18 - A máscara caiu

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       No meio da tarde, Martha foi falar com Samuel em sua casa. Uma notícia se espalhava como um câncer, para os que trabalhavam na ASD. A partir de semana que vem, todos passariam por averiguações na polícia federal, e novas contratações seriam feitas. As pessoas com algum tipo de problema com a polícia, seriam mandadas embora. Quem ficasse, seria recontratado. Um jornal empresarial chamado "Os contribuintes" chamou o ajuste em capa de "O primeiro e o último dia de trabalho". Ninguém entendia os motivos que levou a ASD implantar o absurdo, mas o decreto da polícia federal era que até o termino das investigações, ninguém trabalharia. Numa entrevista na televisão, um crítico empreendedor informava; ninguém sabe ao certo, se a ASD ou o grupo-X, voltaria a abrir as portas novamente.

       Os funcionários estavam em total desacordo com o ajuste, havendo pequenos protestos. Não o suficiente para chamar a atenção de alguém no executivo. Não era sobre isso que Martha queria falar com Samuel, porque nem ela sabia o que estava acontecendo sobre os supostos desacordos.

       Já estava próxima da casa entrando no estacionamento e um flash veio em sua mente. Segunda-Feira era o julgamento de Robson. Seria o mais importante julgamento administrativo que a ASD já teve. Não se sentiu preparada emocionalmente em ver o amigo ser condenado. Lamentou tudo que Robson Feal Oliveira tinha feito e estava passando. Não imaginava sua dor e seu fracasso. Essas conspirações e notícias pioravam tudo e já não sabia quais eram verdadeiras ou falsas. O tempo voa quando é para acabar com sua vida e jogar seu futuro na lama.

       Dois outros julgamentos também iam à tribuna na segunda-feira, não tão importante quanto de Robson, que continha quatro grandes executivos da alta-cúpula do Grupo-X, não identificados, envolvidos no processo de investigação dos contratos e envelopes desaparecidos.

       Foi de grande ajuda o que Samuel tinha feito inocentando Robson de todas as causas envolvidas. Por mais que os próprios advogados da Vale-X tinham sido avisados, o processo seguiu normalmente sem alterações, cabendo a Robson mostrar sua defesa e sair andando pela porta da frente do tribunal federal. Mas a luz tinha sido apagada por George Sadner, que revelava segredos polêmicos naquela manhã. Foi uma semana sangrenta sem dúvida.

       Depois que voltou de viagem, não acreditava no que tinha presenciado. As notícias do atentado no edifício Pantheon. O atentado levando a morte de 14 policiais, o juiz federal, um promotor o delegado responsável pela investigação e um conhecido investigador de crimes famosos na cidade; Kennedy Patterson. Precisava esclarecer suas dúvidas com Samuel, se ele de certa forma estava envolvido na defesa de Robson, e o que tinha descoberto para inocenta-lo as vésperas do julgamento.

       O que Tietz foi acertar com Robson naquele dia, conversando como velhos amigos? Como Samuel marcou todos os seus compromissos no momento mais movimentado da semana com o julgamento e a transição para a Vale-X? Saiu do carro voltando para pegar algo no porta luvas. Colocou rapidamente na pequena bolsa de couro com detalhes em vinho.

* * *

       Samuel estava esperando por Wolmar há duas horas, impaciente. Seu tempo estava acabando e depois do julgamento de Robson, precisava estar com aqueles envelopes. Seu cargo de presidente interino expiraria em breve antes da transferência da empresa. Tudo o que o pai construiu, seria tomado por uma corporação corrupta, caso não derrubasse de vez o grupo-X. Seria afastado definitivamente das funções. Preferia morrer, a perder a ASD.

       Wolmar chegou. A ligação que fez antes do meio-dia, dizendo que era uma emergência o tirou dos deveres da empresa rapidamente. A polícia federal estava pressionando o suficiente para bloquear sua conta bancaria e sem dúvida os seus telefones estavam grampeados. Malditos! Wolmar tinha entrado pela porta, Samuel já o abordava.

Caminhos De Uma SentençaWhere stories live. Discover now