Capítulo nove

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QUE DEUS TENHA PIEDADE DE SUA ALMA.

          08 de outubro, 2016.

          Ele estava ajoelhado sobre o chão da igreja enquanto rezava. Um terço estava entre seus dedos, até o barulho do meu salto ecoar pelo lugar. Ele se virou rapidamente, ficando surpreso em me ver.

— Oh céus, é você — falou levantando-se com dificuldade, mas logo estava caminhando em minha direção com um sorriso nos lábios — Faz tanto tempo que não a vejo, Alyson.

Sorri para ele, o abraçando logo em seguida. O mesmo me aconchegou em seus braços, beijando o topo de minha testa.

— Eu sinto muito, minha criança — falou acariciando minhas costas levemente, enquanto seus sussurros adentravam meus ouvidos.

Então o padre se afastou um pouco de mim, me olhando com as lágrimas escorrendo de seus olhos já marejados. Sei quanta falta meus pais fazem para ele. Eles eram como irmãos para o padre.

Logo ele puxou minha mão, me levando até os bancos. Nos sentamos e senti que deveria quebrar com aquele silêncio assustador.

— Não consigo sentir o mesmo que você, padre — falei mordendo meu lábio inferior.

Ele me olhou surpreso, como se todas as palavras carregassem a maior crueldade já presenciada. Mesmo assim, com aquele olhar me observando, sorri para ele.

— Eu precisava dizer isso para alguém! — me levantei colocando uma mecha do cabelo para trás da orelha — Gosto de mentiras padre, elas me ajudam com tudo. Mas eu nunca diria uma mentira pra você, sabe disso...

Ouvi um grunhido atrás de mim que vinha dele. Quando me virei, vi seu rosto incrédulo como se visse o próprio demônio em sua frente.

— O que você quer dizer com isso? — perguntou me olhando incrédulo.

— Eu o matei — o encarei bem, enquanto o horror estava evidente em seu rosto — E por causa disso, ela se matou.

Então ele se levantou, com os olhos arregalados e com a boca seca. A surpresa e o horror estava presente em sua face. Ele levantou a mão, apontando seu dedo indicador em minha direção, enquanto tremia.

Então ele começou a rezar.

— Não precisa ter medo de mim, padre — falei me aproximando dele, com cuidado.

Seus olhos voltaram a me encarar.

— Eu não tenho medo de você, Alyson — falou incrédulo — Só não o quero aqui.

Me virei, vendo Devil encostado na parede da grande igreja. Ele não estava sorrindo, muito menos se divertindo com aquele cena patética. Ele estava com raiva e ódio.

O ignorei, voltando a olhar para o velho em minha frente. Ele tinha mágoa nos olhos, como se estivesse perdido. Então ele se sentou no banco novamente, com a mão no peito.

— Alyson, não...

Me sentei ao seu lado, colocando minhas mãos sobre minhas pernas cobertas por uma calça moletom preta. Suspirei e umedeci meus lábios.

DEVIL.1Onde histórias criam vida. Descubra agora