IV - Complicações

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Eu estava sentado na varanda da minha cabana – tentando não fumar – olhando as estrelas quando os balões luminosos começaram a subir aos céus.

Enfim havia chegado a comemoração do casamento de Park Chanyeol, Alfa filho do rei, se assim podemos chamar aquele cara nojeto que mora num castelo e acha que manda no mundo, mas na verdade é só mais um alfa medíocre.

Eu ainda não conseguia acreditar que ele escondeu aquilo de mim por mais de um ano. E por mais que ele não tenha me agredido ou menosprezado, ele me deixou tão quebrado quanto os outros que o faziam.

Eu estava ficando muito magro e minha barriga cada vez mais visível.

Eu não fazia ideia de como eu criaria aquele bebê. Como eu ia alimentar, criar, educar? E se ele fosse como eu?

Vários questionamentos passavam por minha cabeça e eu me sentia cada vez mais sem saída, desolado.

...

Quando eu estava com quatro meses de gravidez e mais ou menos na data que seria meu cio, Chanyeol voltou a me procurar, ferejou o ar e bateu na minha porta diversas vezes, mas eu apenas me mantive escondido e longe do seu cheiro, ele parecia não ter marcado a ômega com quem se casou, seu cheiro era o mesmo de sempre. Amadeirado, forte, que quase me fazia enlouquecer de tão gostoso.

Chanyeol voltou mais algumas vezes naquele mês, como se ele sentisse que havia algo errado, mas em nenhuma delas eu abri a porta, também evitei passar as tardes no lago ou qualquer outra coisa que pudesse me levar para perto de sua presença ou das nossas lembranças que pareciam rodar em um loop infinito na minha mente.

Eu passava boa parte do tempo como lobo, assim eu poderia me manter aquecido e minha barriga segura para que ela pudesse se desenvolver de forma saudável.

Há poucos dias eu descobri que DaHee estava se desenvolvendo em minha barriga, se tornando a coisa que eu mais amaria em questão de dias. Ela seria meu amor, meu motivo para continuar vivendo e todo o tipo de coisa que eu poderia sonhar naquela noite, enquanto estava deitado naquela grama verde, olhando as estrelas que brilhavam intensamente naquele seu límpido de uma noite amena.

Comecei a ouvir passos pela mata e sabia que pelo jeito não eram humanos, me escondi atrás da minha cabana para esperar quem quer que fosse ir embora.

Minha sorte foi ter feito isso, pois eram dois Alfas, eles entraram na minha casa e reviraram algumas coisas, quebraram muitas das que eu pouco tinha e começaram a farejar o ar, no mesmo momento eu saí correndo daquele lugar, como lobo, dando o melhor de mim para não afetar minha barriga, agora meu único objetivo de vida era proteger meu bebê.

Mas depois de estar já perto da rodovia, não muito longe da cidade eu comecei a pensar o que aqueles homens queriam, o que eles procuravam, eu não consegui aceitar nem por um minuto que Chanyeol seria capaz de mandar dois capatazes me encontrar porque ele não conseguia.

Muitas coisas passavam pela minha cabeça que estava ficando atordoada perante tantos acontecimentos.

Depois de alguns dias vivendo apenas na mata eu voltei para minha cabana, a vendo destruída, apenas a arrumei e voltei a habiata-la, eu não tinha muita escolha e nem a quem recorrer, eu já estava quase nos meus sete meses de gravidez e nem poderia sair como humano, todos me olhariam torto pelo fato de eu ser um homem grávido, o que leva ao fato de eu ser um ômega e muitas outras complicações do que eles acham ser uma aberração.

E eu me arrependo de algumas escolhas, mas naqueles dias foi bom ter escondido a minha gravidez, eu não sabia o quanto aquelas pessoas conseguiam ser más, hoje eu tenho certeza, minha filha nunca mereceu nenhum tipo de julgamento, ela é perfeita, não quer dizer que não tenha sofrido algum.

Foi somente por ela que deixei meu orgulho de lado e vim parar nesse palácio, afinal o único que poderia protegê-la de qualquer mal era seu pai, um rei, que era acima de tudo um Alfa muito respeitado e bondoso.

Chanyeol quando a viu nem perguntou nada, ela já sabia que era sua, e sabia também o porquê de eu nunca ter dito nada.

Coração de VidroWhere stories live. Discover now