chapter two.

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─ Olá, meu amor. Como foi na escola? ─ Sra. Kim falou, assim que Taehye adentrou a residência. Como sempre, fora recebida com um abraço caloroso de sua mãe, de longe, a pessoa mais preciosa em sua vida.

─ Eu não vou ganhar abraço? ─ Seokjin falou ao aparecer atrás, Tae apenas riu e se afastou para que ele também recebesse um abraço como queria.

Como sempre, Sr. Kim estava sentado num sofá da sala assistindo ao jornal. Sempre que TaeHye e Seokjin chegavam em casa, ele simplesmente fingia que ambos não existiam. Era algo que doía cada dia mais, mas não tinha nada que podiam fazer a respeito. Sr. Kim era tradicional, religioso e extremamente homofóbico; ter dois filhos gays não era fácil para o mesmo, principalmente ter um filho que gostava de se vestir com roupas femininas.

Soomin, mãe dos meninos, notou o olhar triste em seus filhos e sorriu acolhedora, também não foi fácil para ela aceitar a sexualidade dos meninos. Como Hyun, ela era religiosa e tradicional, porém, não via nada de errado em suas crianças. Queria a felicidade de seus filhos acima de tudo, sabia que eles sofreriam preconceito, então porque ser mais uma dessas pessoas? Era assim que sua mente funcionava. Ajudaria eles independente de tudo.

─ Oi, pai. ─ Taehye falou, juntando as mãos na frente do corpo. Hyun desviou o olhar para seu filho, passando os olhos pelo corpo do mesmo, olhando com nojo, desprezo e desgosto. Jamais imaginou que veria seu filho usando uma saia, aquilo lhe dava náuseas. Claro que Taehye percebeu o olhar que era direcionado a si desde o primeiro dia que o mesmo lhe viu vestida daquela forma, mas como dissera, parecia doer mais a cada dia.

Abaixou a cabeça e suspirou, passando as mãos pelos próprios braços como se tentasse confortar si mesmo. Dessa vez, sentiu a mão de seu irmão num de seus ombros e a de sua mãe no outro, ambos lhe consolando. Era extremamente difícil para Taehye, sempre foi, desde o começo.

Sentia-se uma aberração as vezes, gostava do corpo que tinha e nunca pensou em fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Acima de tudo ainda era meio religioso e aceitava o que tinha, porém, não se via usando roupas masculinas, ainda estava confuso sobre si mesmo. Não gostava das roupas de garotos e nem como os garotos agiam, qualquer um que lhe visse diria que era uma garota, aquilo não lhe incomodava.

Um dos motivos os quais teve que se mudar para Busan, foi que em Daegu que sua "transição" ocorreu. Tae era sufocada pelo fato de ter que agir como outra pessoa, carregar consigo uma máscara o tempo todo que estava lhe asfixiando. Com o tempo, começou a usar mais maquiagem que o comum entre os meninos, e logo depois, começou a usar vestidos e saias, shorts mais femininos e roupas mais delicadas. Claro que sofreu bullying, mas um extremamente horrível. Era humilhado constantemente, chamada de coisas que nenhum ser humano merecia ouvir, chegou até mesmo a apanhar na escola por estar usando roupas as quais sentia-se confortável. O mundo era injusto.

Taehye teve um caso sério de depressão na época, ao ponto que não conseguir mais sair de casa. Em casa, também sofria, quando seu pai passou a lhe rejeitar, nem olhava mais em sua cara, foi ainda pior. Antes eram próximos, até amigos, agora eram dois estranhos, bem longes de ser o considerado "pai e filho." Taehye passou por muita coisa, não sabia como não tinha desistido de tudo. Quando chegaram à Busan, conversou com o diretor da escola para que mudasse seu nome na chamada e se referisse à Tae com pronomes femininos. Não foi difícil se acostumar, visto que tinha a fisionomia de uma garota.

TaeHy era baixo, magro com pernas até bonitas, suas mãos eram delicadas e seu penteado também ajudava. Não gostava de cabelo muito longo, então manteve seu corte bem curtinho, mas com coloração alaranjada bem clara.

A verdade é que gostava de seu nome de verdade, mas não queria passar por tudo o que passou em Daegu novamente, então decidiu mudá-lo.

TaeHy agora estava de frente para sua penteadeira, tirando os brincos, os anéis e por fim, a maquiagem. Ao redor, era tudo o que qualquer pessoa esperava de si; seu quarto parecia mais uma casa de boneca; os papéis de parede eram rosa bebê com pequenos corações brancos, o armário era branco com um espelho grande, a cama era de casal e era repleta de almofadinhas e bichos de pelúcia, ao lado continha a cômoda branca com gavetas rosas, acima dela um abajur lilás. Sua cor favorita era lilás, mas achava bem mais bonito o quarto cor-de-rosa.

Not α Gırl. (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora