Prologo

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Achuva estralava contra o telhado aquela noite, o orfanato estava em absoluto silêncio depois que as demais meninas dormiram

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Achuva estralava contra o telhado aquela noite, o orfanato estava em absoluto silêncio depois que as demais meninas dormiram. Eu era sempre a última dormir e a primeira acordar, não gostava da ideia de ficar inconsciente, nunca gostei, odiava me sentir vulnerável, principalmente quando meus pais morreram a quatro meses em um incêndio criminoso e eu vim parar aqui, eu não tinha parentes que me quisessem, meus pais fugiram juntos quando jovens para poder viver o amor tido como imprudente e destrutivo por seus pais, coisa que achei romântica por um tempo, eles sempre esconderam o lado ruim da história, sobre serem deserdados, terem o sobrenome negligenciado e acabarem passando fome por um tempo, minha mãe no terceiro ano do ensino médio ainda, meu pai tendo que trabalhar em um bar para poder continuar estudando, e como tudo ficou difícil quando ela engravidou de mim, até ele conseguir um cargo de professor em uma faculdade e ter de nos bancar, e eu sequer parecia com ele, foi o que ele jogou na minha cara há um ano atrás quando o encontrei com a moça que trabalhava no mercado, mas agora a lembrança se fazia distante diante sua ausência. Eu o amava, mas quem me vinha na cabeça quando fechava os olhos era minha mãe, tão nova e tão meiga, me dava o melhor de tudo oque tinha. Mesmo triste ela me oferecia o melhor sorriso, o melhor bom dia, o melhor abraço, o melhor eu te amo. Me torturava dormir e sonhar com o modo horrível que ela havia morrido, e era por isso que eu preferia me sentar no chão de frente para lareira com o fogo inflamando e ouvir essa tenebrosa tempestade enquanto lia um livro, como estou fazendo agora, lendo os livros que Dona me deu há um mês, depois de se cansar de lê-los, era Harry Potter, uma saga que eu amo, não contei a ela que já havia lido, apenas os peguei.


Virei a página e continuei a ler sob a luz trêmula da lareira, a única coisa que iluminava a sala. Estava no quinto livro quando um relâmpago acendeu lá fora como o flash de uma câmera pela janela, então desviei o olhar para a chuva lá fora por mais uns minutos antes de voltar a ler.

Um tempo depois ouvi um toc toc na porta, ignorei já que todos sabiam da minha mania de coruja, ler nas altas horas da noite, então a batida recomeçou de forma mais insistente e logo me vi deixando o livro de lado e caminhando em direção aos baques na madeira, que me levaram à porta do porão, que ficava no piso da dispensa. Quando me aproximei, as batidas pararam, virei as costas e elas recomeçaram. Alguma garota deveria ter ido bisbilhotar e ficado presa, me abaixei e abri a tranca puxando a porta estilo alçapão para cima. Não tinha ninguém, estranho, desço a escada tentando enxergar na pouca visibilidade disposta pela dispensa acima, mas antes que eu possa chegar ao último degrau o alçapão fecha com força e o degrau fica instável em baixo de meus pés que escorregam me fazendo tombar para a frente com um grito e cair de joelhos.

Meu rosto se encontrava encostado ao chão captou com os olhos na penumbra a grama entre meus dedos, me senti instável ante a tontura que me atingiu. Estava louca?

Senti o vento frio levar meus cabelos para esquerda e levantei meu rosto ciente de que no porão não tinha sequer uma corrente de ar.

— Tô louca. Tô muito louca.— digo quando enxergo um grande castelo a frente na subida de um pequeno morro que acaba no início de uma floresta. Que é onde estou. Não chove.

É claro que não chove, estou no porão ainda, só caí daquela escada aos pedaços e bati a cabeça bem forte. É, com certeza foi isso, eu ainda estou no porão, e o porão é seguro.

— Ei, mocinha! O que faz fora da cama? — Um homem enorme e bem cabeludo diz, saindo de uma cabana simples e estranha a uns trinta passos bem largos de mim.

Olho ao redor.

Droga.

— Hagrid?

𝓔𝓾 𝓝𝓪 𝓗𝓸𝓰𝔀𝓪𝓻𝓽𝓼 𝓓𝓸𝓼 𝓜𝓪𝓻𝓸𝓽𝓸𝓼Onde histórias criam vida. Descubra agora