Capítulo 3

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POV JC

No sábado à noite, minha irmã Joana sai para uma festa. Não falo nada, pois não adianta, mas sua saia curta e blusa decotada me incomodam.

- Mãe, por que deixa a Joana se vestir de forma tão provocante?

- Também não gosto, mas ela me escuta? - diz, lançando-me um olhar triste.

- Estou preocupado com ela, mas evito falar para não brigar.

- Já estou exausta de conversar com ela, mas é inútil. Infelizmente, tem pessoa que só aprende sofrendo. Espero, de todo coração, que não seja o caso dela.

- Ela está gostando do serviço novo?

- Está impressionada com o luxo do prédio, só fala das roupas das funcionárias, dos carros dos patrões...

- Ela é muito moça, talvez seja assim mesmo – falo tentando animá-la.

- Rezo tanto por ela, tenho tanto medo...

- Não fica triste mãe, vou tentar falar com ela.

- Sim, meu filho, mas sem discutir. Quem sabe se falar com jeito ela te escuta? – pede-me esperançosa.

Após algumas partidas de um jogo de tabuleiro com meus três irmãos menores, me deito cedo, pois preciso descansar. Domingo só estudo, há muita matéria acumulada e tenho que aproveitar todo tempo que sobra.

A semana passa voando, entre muito trabalho, estudos e cansaço. Mas também houve muitas conversas com a Larissa.

- Pelo tanto que fala desta garota, acho que está apaixonado, meu amigo.

- Não é nada disso, Pedro. Somos apenas amigos – respondo sem jeito.

- E por que não podem evoluir para algo mais?

- Minha vida já é corrida o bastante. Até me sinto culpado de não dar atenção para os meus irmãos pequenos. Onde arrumarei tempo para uma namorada?

- Mas não gosta dela? – Pedro não desiste fácil.

- Não posso negar que ela é linda, interessante e mexe comigo. Mas não quero complicações. É ótimo tê-la como amiga e vou deixar assim mesmo – digo encerrando o assunto quando a vejo se aproximando.

- Tudo bem. Vou indo, cara. Boa aula.

Larissa cumprimenta Pedro e entramos para nossa sala, em direção aos nossos lugares.

- Pensei que seria mais fácil animar minha mãe, JC. Mas está deprimida esta semana e até recusou um convite para o shopping. Estou cada dia mais preocupada.

- Pelo que me contou, há anos está assim. Não é fácil reverter a situação.

- Acho que precisarei de ajuda profissional – fala angustiada.

- Sim, pode ser mesmo necessário. Mas o importante é não desanimar.

- Não irei. Já deixei minha mãe lutar sozinha por muito tempo.

- Conversou com seu pai e irmão?

- Ainda não. Mas falarei ainda esta semana. Já perdemos muito tempo.

Lembro que também preciso conversar com minha irmã, mas quase nunca a encontro. Mas deste sábado não passa! Encontro-a fazendo as unhas em seu quarto e bato na porta.

- Oi, o que quer? – me pergunta mal humorada.

- Só falar com você. Vai sair? – pergunto, sem saber como puxar o assunto que quero.

Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série SonhosWhere stories live. Discover now