Capítulo 3 (cont.) - Sem volta

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O que você faria se o gatinho que estivesse paquerando na balada morasse do lado do bar? 

Bem... sobre Fabi, já sabemos o que ela fez, né? A não ser que tu ainda não tenhas lido o conto Provocação no livro "Minha Cara Metade" 

Aliás, quem não leu, recomendo, tem outras quatro histórias além do conto da Fabi, lindas histórias das escritoras da Liga das Romancistas.

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— Você precisa me tirar daqui, agora.

Não... eu não disse isso...

É, eu disse sim...

Óbvio que eu tinha perdido a cabeça, porque isso aí foi exatamente o que eu pedi a ele. "Cê tá louca, né, Fabi?"

Ele me puxou para a sua frente tentando esconder o estado deliciosamente pornográfico em que estava, me guiando até o guichê do caixa, ao lado da saída do lugar.

Nem pensou muito, só pediu a minha comanda e mesmo antes de eu abrir a bolsa para pegar a minha grana contada, ele já tinha dado o cartão para pagar tudo e só lá na calçada respirou o ar fresco para se recompor.

Foi aí que eu criei coragem para olhar para ele de verdade. UAU, não é que o cara era gato mesmo? Pedaço de mau caminho! Sorte no amor, azar no emprego, será? Não! Por favor!

Alto, malhado, com uma tatoo discreta no braço esquerdo, loiro, mas com a pele toda bronzeada. Se aqueles olhos eram verdes ou azuis, eu nem estava ligando mais. O conjunto da obra era de arrancar suspiros.

— O seu pedido ainda está de pé? – Ele tinha mesmo levado aquilo a sério? Eu havia dito aquilo no calor do tesão que ele estava provocando em mim. Ainda dava tempo de evitar aquela insanidade. — Porque eu moro ali. – Apontou para o prédio de apartamentos no quarteirão seguinte.

Sabe aquele momento em que a tensão joga água fria no seu tesão? Aquele meu pedido foi feito no impulso, totalmente sem pensar, na loucura do desejo, porque jamais tinha saído com um desconhecido assim de primeira. Jamais mesmo!

Como é que eu ia imaginar que o cara morava no quarteirão do lado? Ainda mais em um lugar como São Paulo.

Cara, eu estava mais que ferrada porque já não tinha desculpa nem para mim mesma. Porque eu queria aquilo pra caramba, era difícil admitir até pra mim, mas eu queria. Gato, gostoso, de pegada fenomenal, cheiroso, com um beijo de fazer molhar a calcinha...

Já estava lá fora, louca para sentir dentro de mim aquele instrumento que ele tinha esfregado na minha cintura a dança inteira, doida para provar daquelas mãos enormes e macias pelo meu corpo. Será que era pedir muito poder ser inconsequente o suficiente, para fazer isso, pelo menos uma vez?

Qual a chance de eu não precisar lidar com nenhuma consequência deste ato depois?

No fim, eu era maior de idade, responsável, embora não estivesse sendo nada responsável, e só não pagava as minhas contas por falta de um emprego, problema que eu esperava fortemente que a entrevista de trabalho, que tinha feito pela manhã, pudesse resolver, o que eu tinha a perder?

Uma loucurinha só, que mal ia fazer?

Então, simplesmente disse nada, mas ofereci a minha mão e ele entendeu que aquilo era um sim.

A gente não tinha nada para falar durante aqueles míseros cem metros de caminhada. Eu não ia dar para trás, gato, malhado, gostoso, a minha calcinha que falava por mim e ela estava até gelada de tão molhada.

Provocação - degustaçãoWhere stories live. Discover now