Capítulo Treze

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                          Eve


Fazia dois dias que o Nickolas estava sofrendo de um mau-humor infernal. Mal falava comigo e quando o fazia era extremamente grosseiro. Eu estava evitando ao máximo ficar mais de dois segundos no mesmo ambiente que ele.
Não disse nada sobre o dia que ele chegou bêbado e estranho. Ele tampouco mencionou alguma coisa também.
Talvez toda essa pressão dos problemas na empresa em cima dele o estivesse sobrecarregando, e ele já não era a pessoa mais paciente do mundo, então... Vivia explodindo por pouca coisa.

Já perdi as contas de quantas vezes já discutimos nesse último mês. E ainda mais agora, nessa fase da minha gestação, onde só faltava dois meses para eu ter minha filha em meus braços. Eu estava sentindo a barriga pesar mais, a irritação aumentar mais e o jeito grosseiro do Nickolas só piorava tudo isso. E pra completar, fico sabendo que Jocelyn está vindo morar conosco.
Eu preciso mesmo de uma boa dose de paciência.

Encarei a porta fechada do escritório, onde ele estava trancado há mais de duas horas. Levantei do sofá, caminhando sobre o tapete felpudo da sala e peguei minha bolsa sobre o aparador.
Precisava conversar com a Kate. Olhar para a cara de outra pessoa que não fosse Nickolas.
Sua voz me parou quando girei a maçaneta.

- Aonde pensa que vai?

Virei devagar, o encarando com irritação.

- Vou ver a Kate. - falei cansada.

- Não vai não. Precisamos de comida e vamos ao supermercado. - falou, entrando no escritório e voltando com as chaves.

- Por que não vai sozinho?

- Porque eu não costumo fazer compras. Você deve saber o que é necessário e o que não é. - resmungou passando por mim.

- Mas eu combinei com a Kate que...

- Depois eu te deixo lá. Vamos, que eu ainda tenho que ir pra empresa.

Bufei, o seguindo até o elevador.

Ele causou no supermercado, vestido de CEO bonitão com seu terno e gravata. Percebi as mulheres virarem o pescoço para olha-lo toda vez que ele passava. Provavelmente elas sofreriam de um terrível torcicolo.
Algumas se animavam e quase se aproximavam, mas percebiam minha presença e encaravam minha barriga, desistindo no meio do caminho, disfarçavam mexendo em algo nas prateleiras.
Já ele parecia não perceber os olhares, ou ao menos fingia muito bem. Resmungava e revirava os olhos quando eu o mandava pegar alguma coisa que esqueci.

- Por que estamos levando azeitonas? - perguntou encarando o vidro em sua mão.

- Por que eu gosto? - retruquei e ele me olhou com cara de nojo.

- Como alguém pode gostar disso?

- Pelo mesmo motivo de você gostar daquela fruta estranha. - peguei o pote de sua mão, devolvendo para o carrinho.

- Não é estranha. É kiwi. E tem um sabor incrível, você deveria provar. - disse e foi minha vez de fazer cara de nojo.

Conferi se tínhamos pegado tudo que era necessário e ele reclamava pela demora, e que iria chegar atrasado na empresa por minha culpa, e que eu estava fazendo de propósito.

Uma velhinha se aproximou de nós, e se encantou pela minha barriga.

- Oh, querida, essa é a melhor fase da vida de uma mulher. - disse tocando minha barriga. - E é tão bonito ver um casal tão jovem e tão companheiros. - sorriu para Nickolas, que me olhou sem jeito.

Eu sorri simpática, e quase comecei a explicar que não éramos um casal. Nem companheiros. Mas era uma confusão tão grande que eu resolvi nem tentar.

Intocável (COMPLETA NA AMAZON)Where stories live. Discover now