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Por um momento, quando os portões se fecharam atrás da gente, imaginei que me prenderiam ali. Mas bastou a carroça andar um pouco e eu percebi que aquele lugar não era ruim, muito menos uma prisão.
— Onde estamos?
— Fênix —Thomas respondeu. — Nossa vila.
A rua por onde seguíamos tinha casas dos dois lados, feitas de madeira e tijolo, a maioria pintada de cores alegres. Havia jarros com plantas ao lado de algumas portas, além de carrinhos de mão e brinquedos espalhados pelos jardins. Postes do estilo colonial iluminavam as calçadas, e o cheiro bom de comida caseira fez meu estômago roncar.
O som tenebroso da floresta não dava para ser ouvido dali. Em vez disso, era o barulho de conversas e risadas que emanava das casinhas. Nem parecia que estávamos cercados por algo tão sombrio.
Olhei para Levi.
— O que vai acontecer comigo? — sussurrei.
— Não se preo...
— Não, não diga isso! Eu não me lembro de nada, nem sabia qual era o meu nome até você falar do colar. Não sei o que aconteceu, não sei quem são vocês e não sei que lugar é esse. E isso é muito, muito assustador. — Ele abriu a boca, mas continuei: — E não me diga que seu nome é Levi e essa é a Fênix.
Respirei fundo, bufando logo em seguida. Sentia as bochechas queimando.
— Ah, digam logo a verdade pra ela.
O garoto loiro estava sentado praticamente de frente para mim, apoiando um cotovelo na lateral da carroça. Com a mão livre, segurava a pequena espada.
— Cala a boca, você sabe que a gente não pode! — disse Thomas.
— Que verdade? Por que não?!
— Alison, olha pra mim. — Levi girou meu ombro para si. — Amanhã você vai pra escola e lá eles vão te explicar tudo. A gente não pode te contar nada porque é proibido.
— Como assim?
— Mas eu prometo, juro de dedinho, que vai ficar tudo bem. Promete que vai esperar até amanhã? Lá na escola eles me ajudaram e vão te ajudar também.
— Você? — perguntei. Ele assentiu. Eu fiz uma careta. — Por acaso você também já esqueceu tudo, que nem eu?
— Não posso falar, mas amanhã você vai entender. Confia em mim?
Por alguns segundos, eu só o encarei. Algo dentro de mim, lááá no fundo, me dizia que não se devia confiar em estranhos. Mesmo assim, acabei anuindo de leve. Não tinha outra opção.
— É mentira — o loiro disse. — Na escola eles vão abrir a sua cabeça pra estudar seu célebro.
— Cala a boca, Dylan! — Thomas o chutou. Ele não parou de rir.
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Se Pudesse Contar as Estrelas
FantasyE se a sua falta de memória fosse, na verdade, a falta de um passado? Alison tinha apenas 9 anos de idade quando acordou se afogando em um lago, sem memória de quem é ou do que aconteceu. Resgatada por um grupo de pessoas que prometem ajudá-la, a ga...