Capítulo sete

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02 de outubro, 2016.

              Eles me olhavam fixamente, procurando a mentira que me colocaria atrás das grades. Mas, mesmo assim, podia-se ver como eles estavam frustados por saberem que não matei Franklin.

Isso significa que, quanto mais o tempo passa, mais longe eles estão de achar o assassino.

Os lábios do policial de olhos azuis estavam entreabertos, enquanto o ar chegava aos seus pulmões lentamente. Ele parecia perdido, já que as perguntas haviam acabado e eles não sabem se sou culpada.

— Sua mãe cometeu suicídio, o que nos leva a crer que, por um momento, ela não tenha aguentado a perda do seu pai — o policial chamado John falou após alguns minutos de silêncio — Você pensa o mesmo, Alyson?

O encarei atentamente.

— Na verdade, não sei — falei fazendo-o parecer surpreso — Meus pais brigavam muito, cerca de quatro dias por semana. Minha mãe tinha muito ciúmes do meu pai, sabe? Eram brigas longas e gritos terríveis.

O policial me olhou como se tentasse me amedrontar, mas permaneci com os olhos marejados e olhando fixamente para ele.

— Sua vizinha, Margot, nos contou esse detalhe sobre a vida dos Clark. Bom, então você quer dizer que sua mãe poderia tê-lo matado e depois não aguentou esse fato e se matou? — perguntou levando a mão até seu queixo com a caneta entre seus dedos.

Oras oras, ele parece não estar acreditando muito nisso, querida.

— Ela é minha mãe! — exclamei mostrando estar supresa pela sua escolha de palavras — Não creio que ela tenha o matado. Mas, mesmo assim, ela se mostrava ser outra pessoa quando as pessoas iam embora.

Silêncio.

— Bom, muito obrigado senhorita Clark! — o policial falou levantando-se e largando a caneta sobre mesa, enquanto estendia a mão para mim.

Apertei sua mão e depois a do policial de olhos azuis e saí da sala, sem olhar para trás. E mesmo sem olhar para os olhos do policial, sei que nesse exato momento ele deve estar revendo a possibilidade de que Lauren matou Franklin.

Xeque-mate.

(...)

Encarei meu quarto, o qual estava totalmente bagunçado. Podia-se ver as fotos de nossa família quebrada sobre o chão. Com certeza Lauren quebrou todas que pode antes de acabar com a própria vida. Só sobrou as que estão na sala.

Com as malas ao meu lado, fechei a porta do quarto e desci as escadas, indo até meu carro. Coloquei as malas dentro do veículo e entrei no mesmo.

Eu não aguento mais.

Não posso simplesmente ficar na casa aonde minha mãe se matou. É como estar em um lugar que só lhe casou dor. Tudo começou aqui, nesse lugar que costumávamos chamar de nosso lar.

Eu não a venderia, até porque nasci aqui, só ficaria longe o suficiente para não me lembrar. Para eu não pirar de vez.

Nós sabemos como isso irá acabar Clark.

Olhei para Devil que estava sentado no banco do carona e suspirei fundo. Em seu rosto havia um sorriso largo, como sempre.

DEVIL.1Onde histórias criam vida. Descubra agora