não é justo. - ela provoca e começo a pensar em como devolver.

- Você é o anjo da noite, a noite é justa. - arrisco e ela ri, não conseguindo se segurar, mas não quebra o contato visual.

- A noite é justa? A noite é a hora que as pessoas mais sofrem e seus corações ficam mais vulneráveis, Harry, acha mesmo que sou justa? - ela soa um tanto dura quando diz isso e franzo a testa.

- As pessoas se sentem assim porque a noite é linda e os faz lembrar o quando seria bom ter alguém com elas para admirar isso. - digo em voz alta. Apesar de não quebrar o contato visual, percebo que não estou mais tentando persuadi-la a perder, estou apenas sendo sincero. Luna suspira.

- Não é assim que eles pensam. - ela dá de ombros. Então tudo acontece muito rápido, Luna e eu ouvimos um barulho a distância, como se algo muito pesado estivesse vindo em nossa direção, e desviamos nosso olhar para fora. Luna range seus dentes e eu entro em desespero. - Hora de ir, Harry.

- Mas e você? - pergunto e ela bufa.

- Sem discussão! - ela me puxa e da um longo selinho. - Vai.

Algo gelado é colocado em minha mão antes que ela me empurre para o fundo. Vejo uma porta bem escondida e a abro.

- Eu amo você! - berro e saio. A última coisa que ouço é barulho de vidro quebrando e Luna soltando um grito de dor intenso. Me arrependo de ter saído e tento abrir a porta, mas a mesma sumiu.

  ➳➳➳  

Demoro um tempo para me lembrar onde Luna havia parado sua moto. Minha mente estava confusa e tudo que eu conseguia pensar é que ela devia estar morta.

Não. discorda meu eu interior. Você saberia se ela tivesse morta.

- É. - respondo em voz alta, mau humorado. - Assim como eu sabia que ela era um anjo.

Reviro os olhos para mim mesmo quando finalmente acho a motocicleta. Subo nela e a ligo com a chave que Luna pousara em minha mão. Dou a partida e pego a estrada, apressado. Se Luna estava se sacrificando por mim era melhor eu fazer valer a pena. E eu o faria.

O caminho para casa foi extremamente rápido, era como se eu soubesse onde ir mesmo não sabendo de fato. Balanço a cabeça e entro na minha casa, encontrando ninguém menos que Sophia.

- O que você faz aqui? Dê o fora! - berro com ela, irritado. Seus olhos se encontram com os meus e eles estão vazios.

- Harry, precisamos conversar. - ela levanta as mãos em rendição, mas não confio nela. Luna dera a entender que ela não era um anjo e nem confiável.

- Não me importo com o que tenha a dizer. - sou frio. Meu coração está acelerado e tenho vontade de perguntar onde Luna está, mas não sei se ela me diria e isso mostraria um ponto vulnerável que ela poderia usar contra mim. 

- É sobre Diana. - ela chama Luna pelo seu nome original e isso me faz explodir. Mais tarde, percebi que isso era o que ela queria.

- Não a chame assim, ela odeia! - berro, indo para cima dela e apontando o dedo em sua cara. - Você é ridícula, Dabria, como pode deixá-la sozinha sabendo que eles iriam atrás de nós?

- Então ela realmente te contou. - ela abre um sorriso assustador. - Bom, Harry, não deveria ameaçar a Morte dessa forma, sabia?

- A morte? Que porra de metáfora é essa? - ranjo meus dentes, extremamente impaciente. Sophia gargalha.

- Então ela não te disse quem eu sou, apesar de ter te contado seu nome. - isso parece extremamente divertido.

- Bom, ela não teve tempo. - cruzo os braços e ela ri mais.

- Então eu fico com as honras. - Sophia abre novamente seu sorriso medonho e, para minha surpresa, suas incríveis asas negras. Seus olhos claros de repente me parecem assustadoramente brancos. - Meu nome é Dabria, Harry Styles, e eu sou o anjo da morte.

Cursed // H.SWhere stories live. Discover now