Capítulo Treze - O rio

2.5K 263 14
                                    

Heloyse

Dois meses já haviam se passado e eu ainda não acreditava.
A propriedade dos Ferrel era grande. Não era como a fazenda O'Connor ou a dos White, ainda assim, era grande. Toda contornada por uma longa cerca e sempre tinha algo para Thom consertar. O serviço na fazenda prendia minha atenção. Era bom, porque eu conseguia manter a mente ocupada em alguma coisa. Era minha terapia.
Quando eu ia à cidade com Cielo, Johnson ficava flertando comigo, porém, eu não tinha interesse de me envolver com alguém.
Vi Patsy algumas vezes na cidade. E se antes eu achava que não gostava dela, agora eu tinha certeza. Ela sempre me olhava de cima a baixo, como se eu fosse uma criatura de outro planeta. Depois, ela esboçava um sorriso falso.
Por esses dias, Selena, a irmã mais nova de Patsy esteve na fazenda. Ela não tinha nada que lembrasse a irmã megera. A moça era educada. Ruiva igual a irmã, porém, meiga.
O sol estava forte. Inalei o ar da fazenda, tirei meu chapéu e enxuguei o suor da testa. Eu precisava me refrescar. Entrei em casa, tirei a jarra de suco da geladeira e me servi. Lembrei-me do rio que Cielo havia comentado. A melhor parte ficava na propriedade do O'Connor.
Nada melhor do que sentar à beira de um rio, com um livro de companhia. Cielo me emprestou um. Chamava-se "A Casa Torta", da Agatha Christie. Eu amava os livros dessa autora.
Peguei a caminhonete e segui pela estrada. Alguns minutos depois, eu parei a caminhonete debaixo de uma árvore e caminhei em direção ao rio. Havia uma cerca que separava a parte na qual eu estava, da parte da fazenda do senhor O'Connor.
O rio era maravilhoso, mas, a parte que ficava dentro da fazenda, era bem melhor. Sua vegetação era bem cuidada e na água, tinham pedras que dariam para você ficar lá, sentado, apreciando o lugar. Havia algumas árvores com enormes sombras. Eu gostei daquilo, já que a região era muito quente.
O rio seguia por toda propriedade. De lá, não dava para ver a casa da fazenda. Eu poderia pular a cerca que ninguém iria ver.
Foi o que eu fiz.
—Droga! — eu disse assim que passei por baixo da cerca.
Meu cabelo que sempre vivia em um coque, tinha uma mecha presa no arame farpado. Puxei-a. Peguei o livro do chão e segui para debaixo de uma árvore, próximo à beirada.
"Esse William era sortudo", pensei. Tinha uma mina de ouro nas mãos. Eu adoraria ter uma casa com direito a um rio.
Tirei algumas fotos do lugar com meu celular e fiquei olhando a minha volta. Eu nunca havia estado em um lugar como aquele. A água era tão limpa.
"Achei o paraíso."
Fiquei lá por um bom tempo. Eu deitei debaixo da árvore e tirei um cochilo. Por volta das duas horas da tarde, eu resolvi entrar na água.
Era dia de semana e com certeza, não iria ninguém para lá. Cielo disse que era muito raro alguém tomar banho no rio, principalmente dia de semana e que muitos tinham piscinas em suas propriedades. Thom estava providenciando uma.
Eu tirei minha regata e fiquei apenas de top e com meu short jeans. Entrei na água. Ah, estava ótima!
O som do balanço das folhas das árvores e o som da água eram tudo que se ouvia. Se eu pudesse, passaria o dia todo ali, enchendo meus pulmões com o ar da região e me deliciando com a água fresca.
Soltei meus longos cabelos e fiquei boiando com os olhos fechados. Eu gemi com sensação da água na minha pele.
—Eu deveria soltar os cães. Assim, ninguém invadiria minhas terras.
A voz soou em meus ouvidos e logo um arrepio percorreu pelo meu corpo. O susto me fez abrir os olhos rapidamente e me virar em direção àquela voz.
"Meu Deus! Oh, Meu Deus!"

UM PONTO DE PARTIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora