Capítulo seis

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              29 de setembro, 2016.

       Deslizei meus dedos pelos quadros aonde encontrava-se Lauren e Franklin Clark com sorrisos em seus rostos. Em umas delas, minha mãe olhava para Franklin com amor. Já ele olhava fixamente para a câmera, com seu braço em volta dela.

Nesse dia, ele resolveu fazer uma festa para parabeniza-la pelo aumento na empresa em que ela trabalhava. A casa estava repleta de pessoas que eu não conhecia, mas pelo menos tinha alguns rostos familiares ali.

Quando deu onze horas da noite, minha mãe acabou dormindo depois de tantas doses de tequila e outras bebidas. Nesse mesmo momento, corri para o banheiro para me aliviar e, ao abrir a porta, encontrei meu pai transando com a irmã da minha mãe.

Ela não parecia estar muito feliz com aquele momento compartilhado com meu pai, e ela estava terrivelmente bêbada. Seu corpo estava debruçado sobre o vaso sanitário e lágrimas escorriam pelos seus olhos. Seus lábios estavam entreabertos, mas nenhuma som saía dali. Já meu pai chamava-a de vadia descontroladamente.

Quando os olhos do meu pai encontraram os meus, apenas fechei a porta e andei até meu quarto, deitando-me em minha cama. Eu tinha apenas seis anos, não entendia que ele estava estuprando uma mulher bêbada.

No dia seguinte, quando acordei, ele veio me dizer que aquilo devia ficar entre nós, até porque crianças não devem entrar em assuntos de adultos. Então, eu fiquei quieta, como sempre.

Fechei meus olhos, suspirando fundo ao ver como aquilo que minha mãe costumava chamar de família, era sua própria destruição. Não importava o quanto ela se empenhava, nunca conseguiria o amor de Franklin. Mas o que ela nunca soube, é que ele nunca amou ninguém.

Caminhei até a poltrona, me sentando. Eu precisava só de um tempo, sem me preocupar com a vida que foi destinada a mim. Mas antes que eu pudesse fechar meus olhos, a campainha tocou.

Fingi não ter ouvido, mas a pessoa não parava de toca-la. Me levantei e caminhei até porta e quando a abri, encontrei Darla olhando fixamente para mim. Em sua mão havia uma bolsa e um guarda-chuva, já que o céu estava nublado.

Ela entrou na sala sem ao menos ser convida, deixando sua bolsa e o guarda-chuva na mesa de centro. Depois ela se sentou no sofá, esperando que eu fizesse o mesmo. Me aproximei me sentando na poltrona.

Nos olhamos como se tivéssemos declarado guerra. Mas nada precisava ser dito naquele momento, já que nós duas sabemos porque ela está aqui. Talvez ela quisesse dizer o quanto me odeia, mas não era preciso, já que isso está claro.

Nos odiamos em sigilo.

Darla sempre soube que algo ruim habitava em mim, e nada a convencia do contrário. Suas palavras afiadas sempre foram direcionadas a mim, mesmo que ninguém percebesse naqueles almoços de família em que ela era convidada.

— É estranho imaginar que há alguns dias atrás eu estava aqui acariciando os cabelos de sua mãe enquanto ela dizia que não desistiria — ela falou ganhando minha atenção — E depois recebo a notícia que ela se matou.

É claro que ela vai me culpar, dizendo que sou responsável pela morte de Lauren.

— Eu não tenho nada a ver com a morte dela, e você sabe muito bem disso — falei entrelaçando meus dedos, enquanto eu suspirava irritada.

DEVIL.1Onde histórias criam vida. Descubra agora