Capítulo Três

3.7K 290 3
                                    


                      Nickolas















Caminhei sonolento pelos corredores da empresa, entrando sem avisar na sala do meu pai.
Ele me fitou em completo desgosto e eu fingi, como todas as vezes, que não me importava com o que ele estava pensando de mim.

- É isso que faz da sua vida? Entornar copos e copos de bebidas e se divertir com prostitutas baratas, virando noites em claro para chegar nessas condições no SEU ambiente de trabalho? - exclamou irritado e eu o ignorei.

Senti minha cabeça latejar e parecia ter areia em minha língua. Maldita ressaca.

- Estou falando com você, Nickolas! - ele bateu na mesa me fazendo trincar os dentes.

- Estou ouvindo, Jeremy. - ele bufou, levantando com força da cadeira e me deu as costas, encarando a janela enorme que tinha vista para a ponte do Brooklin.

Minutos depois sua voz soou tão baixa que eu me perguntei se ele falou mesmo ou eu estava ouvindo coisas.

- Você é a perdição da família...

- Sinto muito por isso. Você também não é dos melhores, "papai". - falei com sarcasmo.

- Já basta, Nickolas! - gritou voltando a me encarar. - Você vai deixar de ser esse menino mimado e revoltado e vai virar um homem, tomando conta dessa empresa e de nossa família!

Sorri em deboche.

- O Matt, faz isso melhor que eu. Pode deixar com ele.

- O Matthew tem outras obrigações e dá conta delas muito bem.

Sorri debochado.

- O que você quer que eu faça? Vestir um terno e gravata e ser uma cópia fiel e enfadonha de você ou do Matthew? Ah, me poupe.

Percebi ele me encarar com desgosto. Depois balançou a cabeça e pediu para a secretária trazer uns papeis.

- O que é isso?

- Você não queria que o Matthew tomasse conta? Então. Assine por favor. - me estendeu a caneta.

- Preciso ler antes. - murmurei sentando e fingindo ler cada linha escrita ali.

Fiz isso demoradamente, só para irrita-lo.

- Vamos logo com isso, garoto. Não tenho o dia todo. - resmungou com a paciência no limite.

Eu odiava quando ele me chamava de "garoto". Ele fazia com que eu realmente me sentisse como um.

Assinei os papeis, e os entreguei a ele.

- Pronto. Matthew chega semana que vem. E você vai trabalhar para ele, ouviu bem?

- Você só pode está brincando. - sorri forçado.

- Não estou. Você acabou de assinar. - apontou os papeis em sua mão. - O Matthew vai assumir essa empresa e você vai trabalhar para ele. Caso o contrário vai ter que realmente procurar algo em que seja útil, porque eu posso tirar todo o seu dinheiro. - ameaçou.

- Você não pode! - cuspi irritado. Eu tinha tanto direito quanto ele sobre o capital da empresa.

- Quer mesmo que eu prove isso? Olha que vai ficar sem dinheiro para pagar suas prostitutas hein? - sorriu zombando.

Fiquei ali, o encarando por vários minutos. Sentindo meu ódio cada vez mais forte por esse homem que só quis me prejudicar em toda a minha vida. Meu próprio pai.

Intocável (COMPLETA NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora