ARRIVED

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— Eu não acredito que já estamos voltando. Os dias foram maravilhosos. — Fala Gregório deitando a cabeça no ombro de Medeiros.

     Eles estão voando de Milão para Recife, viajando na primeira classe.

— Sou eu quem não acredito. — Medeiros suspira e continua falando: — Estava precisando muito dessas férias. Obrigado por ter ido ao meu encontro. — Gregório beija a testa de Medeiros, enamorando-se dos olhos cor de mel da moça e completa:

— Imagino... Sua vida realmente estava de cabeça para baixo. Ainda bem que apareci. — O casal sorri, principalmente Medeiros com a humildade do rapaz.

— Verdade. Mas não queria me envolver... Pelo menos, você deixou-me a vontade para curtir um luto que inicialmente não conseguia.

— Quem agradece sou eu. Obrigado por ter aparecido na minha vida. — Os dois se beijam demoradamente. Medeiros afasta seu rosto do dele e pergunta sem jeito:

— Mas, posso te pedir uma coisa? — Gregório arqueia a sobrancelha.

— Claro! Peça tudo, menos ficar longe de você.

— Por mais que você fique tentado, a querer me ajudar nos casos policiais que vão surgir, por favor não interfira. — A policial beija a mão do namorado.

— Hum... Entendi. Mas, não vai ser fácil saber que sua vida está correndo risco e não fazer nada. — Gregório fecha a cara. Medeiros alisa o rosto quadrado de Gregório, passando suas mãos em seus cabelos negros, fartos e lisos diz:

— Meu amor, você não é meu guarda-costas, embora ame muito tê-lo me protegendo o tempo todo, mas não vou conseguir trabalhar legal.

— Pode deixar, entendi a mensagem. — Gregório cruza os dedos, fazendo o sinal de promessa que não vai interferir em nada. — Você está correta. Não vou ficar de cão de guarda.

— Por que será que não senti firmeza na sua promessa? — Medeiros beija o namorado.

     Os dois não param de se beijarem, mesmo quando o comandante da aeronave começa a avisar que irão pousar em breve no Aeroporto Gilberto Freire. E sugere, para quem puder, olhar pela janela e apreciar a imagem aérea da capital pernambucana durante a noite.

     O avião desce em segurança... Fica taxiando na pista e para. Os passageiros começam a sair do avião.

     O casal deixa todos descerem e Medeiros levanta-se. Gregório continua sentado na cadeira vip e se espreguiça falando:

— Ainda bem que você tem mais um final de semana para descansar.

— Viajar é ótimo. — Completa Medeiros. — Ficar sem fazer nada, somente passeando, é maravilhoso, porém chegar em casa e descansar... Voltar à família não tem preço.

— Eu acredito que é mesmo, embora, tem muito tempo que não sei o que isso significa.

— Mas minha família, agora é sua família também.— Fala Medeiros abraçando o namorado pela cintura.

— Eu sei disso... Sentir isso no aeroporto quando seu pai me aconselhou ir atrás de você. (Último capítulo de Olhos de Peixe — Filhos da Ira Vol 3).

     Eles continuam conversando e entram no túnel que liga o avião até a plataforma de desembarque, e vão se dirigindo para pegar as malas.

— Nunca imaginei que sentiria saudades da sua terrinha. — Gregório segura as duas malas sem dificuldades.

— Fico feliz em ouvir isso. — Medeiros abraça-o e continua: — O que vamos pedir para jantar?

      Gregório olha para o teto do desembarque, como quem procura uma resposta.

— Sinceridade? Estou com saudade de um feijão adubado, não é assim que vocês chamam aqui no Nordeste? O feijão cheio de carne de porco e parecido com uma feijoada?

— Sim, é assim mesmo que chamamos!

— E com farinha e pimenta! Não posso esquecer deles!

      Medeiros gargalha ao ouvir o desejo do namorado.

— Nesse caso, tenho que ligar para meus pais.

— Isso! Liga mesmo! Estou com saudade de uma comida caseira, e sua mãe cozinha divinamente.

     A porta de desembarque, que só abre por dentro, libera a saída do casal. Eles caminham um pouco mais à frente, quando Medeiros escuta alguém chamando seu nome.

     Ela olha para trás, supresa pergunta:

— Laureano? — Medeiros franze a testa. — O que você faz aqui?

— Desculpas, mas o delegado Almeida pediu para você me acompanhar.

— E como ele sabia que estava chegando hoje de viagem?

— Seus país. — Responde ele.

— Deixa para lá! — Medeiros para no saguão do aeroporto. — Mas precisa ser agora? Acabei de chegar em Recife, e precisaria pelo menos tomar um banho.

      O telefone de Laureado toca.

— Sim chefe, já estou com o pacote! — Laureano pisca o olho esquerdo para a agente. — Ela ainda está sem acreditar... Não. Ainda não disse nada. — O policial passa o telefone para Medeiros:

Medeiros desculpas. Mas, preciso de você numa cena de crime que aconteceu a cerca de duas horas atrás. Eu liguei para seus pais, procurando saber quando chegaria e eles me disseram o horário. Não queria interromper sua lua de mel, mas como chegou, preciso de você.

     Medeiros suspira e olha para Gregório que diz:

— Entendi... Pode ficar sossegada meu amor. Eu levo as malas e nos encontramos na sua casa. — Gregório beija a namorada na testa.

— Greg — Medeiros o chama carinhosamente. —, eu amo você. Obrigado.

— Eu também te amo filé. Cuidado! — Ela o abraça ainda segurando o telefone, com Almeida esperando na linha.

— O carro está por aqui Medeiros. — Laureano mostra o caminho.

— Almeida, o que está acontecendo?

Quando você chegar aqui conto tudo, embora o que você irá encontrar já vai responder por si só.

     Medeiros e Laureano chegam no carro da Polícia Civil, um Logan prata, e saem na direção do local onde o delegado os aguarda.

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Where stories live. Discover now