5 • O futuro é aqui

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O corredor era longo e largo, completamente branco e bem iluminado. A cada dez metros, uma dupla de seguranças robustos trajando uniformes negros com um grande capacete de visor espelhado, seguravam bastões elétricos com firmeza entre as mãos sobrepostas e carregavam uma semiautomática em suas costas.

O salto alto e fino batia contra o piso de mármore branco, o vestido descia até o joelho, feito de um tecido sintético vermelho, e um echarpe de pelugem branca estava enrolado em seu pescoço. De cabelo era liso e longo, em um tom tão claro quanto sua pálida pele, e os olhos grandes e negros sem nenhum brilho. A mulher caminhava inexpressiva até o final do corredor.

Um dos seguranças abriu a porta e ela adentrou na cela, encostando na parede e acendendo um cigarro elétrico. A cela tinha paredes, chão e teto tão brancos quanto o corredor do outro lado, e também era bem iluminado, tal como o corredor. A cela tinha somente uma cadeira e uma mesa, ambos os móveis de um ferro frio e duro, e uma jovem garota estava sentada à mesa.

Vários papéis estavam jogados por todos os lados, rabiscos de giz em todos eles, e a garota continuava a escrever, sem parar, ignorando completamente a presença da mulher albina, que permaneceu imóvel, fumando o seu cigarro.

A jovem, de estatura média e a pele negra, usava um uniforme branco e largo para seu corpo magro, o cabelo, crespo e volumoso estava preso em um par de tranças laterais, parando antes de alcançar os ombros. Ela escrevia sem parar, e lágrimas escorriam pelo seu rosto redondo e jovial.

— Por que você não nos contou que aquilo aconteceria?

A mulher quebrou o silêncio, mas ela foi ignorada.

— Olhe para mim e me responda. Por que não nos contou, Caliope?

Ela então apagou o cigarro e com passos pesados aproximou-se da mesa, puxando a garota pelo pulso e fazendo com que ela a encarasse. Face a face, a mulher repetiu a pergunta.

— Eu não achei que eles fariam isso. Achei que eles não iriam matar centenas de pessoas. Julguei como um futuro improvável e o arquivei como tal. Quando o percebi, era tarde demais. — A jovem chorava.

— Centenas de humanos foram mortos. Alguns dos principais Ômegas também, colocando o nosso pacto com eles em risco. O que acontece agora?

— Esta tudo muito confuso. — A jovem segurava o choro — Eu ainda não sei... As possibilidades se expandiram.

— Diga algo que nos favoreça. Qualquer coisa.

— Chamem por Fiona. — A garota respondeu entre soluços, após alguns segundos de silêncio.

A mulher empurrou a garota de volta para o seu acento e virou as costas, deixando-a sozinha dentro da cela. Em passos apressados, seguiu pelos corredores até um grande elevador espelhado. Em minutos, chegou em uma grande sala no último andar do prédio localizado na Alameda de Todos os Santos.

Janelas de vidro davam uma vista completa de Alexandria, e a sala de piso de mármore tinha apenas uma grande mesa de reuniões ao centro e, ao fundo, um escritório com computadores de última tecnologia.

O homem já aguardava a mulher ali, sentado em uma cadeira acolchoada na mesa de reuniões. Ele era alto, branco, o cabelo negro penteado para trás brilhava com o gel e ele tinha um olhar profundo e verde, usava um terno impecável, a gravata vermelha destacava em seu vestuário fino.

— Oliver. — Ela sentou-se em frente a ele.

— O que a clarividente disse, Daria?

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