3| Nathan Blackwell

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21 de novembro de 2020, Lorenburgh, EUA
04:10 p.m

Após colocar os pés em solo americano esperei o sentimento de receio surgir entre as minhas emoções

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Após colocar os pés em solo americano esperei o sentimento de receio surgir entre as minhas emoções. Contudo, ao passar pelo portão de desembarque, uma lembrança surge inesperadamente. 

— Estou namorando, Nathan. Por isso estou estranha, o conheci há pouco tempo e gosto muito dele. Estava com receio de contar, mas como você insistiu em saber o que está acontecendo comigo...

Suas palavras tiveram efeito como se fossem flechas recobertas de veneno sendo cravadas no órgão que batia em meu peito, e naquele momento tentava não sucumbir à extrema dor que ameaçava roubar o ar em meus pulmões. 

Inconscientemente trago a mão até o peito, ao friccionar o local não sinto qualquer alívio. Sinto como se estivesse revivendo essa dor mais uma vez. Embora tenha notado Hallie estranha, sequer imaginei que o motivo poderia quase me destruir. 

Namorando. Maldita palavra que assombrou-me por quase dois anos. Nem ao menos posso mensurar as emoções que surgiram no momento que escutei aquelas palavras recobertas de frieza escapar por seus lábios rosados. Pior do que ouvi-las, talvez tenha sido chegar à infeliz conclusão que a mulher na qual eu amava — ainda amo — estava com outro homem. 

— Nathan? 

Ouço a voz suave, o toque no meu braço acalma um pouco a escuridão intitulada "ciúme" que ameaçava surgir apenas por me lembrar desse dia. Como sou babaca, estou sentindo ciúmes de um pensamento antigo. Todavia, mesmo que seja antigo, não tinha o direito de pensar dessa forma, pois Harriet poderia ficar com quem quisesse. 

Ao olhar para a mulher que está do meu lado, encontro as íris bicolores de Summer repletas de preocupação. Um sorriso pequeno surge nos meus lábios, inclino e beijo sua testa. 

— Você está bem? 

— Estou, baixinha. — A mentira acaba escapando naturalmente. 

— Não me chame de baixinha — resmunga, e suas íris castanho-claro e azul parecem cintilar com sua breve indignação. Ela possui heterocromia completa, cada olho tem uma pigmentação distinta. — Você está mentindo. 

— Me conhece tão bem — profiro com falsa surpresa. 

— Quatro anos e alguns meses te aguentando. Sou uma guerreira. 

Apoia o dorso de sua mão esquerda na têmpora como se fosse desmaiar, o brilho da aliança em seu dedo anelar prende minha atenção por alguns segundos. Contudo, apenas me limito a revirar os olhos enquanto caminho rumo a fila para pegar nossas outras malas. 

Sempre te Amei (Noveleta) | ✓Where stories live. Discover now