CÉU ESTRELADO

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O silêncio perdura por mais tempo que o desejado. Medeiros está sofrendo com a notícia do suicídio de Mariana, e por saber que mais uma vida foi levada, sacada, subtraída desse mundo pela maldade humana.

— Não acredito que Túlio tenha cometido suicídio. — Comenta Medeiros, finalizando o silêncio fúnebre.

— Eu também não Medeiros. Mas o caso vai ser fechado como suicídio e não tem nada que possamos fazer. Além do mais, e para piorar, não somente o senador está sumido, mas também um padre e um pastor.

Medeiros suspira insatisfeita e diz:

— Fique tranquilo Almeida, eu entendi a mensagem. Não vou mexer num caso encerrado. Há muita coisa acontecendo que precisa da nossa total atenção. Além do mais, acredito que outros vídeo serão divulgados.

— Por que será que não acredito nessa sua promessa? — Almeida encosta-se na cadeira.

— Acredite. Dessa vez pode acreditar. E o outro corpo?

—  O corpo encontrado na cidade de Pombos, é o que temos mais informações do que possivelmente aconteceu com ele. E também as maiores novidades.— Medeiros em silêncio, vai até a máquina de café, pega um copo de vidro, desses usados para beber água, e enche-o com o ouro preto do século XVIII e XIX.

— O que seriam essas novidades? — Pergunta a policial, enquanto espera o copo ficar cheio.

— Nós temos uma pessoa reclamando o corpo. — Medeiros vira-se sem entender. Por que se há um morto, logo, o defunto deve ter um pai, mãe ou um parente. — Quando você foi atrás de Karina, a informação passada pelo delegado da cidade, era de que a irmã dele havia deixado uma carta, onde ela se despedia para buscar uma vida andarilha... com um grupo de ciganos. Passados alguns anos, por volta da virada do século passado, o mesmo aconteceu com ele. O rapaz deixou uma carta despedindo-se da família, porém fugindo com hippies.

Medeiros sorve um pouco do café e diz:

— Muita coincidência. Dois de uma mesma família rica fugindo? E ninguém nunca investigou esses sumiços?

— Aparentemente não. E esperava-se que um dia eles voltassem para reclamar a fortuna. Porém isso nunca aconteceu.

— A jovem continua sua vida com os ciganos ou enterrada em algum lugar.

— O corpo dela nunca foi encontrado. — Almeida cruza os braços, colocando uma das mãos no queixo.

— E quem veio buscar o corpo do rapaz?

— A advogada da família Kutner.

— A advogada? E os pais?

— Morreram a cinco anos atrás. Eles a deixaram como tutora dos bens, caso um dos dois aparecessem... esses trâmites de herdeiros e herança.

— E como ela ficou sabendo tão rápido?

— Quando os pais voltaram para Europa, deixaram algumas pessoas encarregadas de contata-los, caso um deles aparecessem.

— Entendi. Quando o corpo apareceu, eles foram contatados. Qual o nome da advogada?

— Eve Mallorca. Foi ela quem ligou para o delegado Florido procurando saber mais informações. E ele disse que o rapaz estava aqui.

— Então ela fala português?

— Sim. Quando Afonso descobriu que o corpo era de um homem, com idade entre vinte e cinco e trinta anos, deu as primeiras informações para o delegado, que ao repassar para ela, embarcou no primeiro vôo para Recife.

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Where stories live. Discover now