Menino do corpo violentado

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Finalmente ele conseguira a garota dos sonhos,
Os pêlos arrepiam quando ela arranha as costas,
Quando percorre baixo, ele quase chora por isso,
Mais do que pelo prazer, pela dor na alma;

Quando ele está em seus braços a beijando,
Ele lembra das garotas que teve antes dela,
As falhas, os pesadelos, as inseguranças,
O pegador que só ficava nas preliminares;

Porém hoje ele quer ir até onde não tinha ido,
Não há nada errado nele, o médico disse,
Seu corpo vai funcionar, é fácil culpar a garota,
Ela pede e ele não atende, nada de submisso;

Ele não sofre o mal de Adão, viva Lilith!
Não é medo, mas uma sensação ruim,
De quando alguém tenta dominá-lo,
Ele relembra das noites dolorosas em casa;

Um dia alguém não quis ser gentil com ele,
Não quis saber da idade ou perguntou,
como ele se sentia, se doía ou queria morrer,
Simplesmente o tomou como sua posse,
Nosso garoto ainda nem tinha escola;

Ele estava ficando velho e rezando a deus,
Para que pudesse viver fora dessa sombra,
Não queria ser o menino do corpo violentado,
Pois sabe que resumem assim as vítimas,
Logo ninguém sabia e podia confortá-lo

Anos perguntando se seria gay ou bi mas,
Ninguém vira, pessoas se tornam/descobrem,
E toques ainda o lembravam daquelas noites,
Quando um estranho entrava no quarto,
Quando o menino queria sair do seu corpo;

(Data: 10 de Abril de 2018)

Autor: RaphaelMaitam

Concurso Poesias ComemorativasWhere stories live. Discover now