Capítulo 2 - O diabo e a banshee

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Como prometido, 12/06, segundo capítulo do novo livro. Vai abordar o outro plot inicial e fundamental da história, envolvendo o inferno. E traz algumas respostas sobre o que aconteceu desde que Abbadon possuiu Mary e derrotou Lydia e Ruthie.

Espero que gostem! (:

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          O lobo-demônio diminuiu as passadas conforme se aproximavam do castelo de Lúcifer. Era moldado por um cinza escuro, rodeado por um muro de quase dez metros, onde haviam várias cabeças penduradas em pontas de flechas. O estômago da banshee se revirou e ela fechou os olhos, mas não perdeu a concentração. O castelo era enorme, mas o muro que o cercava se estendia tanto que desaparecia da visão dela. A expressão "portões do inferno" nunca foi tão literal. O portão de ferro era feito de fogo negro, que oscilava de tamanho toda hora. Naquele momento, o fogo se alastrava ao alto, o que Mary tomou como um péssimo sinal. Os dois guardiões do portão, dois cães infernais, se viraram na direção da banshee com os olhos avermelhados fervendo e baba escorrendo dentre os dentes pontiagudos.

Um dos cães bufou, como se desse um recado, e fogo saiu de suas narinas. O lobo-demônio recuou alguns passos e Mary bateu seus pés contra a criatura. Mas ainda assim o lobo-demônio continuou recuando.

— Nunca achei que demônios fossem covardes — ela resmunga e pula da criatura. — Suma daqui.

A criatura correu para longe do lugar, como se pudesse sentir algum perigo que a garota não era capaz. Os cães continuaram concentrados nela, prontos para pular na garota a qualquer sinal de perigo. Mary fechou os olhos e respirou fundo três vezes, buscando reunir suas forças. Ela abriu os olhos. Abriu a boca. E gritou. O grito ecoou tão forte que o portão de fogo se desfez completamente, deixando a passagem livre. Os cães se encolheram e grunhiram de dor. Quando parou, Mary acelerou os passos em direção ao castelo e parou do lado dos cães.

— Encontrem uma forma de atravessar o castelo.

Os cães levantaram e se viraram na direção do castelo, quando um vulto atravessou os dois rapidamente e rasgou as criaturas como se fossem de papel. O coração de Mary perdeu a batida por um segundo. Aquele homem exalava algo completamente diferente, um poder imensurável, uma pressão avassaladora...

— Você... Você é ele. Lúcifer. Você é Lúcifer! — Ela exclama, assustada.

— Sim, e me dê um bom motivo para não te mandar para as profundezas do inferno — ele se virou para ela com uma expressão irritada.

— Na verdade, eu quero ir pra lá. De preferência, sem ser desintegrada.

A surpresa toma conta do rosto de Lúcifer, que a encara de forma intrigada. Pela primeira vez, alguém lhe dizia que queria ir para as profundezas do inferno. Nem mesmo ele visitaria aquele lugar por vontade própria.

— Ta, mas quem é você mesmo?

— Ah, claro! Esqueci de me apresentar. Mary Sharp, amiga do seu filho.

— E uma banshee — ele completou. — Ouvi rumores de que Abbadon havia possuído você.

— É. Mas Abbadon me largou alguns dias depois, alguma coisa sobre eu ter um subconsciente insuportável. Enfim... Não está surpresa por eu ser amiga do seu filho?

— Não. Lucien tem tantos amigos que formaria um exército maior que o meu. Como você destruiu meu portão?

Mary não entendeu aonde o diabo queria chegar.

— Gritando, eu acho.

— É, eu e o inferno todo sabemos dessa parte. Mas... Como? Jamais meu portão foi destruído por alguém que não fosse anjo ou demônio. Ou os dois.

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Where stories live. Discover now