Resenha do livro - Por: Ester Turibus

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A seguir, resenha presenteada pela Ester_Turibus. Agradeço imensamente pela resenha, e é um orgulho receber isso de uma grande autora, me fez muito feliz e minha vontade é de emoldurar suas palavras e forçar uma exposição no Louvre HAHAHAHA

Aliás, eu super indico a leitura de Eu Nasci nas Estrelas, de Ester! É um livro apaixonante e incrível!

RESENHA SOBRE O LIVRO “CODINOME SOMBRA”
Autor do Livro: Sanchel Cotta

     A obra “Codinome Sombra”, do escritor Sanchel Cotta é uma história anterior ao seu famoso livro “Clube dos Rejeitados”, na qual o mesmo ambiente e mesmo mundo distópico estão presentes, porém traz a história de Samantha – agora nesse livro como personagem principal – e um aprofundamento maior pelas entranhas de Alexandria. O nome desta obra tem um significado relevante que é descoberto ainda no início da trama, bem como o personagem na capa que estampa um belo moicano falso branco: Aiden.

     O enredo desse livro é muito interessante e autêntico. A começar pelos capítulos de introdução que dão uma visão jamais imaginada da cidade de Alexandria – pelo menos para alguns leitores de “Clube dos Rejeitados”, visto que esse livro trazia a ideia de um lugar de igualdade e bem estar social tanto para humanos quanto para meta-humanos. No entanto, percebia-se que antes da grande revolução em Alexandria já presente na trama de Clube, o descaso e a desigualdade eram terríveis para com os metas, jogando na lama o sonho utópico de uma “Alexandria para todos”. Tal fato revela uma característica importante e de grande destaque: a verossimilhança com a realidade. O autor da obra preocupou-se não somente em transcrever uma ficção, mas também uma reflexão do mundo tal qual conhecemos. O caráter agregador e formador de opinião ressalta a excelência deste.

     Além disso, a própria personagem principal, Samantha – uma meta-humana com capacidade de alterar a densidade do seu corpo –, revela a grande obra de Sanchel. Isso porque, a sua personalidade é bem construída, bem como a história por traz de si, quando ao decorrer da leitura, percebemos a grande importância de Samantha para a formação de Alexandria de Clube. Ao ler “Codinome Sombra” temos a impressão de estar conhecendo uma pessoa real, indo além do imaginário. Este comentário também é válido acrescentar ao personagem Aiden, um meta com poderes de adaptação ao ambiente. O papel dele na construção da história de Samantha é fundamental, uma vez que, após conhecê-lo, ela descobre grandes mistérios por trás de seu passado e de sua própria existência. Mas Aiden não está em função da trama, pelo contrário, a trama que está e função dele, visto que sem sua personalidade única e sua atuação integral, tão pouco o enredo teria sentido.

     Ao lado de Aiden, o personagem Stalker – que carrega consigo um fator muito importante na trama – trazem à tona o assunto da homossexualidade, tratando-a não como um problema a ser enfrentado, mas sim como a naturalidade e presença que exige, passando do universo literário para a sociedade. Mais uma vez, a abordagem de assuntos extraliterários traduz a excelência da obra.

     É valido acrescentar a forma como a obra foi construída, isto é, sua estrutura. Para começar, destaca-se a utilização de “flashbacks”, pelo autor, administrados com maestria no início dos capítulos, sendo fundamental para o entendimento de muitos acontecimentos no tempo presente do livro. É o caso por exemplo do envolvimento entre os personagens Stalker e Caliope – a meta-humana clarividente. Além disso, a narração em terceira pessoa do singular possibilitou que a visão de Samantha não fosse a única explorada na obra, isto é, o que se passava com outros personagens também foi descrito, contribuindo para a construção da trama. Tal característica é de grande elogio para o autor, que cruzou realidades sem interferir na compreensão e anular o mistério da história.

     De fato, o livro possui grandes atrativos não só para o público infanto-juvenil como também para o new adult, uma vez que apresenta o estilo cyberpunk e aborda temas tão bem discutidos entre esse público. Além disso, a narração que corre leve pelos olhos de quem lê captura-os, tendo em visto o comportamento e as preferências dessa nova geração de leitores. A partir desse pressuposto, faz-se a menção a escrita excepcional do autor, marcada por descrições detalhadas e precisas – essenciais para um estilo de livro como esse, com um universo próprio e desconhecido pelo leitor – bem como uma escrita enxuta que dirige ao centro da cena e diálogos bem elaborados, que aparecem no momento adequado e faz todo o sentido ter sido encaixado ali (fugindo do paradigma de diálogos longos e desnecessários presentes em obras de outros autores que conhecemos por aí). Sendo assim, nota-se a preocupação do autor com a construção do enredo e a organização clara das ideias que deseja apresentar.

     Pouco se encontra erros de ortografia ou concordância no livro, sendo quase inexistentes e não influenciando na excelência da obra. Não passam de erros sem importância e inevitáveis a qualquer “olho escritor”, mesmo ante as muitas revisões. Fora isso, nada de negativo pode ser acrescentado a obra. Grande motivo de elogio é o capítulo primeiro da obra, no qual traz informações essenciais sobre a cidade de Alexandria, cenário principal da história. A produção deste já rende ao autor uma resenha inteira de elogios.

     Como leitora, posso destacar o carisma para com a obra, tendo em vista minhas impressões pessoais ao lê-la. Para mim, a obra é uma mistura interessante entre a influência de “Maze Runner” e “Jogos Vorazes” e a criatividade de Sanchel. A cada capítulo, surpreendeu-me a forma como foi conduzida a história, fugindo da lógica que eu mesma criara e superando minhas expectativas. Certamente nesse livro não há nada de clichê e há tudo de autenticidade.

     Esses fatos revelam o prodígio da literatura em ascensão: Sanchel Cotta. Sua forma de escrita – culta, direta e enxuta – e suas histórias originais e fora dos padrões literários modernos podem lhe garantir um lugar na nova geração de escritores brasileiros. Isso porque, possui não só o domínio da língua portuguesa, como também o talento de instigar o imo daqueles que leem suas obras. Quiçá, o autor possui influências modernistas – sobretudo o modernismo da terceira fase.

     Nesse sentido, afirmo que a obra “Codinome Sombra” brilha em meio a esse imenso céu de obras e enche de orgulho os olhos daqueles que a lê.

Escrita por Ester Turibus

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