O Vaso se Quebrou [reescrito]

315 39 2
                                    

Se sete anos haviam se passado, apesar de ser imperceptível, já que a casa no alto da colina continuava impecável.

As paredes claras continham fotos de um garotinho de cabelos loiros-platinados com seus pais, três rostos de feições finas e estoicas perfeitamente esculpidas em uma cara de merda.

Bem, assim que Stella os nomeava mentalmente enquanto passava em frente à pintura (com sua caixa de ferramentas à mão): caras de merda.

Claro, a criança não deveria estar neste momento ali, sozinha, às quatro e vinte da manhã e olhando o calendário na parede da cozinha, mas Merlin ajudava quem cedo acordava, ela ouvia isso nas rádios às vezes.

Huh, era correto popularizar ditados que exaltavam pessoas como deuses apenas por causa de seu poder? Bem, que se dane, porque não era uma duvida a se pensar enquando tinha problemas maiores, sendo este dia o aniversário de seu irmão.

Suspirou, pondo a caixa de ferramentas no chão, lavando as mãos e partindo para preparar um bolo.

Dentre todas as atividades domésticas que lhe punham para fazer, cozinhar e cuidar dos jardins sem dúvida eram suas coisas favoritas, fazia sem reclamar, pois acabava gostando de praticar tais atividades.

Seu irmão era a pessoa que menos a maltratava ali, mas também não podia dizer que se gostavam. Em geral, ele era a pessoa que se candidatava a cuidar de seus machucados após a lua cheia. Era a pessoa mais suportável daquele lugar, então fazer um pequeno bolo de baunilha, com glacê na cor verde, em referência à Sonserina, não a doía.

Olhou o relógio e marcavam seis e quarenta e três. Sorriu e terminou de lavar tudo que havia usado pro bolo.

Como haveria uma festa daqui umas cinco horas, passou um pano em toda a casa, trocou as toalhas de mesa, podou as árvores e arbustos do jardim, varreu tudo e arrumou o grande poleiro de Nick, a coruja de seu irmão.

Faltavam dez minutos para as nove quando ouviu passos no andar de cima e logo após barulho de chuveiro.

Foi para fora levando as ferramentas de mais cedo, decidindo dedicar estes últimos momentos nas flores abaixo das janelas da frente, já que a grama estava meio amarelada em algumas partes e ela queria descobrir o que era.

Depois de certo tempo, esse que já havia identificado o problema (e adicionado uma nota mental para comprar algo que resolvesse no Beco Diagonal) ouviu seus familiares dentro da casa e se pôs agachada na frente da janela para, talvez, bisbilhotar a reação do seu irmão ao seu presente.

Só para ver a matriarca pegando o bilhete ao lado do bolo e o rasgando em dois.

Seus olhos encheram de lágrimas e elas derramaram por suas olheiras destacadas pela pele pálida.

Enquanto seus olhos cansados assistiam sua mãe pegar o bolo e jogar no lixo junto com toda sua dedicação ao fazê-lo, ela sufocou uma risada irônica.

Seu irmão não teve nem a chance de ver que ela se importou, descendo as escadas e dando bom dia para seus pais e passando reto por onde estaria o bolo, nem sequer imaginando que poderia ter tido algo ali.

As lágrimas se foram tão rápido quanto vieram, porque se importava mesmo? Porque se dava o trabalho de chorar ao pensar que ele talvez se decepcionaria contigo? Ele poderia ser o mais decente, mas nem o mínimo do que um irmão deveria ser ele era, então porquê...?

Suspirou, com uma raiva crescente dentro de si.

Não ia deixar isso lhe afetar.

Desfranzindo a testa que mal notara que estava franzida, terminou de guardar os materiais e sujou o próprio rosto (sem querer) ao tentar limpar as lágrimas com a luva grossa de jardinagem que estava suja de terra.

Stella - Uma Malfoy Diferente {1 Ano}Where stories live. Discover now