8 - Túmulo Velho

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Eu sempre ia com a minha mãe ao cemitério, que ficava alguns blocos da minha casa, no dia de finados visitar os nossos parentes e amigos que já haviam morrido. Em 2007, como todos os anos, fomos bem cedo, para não pegar o cemitério cheio, e
claro, menos vendedores ambulantes no portão.

Minha mãe sempre fez questão de visitar todos parentes daquele cemitério, o que às vezes demorava horas. Eu, como nunca tenho
nada melhor pra fazer, sempre a acompanho e me divirto olhando as fotos dos mortos nas lápides e lendo as mensagens escritas no mesmo. Até então, eu não sabia que esse seria o último ano que eu iria a qualquer cemitério.

Acontece que eu passei por um tumulo velho e mal cuidado, até tinha uma rachadura enorme no meio. Eu ri e fiz um comentário de muito mau gosto do tumulo e do coitado que ali estava enterrado.

Fomos embora depois de um tempo. Quando eu estava saindo, um mendigo me pediu dinheiro, nem respondi fui embora sem falar
nada. Eis que o homem me seguiu até a porta do prédio onde moro. Subi pro
meu apartamento e fiquei observando o homem pela janela. Às vezes ele me olhava, mas depois desapareceu pela
outra esquina.

Naquele mesmo dia, já de noite, fui tomar banho quando, acreditem ou não, alguém bateu na janela do banheiro (lembrando que eu moro no sexto andar do prédio). Gritei igual a um louco até minha mãe arrombar a porta do banheiro. Quando ela entrou, achou que eu estava morrendo, pois estava pálido e a ponto de desmaiar. Contei tudo pra ela e meu irmão, mas ninguém acreditou. Olhamos pela janela e tudo estava como deveria estar.

Naquele dia pedi pra dormir no quarto do meu irmão, ele zoou com a minha cara, mas acabou deixando. Estávamos a ponto de dormir, quando na janela, apareceu alguém andando
do lado de fora. Meu irmão viu primeiro e gritou, quando eu olhei era aquele mendigo. Ele gritou comigo e disse pra nunca mais desdenhar (desprezar) da morada dos outros,
imediatamente eu me lembrei da minha piada no cemitério. Minha mãe entrou no quarto minutos depois, e o homem já havia desaparecido. Desta vez meu irmão era testemunha e ela
acreditou. Pegamos a bíblia, fomos para sala e oramos por varias horas. Nunca mais vi o homem e nunca mais voltei a pisar em um cemitério.

100 Contos de Terror - Volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora